terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Feliz Ano Novo


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Feliz Natal


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Anotações - Fórmulas prontas e receitas mágicas

Anote aí, por favor, o principal ponto para sua busca de desenvolvimento pessoal: não há fórmulas prontas, nem receitas mágicas, que o ajudem com atalhos para o caminho da evolução.
Desculpe-me, não consegui resistir à ironia de começar a exposição desse assunto com uma chamada contraditória para algo, como se fosse uma espécie de regra ou de fundamento. Se não há receita pronta, não é preciso anotar nada.
Essa é uma das questões fundamentais da modernidade. Vira e mexe, estamos nos confrontando com publicações (várias) que nos prometem mundos e fundos a alguma dificuldade que estamos enfrentando (ou vamos enfrentar), seja no âmbito pessoal ou profissional. Você já deve ter visto: "... a fórmula definitiva para seus problemas de comunicação..."; "...eu tenho a solução para você vender mais..."; "...as 10 regras de ouro para seus problemas de captação de clientes..."... e por aí vai. É tanta solução miraculosa que imagino logo ser necessária a criação de um departamento especializado em problemas ("... não se preocupe, eu tenho o problema certo para sua enxurrada de soluções..." - desculpe-me mais uma vez, não resisti à brincadeirinha).
Trazendo para a seriedade que exige a questão, o desenvolvimento, seja ele qual for, vai depender de um conjunto de realizações. E essas realizações, por mais que sigamos modelos ou formatos consagrados, não serão balizadas por parâmetros padronizados. Seus resultados serão muito dinâmicos e vão nos colocar na necessidade do estabelecimento de leituras críticas constantes.
Deu certo? Analise todos os dados considerados e possíveis. Deu errado? Também analise os dados. É dessa análise constante que sairão os fundamentos que o prepararão para as necessárias tomadas de decisões que sua evolução exige.


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Anotações - Organização do tempo

A ideia de organização, no âmbito dos caminhos para os processos de desenvolvimento pessoal, é referência cara e preciosa. Organização de tarefas, de recursos, de materiais, de tempo... e assim por diante. Organização é uma palavra chave das mais imperiosas a serem cuidadas.
E é preciso que os empreendedores tratem com carinho os conceitos de organização. E, por aqui, incluem-se as variáveis da compreensão de ferramentas que possam auxiliar as referências de organização.
Vale lembrar que não há uma receita pronta, que se encaixe nos estilos e formações das pessoas. Cada um vai ter que experimentar essa ou aquela técnica de organização e analisar como se encaixam em suas especificidades. A partir dessa análise é que vão ocorrer as definições dos melhores caminhos para os processos de organização.
Só não pode haver o descuido: quanto menos organizados forem seus caminhos à busca da evolução, tanto menos será a chance de um desenvolvimento positivo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Recesso escolar - O descanso criativo

Esta semana marca, de uma maneira geral, o começo do recesso escolar, na maioria dos espaços. É época de balanço e de análise do que se planejou. E de pensar na recarga das baterias para o próximo ano.
Para os profissionais de Educação, normalmente, este período coincide com uma sensação de desgaste muito grande - a tensão das funções burocráticas, a administração dos problemas de aprendizagens em fóruns de conciliação, as infindáveis reuniões com os pais ou com os coordenadores, as produções das festinhas e apresentações de final de ano, as possíveis sensações de que o tempo coibiu um desenvolvimento mais positivo... e por aí vai. É sempre um desgaste muito grande.
É preciso, então, que este tempo de descanso que se avizinha seja planejado com muito cuidado. É necessário que  o tempo de descanso seja organizado para que se possa abstrair a cabeça dos problemas do trabalho, ao mesmo passo em que se tenta, de alguma forma, entregar-se ao crescimento profissional.
O Educador é sujeito que, por força da natureza de trabalho, precisa conciliar, em seus momentos de lazer, o descanso da mente com o necessário movimento de formação contínua. E é importante que haja equilíbrio nesses caminhos. Descanse bastante, mas mantenha a disposição de aprender sempre.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Anotações - A Ciência

