terça-feira, 16 de abril de 2013

Refletindo sobre a Participação no Processo do Trabalho em Equipe


O ser humano é, antes de tudo, um ser social. Não vive isolado, desenvolvendo-se sozinho. Desde que o mundo é mundo, o ser humano aprendeu sobre a necessidade de viver em comunidades, de estabelecer sociedades. Esse é o pressuposto do sentimento de coletividade, que marcou a evolução de todos os grupos que conhecemos. Observe que a nossa própria história acompanha esse raciocínio, o de coletividade.
Primeiro, estabelecemos um grupo familiar – pertencemos a uma família, dotada de cultura, de convivência, de formação etc. O grupo familiar vai ser o nosso primeiro suporte de marca social.
Em seguida, constituímos o grupo escolar: passamos a pertencer a um grupo com o objetivo de acumular e transformar conhecimentos.
Paralelamente, experimentamos o grupo religioso – uma coletividade simbolizada pela divisão dos preceitos de fé e divindade.
Experimentamos, ainda, a sociedade profissional, na qual dividimos com outro grupo nossos anseios de trabalho.
E, assim, de uma constituição coletiva a outra, vamos formando o nosso caráter, a nossa cultura, a nossa intelectualidade, o que promove o nosso desenvolvimento como ser humano.
Vale refletir que essa disposição de constituição em coletividades, na verdade, tem a ver com a ideia de soma de esforços resultantes de realizações.
A partir desse raciocínio é que chegamos ao conceito de participação. A tal soma de esforços já remete a essa ideia, a de que, qualquer que seja o grupo em que estamos constituídos, não podemos perder de vista a noção de fazer parte de. Aliás, o conceito de participante bem poderia ser colocado como uma regra da coletividade, mas, talvez, fique melhor, explorá-lo como princípio básico, ou seja, o fato de estarmos fazendo parte de um grupo nos coloca como sujeitos colaborativos, que se propõem a contribuir para o desenvolvimento do grupo.
Veja que é dito como um princípio, quer dizer, deveria fazer parte da natureza dos indivíduos. Claro que sabemos não ser bem assim na prática; a individualidade, o egocentrismo e o egoísmo são, naturalmente, as doenças que invertem esse princípio.
Então, precisamos encarar como um exercício, aliás, um constante exercício, esse de nos percebermos como membros de uma coletividade, com a missão de somar esforços para concretizar uma realização.
Pensemos numa brincadeira interessante, em que passamos uma folha de papel em branco para cada um de nós, membros de um grupo, desenhar um traço. O participante seguinte que pegar essa folha deve completar esse traço, intencionalmente pensando em um desenho (mas deve fazer apenas um traço) e, assim, sucessivamente, até que cheguemos ao último do grupo.
Ainda que, talvez, o resultado não seja uma obra de arte, ele será o reflexo de um trabalho em grupo, em que cada indivíduo colaborou com o que tinha de melhor para a concretização da brincadeira/tarefa. Aqui está a principal definição de sujeito colaborativo – ele não perde a sua individualidade ao contribuir para o desenvolvimento do grupo. Cada traço do desenho será a porção individual de colaboração na realização. E, ao ver o desenho completo, enxergamos a realização de um grupo, de uma coletividade.
Pensemos, ainda, na imagem de um muro que está sendo construído, em que várias pessoas contribuem para o seu desfecho; notem bem que a ideia é de um processo: o muro não está construído, está sendo construído! Algo que não está completo, ainda; precisa de uma união de forças para que se realize. Havemos de pensar, também, que cada sujeito participante daquele projeto terá sua tarefa muito bem definida: um carrega os tijolos, outro alinha os tijolos no muro, alguém assenta a massa para sedimentar os tijolos, outro verifica se o muro não está torto, um outro faz o acabamento, e assim por diante. E é preciso que seja assim – cada um, além de sua porção individual de colaboração, vai depositar uma energia representativa de seu potencial (aquilo que ele sabe fazer).
Essa ideia de participação deve ser complementada com um outro princípio, que é o da convivencialidade, ou seja, não só fazemos parte de um grupo, como convivemos com esse grupo desde o planejamento até a realização de um trabalho.
Está aí a ponte para pensarmos toda essa explanação direcionada ao trabalho em equipe. Repare que fazemos parte de um grupo específico: somos profissionais, que buscam desenvolver determinado trabalho - não podemos fechar os olhos às nossas potencialidades como sujeitos colaborativos. O tal desenho, sobre o qual comentamos agora há pouco, está sendo passado para que continuemos o seu traço e o terminemos. Não podemos ficar alheios a esse compromisso.

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