Uma matéria publicada no último dia 3, no jornal Folha de S.Paulo, revela um dado preocupante: de 11 áreas que perfazem, de alguma forma, os meios sociais (Educação, Medicina e Saúde, Entretenimento, Meio ambiente e ecologia, Religião, Tecnologia, Esportes, Economia, Arte e Cultura, Ciência e Política), a Ciência é a penúltima em interesse dos paulistanos. (Jornal Folha de S. Paulo, 03 de dezembro de 2016, Pág. B14).
O que preocupa, na minha opinião, além do fato em si, é a questão do desconhecimento do aspecto científico na vida das pessoas. Talvez seja problema das Escolas... O caráter científico, de certa forma desprestigiado nos espaços escolares, é o caminho natural do processo de desenvolvimento pessoal.
O sujeito precisa aperfeiçoar as visões analíticas do mundo, ao lado da evolução do pensamento crítico em relação aos acontecimentos que interferem na sociedade. Isso é ciência! Tomar conhecimento, analisar, informar-se, elaborar referências, aprofundar, rever estudos e pesquisas... e por aí vai. Este é o campo do pensamento científico.
A matéria traz diversas análises do problema, o que ajuda a pensar em caminhos de melhora do problema. Mas é preciso que, nas escolas, o pensamento científico, não restrito apenas às disciplinas tradicionais, tenha uma imagem de importância para a evolução das pessoas e das sociedades.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Anotações - Solidariedade

Fomos tomados, durante a semana passada, após o choque da notícia do acidente do avião que vitimou quase todos os atletas do time de futebol da Chapecoense, por uma onda de solidariedade que impressionou, em sua maioria.
E foram as mais diversas demonstrações. Desde as manifestações de respeito nas variadas ocorrências esportivas mundiais até o inusitado e generoso consolo da mãe, que perdeu o filho atleta, ao jornalista emocionado.
Nesse contexto, recebi uma mensagem de uma amiga, conclamando-nos à coragem de declarar-nos aos amigos em vida, dizendo-lhes o quanto os amamos. Achei interessante a proposta. Como é difícil, em nossas relações diárias, parar um pouco o correr dos dias e declarar-nos aos amigos. "Olha, você é importante para mim, viu?", "Obrigado por você existir...", "Eu te amo..."... e coisas do tipo. É difícil. Vivemos em uma sociedade cultural em que valorizamos mais as relações e as pessoas quando elas não mais existem. Talvez por isso, comovemo-nos mais nas tragédias - grandiosas ou não - do que nas rotinas cotidianas.
E as rotinas cotidianas, quando estamos despertos, também reservam-nos momentos dignos de comoção.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Sobre mudanças e a Teoria da Complexidade

Nestes momentos em que, praticamente, deixamos as coisas acontecerem para fecharmos, apressados, este ano tumultuado politico-economico-socialmente falando, acredito que vale a retomada de um movimento mais lento para apurarmos uma reflexão sobre a necessidade de mudanças - urgentes! -, que todos pretendemos e queremos.
A ideia de mudança, infelizmente, está mais no plano das ideias. A realização de uma mudança qualquer exige desprendimento e esforço altos. Se fizermos uma rápida enquete, provavelmente o resultado será o de uma pretensão pelas mudanças... então, a questão está, sim, no plano das ideias. Mas, se aprofundarmos a mesma hipotética enquete, complementando-a por referências de ações que estamos fazendo para essas mudanças acontecerem, talvez as respostas ficarão no vazio.
Participar dos processos de mudança exige de nós posturas e atitudes que transcendam nossos movimentos individuais e pequenos. É preciso estar disposto a uma revisão contínua de ações e determinações, já que os níveis de exigências para o alcance das mudanças serão elevados.
Há, também, de se pensar na ideia de complexidade da vida, segundo a qual as ocorrências da vida não podem ser estabelecidas ou analisadas de forma simples - é preciso pensar na totalidade das relações alcançadas por aquelas ocorrências. Não se pode dividir em partes, é preciso pensar no aspecto integral em que se evoluem os acontecimentos. Daí ser complexo.
E o que mais fazemos em nossos movimentos da vida é a tentativa de simplificar todos os processos que nos acometem, em um caminho de estabelecermos zonas de confortos plenas... Toda e qualquer mudança caracteriza-se, conceitualmente, justamente por nos afastar das zonas de confortos.
Mas isso não é ruim. Ao mesmo passo em que nos afastamos das zonas de confortos, estamos aprimorando nosso crescimento - social, espiritual, acadêmico, cultural, profissional etc. E as mudanças, aqui está a chave, é o pressuposto da nossa evolução.
Quando passamos a enxergar a totalidade da vida, nossa predisponibilidade aos vieses da mudança ganha outros contornos e ficamos prontos, além dos caminhos do nosso desenvolvimento, aos rumos de desenvolvimento do nosso entorno.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Anotações - Negociação

A habilidade de negociação é uma das competências analisadas ao processo de formação dos líderes modernos. Na variável de desenvolvimento humano, nos âmbitos pessoal ou profissional, saber negociar é uma exigência destes tempos em que vivemos.
Ouvi esses dias, em uma reportagem com um sociólogo estrangeiro, cujo nome não consegui apreender (que pena!), uma bela definição para o aspecto da negociação: "Negociar é escutar mais do que falar". Achei muito interessante, principalmente nessa sociedade em que as pessoas mais falam do que escutam. E, normalmente, falam alto e agressivamente, em clara tendência de intimidação. Aliás, a ideia de intimidação já revela, por si só, uma deficiência de formação.
Saber escutar o outro é princípio valioso dos necessários relacionamentos sociais que consubstanciam os processos de evolução pessoal. E escutar não é só ouvir o que a pessoa diz, mas perceber no seu dizer todas as nuances do que ela precisa. Está, assim, em saber escutar o outro a capacidade de transformação para melhor dos níveis de relacionamentos de que precisamos para aperfeiçoar essa evolução.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Anotações - Educação empreendedora

A ideia da busca de uma educação empreendedora está na razão de que as relações de emprego e trabalho modificaram-se bastante nos últimos tempos. Enquanto, por uma questão das intempéries político-econômicas por que passa o país, o emprego passou a ser um luxo e quase inexiste, o trabalho está em uma fonte inesgotável de possibilidades. Trabalho há aos montes - basta um tanto de criatividade, igual tamanho de honestidade e responsabilidade e muita determinação e força de vontade de realização.
Esse é o universo do empreendedorismo - criar, das necessidades, o sustento e a ideia de subsistência, a partir de planejamento, muito esforço, estabelecimento de parcerias e desenvolvimento de produtos e/ou serviços que atendam a demandas as mais diversas. Não é coisa simples, a bem da verdade, mas é factível, que exige muita entrega e vontade de produzir.
Pois bem, talvez não seja exagero prever que esse universo será o mote de um futuro não tão longe assim. E que as escolas e os espaços pedagógicos precisam adaptar-se a esse movimento: é importante trabalhar com as crianças e jovens a realidade empreendedora.
E a realidade do empreendedorismo, ao lado das disciplinas tradicionais que já existem nos currículos, precisa de uma reformulação nos componentes pedagógicos. Novas competências e habilidades precisam ser desenvolvidas ou exercitadas. E novas posturas devem ser complementadas aos espaços escolares.
A busca de um trabalho positivo de educação empreendedora pode - e deve! - ser fator primordial de reformulação nas variáveis das relações pedagógicas. O que tanto estamos desejando e pretendendo!

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Uma questão de humanidade

Fiquei com a frase do Chaplin martelando em minha cabeça. O filme é de 1940 e bem sei que a referência girava em torno da questão da guerra e das ideias das máquinas que ceifavam a vida.
Não sei se você assistiu a "O Grande Ditador", mas certamente já deve, em algum momento, ter tido contato com o famoso discurso da personagem do filme. Lá pelas tantas, neste discurso, é dito: "... Mais do que de máquinas, precisamos é de humanidade!". É uma frase que me acompanha, a mim e às minhas exposições, de maneira constante.
A necessidade de retornamos ao proceso de humanidade fica mais gritante a cada instante que evoluímos nos nossos tempos. Tempos em que nos distanciamos do outro sem a menor cerimônia. Em que, às vezes, na correria dos dias, sequer nos damos conta da presença do outro.
É nesse contexto que coloquei-me a imaginar a ideia, poética até, de um encontro entre as pessoas. Um encontro para, na contramão desse movimento frenético que se tornou a vida, jogar conversa fora... Isso mesmo, nada de seriedade, nada de pauta responsável sobre tarefas inadiáveis, apenas para jogar conversa fora.
Imagine-se neste encontro. Você chegaria com o seu melhor sorriso e sua fala mais solta. Encontraria outras pessoas com disposição parecida; poderia até rever rostos antigos que há muito não via. E passaria o tempo em um espaço de confraternização que parecia impossível de existir. Alguém poderia trazer algumas fotografias; outros trariam alguns quitutes para forrar o estômago naqueles momentos; outros, ainda, poderia juntar-se para cantar uma canção que há muito não se escutava; alguém ficaria com vontade de declamar um texto de que se lembrava e logo seria seguido por outros; certamente, existiriam aqueles que, por terem a habilidade, trariam lembrancinhas artesanais para o grupo... E assim se passaria o tempo, sem ninguém conseguir explicar aquela felicidade.
Na verdade, a felicidade estava no encontro em si. Pessoas reunindo-se, sem aparente razão, para falarem da vida e, sobretudo, para vivenciarem a vida, em uma plenitude tremenda. O que faz a imagem desse encontro girar em torno da ilustração de felicidade é a demonstração da frase de Chaplin, lá no filme - mais do que de máquinas, precisamos é de humanidade.
A vivência desse fator de humanidade - pessoas juntas gastando o tempo em um ganho de vida - retoma-nos a importância de sermos humanos. De podermos perceber o outro... de podermos tolerar o outro... de podermos valorizar o outro. De podermos enxergar-nos nos outros. E é isso que anda em falta hoje em dia. A humanidade.
Nos processos de desenvolvimento humano, a percepção da humanidade é quem me veste das relacionais emocionais de que me valho para compreender os caminhos a que preciso me submeter. E, ainda mais importante, a ideia desse encontro - e sua possibilidade de realização - é da mais viável natureza de realização.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Anotações - Discurso das obviedades

Algumas das falas, nos planos de qualquer comunicação, revelam-se verdadeiros discursos de obviedades.O orador, ao discorrer sobre sua exposição, acaba tornando o assunto um mar de referências óbvias.
O melhor exemplo disso vemos nas campanhas eleitorais. Cada candidato "conversa" com o seu eleitor desfilando um sem-número de generalidades, que acabam por se constituírem falas vazias. As obviedades devem ser tratadas como falas vazias, que nada acrescentam ao contexto. Curioso é que grande parte das pessoas "compra" aquele discurso como algo de importância e valor máximos. E é por isso que se cria um círculo que sustenta essa prática: de um lado, o orador que se vale desse expediente - consciente ou inconsciente; de outro, o ouvinte, que pode nem se aperceber de que nada significativo foi dito e aplaude, efusivamente, a exposição.
É preciso tomar cuidado, nos caminhos do desenvolvimento pessoal, para não cairmos nem a um lado, nem a outro. As minhas falas precisam ser significativas e carregadas de importância; e a minha postura de ouvinte precisa ser crítica e racional, o suficiente para que eu possa analisar o que está sendo dito e desenvolver a competência de elaboração de sentido às informações que me chegam.
É processo trabalhoso, bem sei, tanto de um lado quanto do outro, mas só assim podemos alcançar um sistema de comunicação de qualidade.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Anotações - Saúde emocional

A preocupação com um trabalho que vise ao estabelecimento das situações de equilíbrio emocional, principalmente no desenvolvimento dos trabalhos pedagógicos com as crianças e jovens, deve ser uma constância para as demandas dos educadores e agentes escolares.
Os problemas emocionais, já há algum tempo, estão sendo tratados como doenças e, como tais, suscitam a referência da necessidade de tratamentos específicos.
Nos espaços escolares, local que congrega crianças e jovens em um ambiente em que pode ocorrer as mais diversas situações, é muito comum o desencadeamento de variáveis às vezes incontroláveis - disputas de posições, conflitos tantos, frustrações variadas e por aí vai. Resultado: desequilíbrios emocionais, que podem ser muito prejudiciais ao desenvolvimento dos jovens.
A questão da saúde emocional dever ser pensada com muito seriedade, para que ações preventivas possam ser planejadas a contento. A modernidade nos apresenta alguns males com os quais precisamos lidar bem e temos que estar preparados para o problema.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O olhar integral

A vida, em sua plenitude de ocorrências, é extremamente dinâmica e seus acontecimentos passeiam entre os aspectos positivos e negativos. Alguns momentos são tristes; outros, alegres. Absolutamente normal. Mas o que é interessante é que, se formos honestos em nossa apreciação, certamente, detectaremos que os momentos positivos são em maioria aos negativos. Vivemos mais abençoados pela fortuna do que pelos infortúnios. Curioso é que a nossa percepção registra, de forma mais representativa, aqueles instantes que nos fizeram sofrer.
Havemos de refletir sobre esse dado cultural... Sim, na minha opinião, além das variáveis mentais e biológicas, há um dado cultural que nos impele às referências negativas de percepção da vida. Parece que fomos levados, no avanço da sociedade, a aproximarmo-nos das pessoas pelo viés do sofrimento... Repare nas conversas das pessoas. É mais fácil captar as de interesse pelas questões trágicas ou mórbidas - doenças, dores, mortes etc. Não se vê, facilmente, alguém comentando os aspectos de felicidade.
Pois bem, a questão da percepção da vida deve ser vista em sua totalidade. Não se deve perceber, apenas, as coisas ruins, que faltam. É preciso ter um olhar integral para a vida que nos cerca.
E esse olhar integral vai observar os polos, os lados que compõem o todo das coisas que nos acometem. Há um quê de sofrimento, sim. E há um quê de contentamento. São esses dois aspectos que perfazem a totalidade da vida.
Precisamos fazer esse exercício constante de observação do que está ao nosso redor. Somos feito da integralidade da vida - momentos, aspectos, características... bons e ruins!
Quando eu consigo exercitar o olhar integral a propósito do que me cerca, é possível enxergar as variáveis da vida no seu dinamismo de existência, sem que haja necessidade de atribuir-lhe um valor. As coisas ruins podem transformar-se em boas e vice-versa.
E o exercício do olhar integral para o exterior de mim prepara-nos para outro exercício mais complexo ainda, mas necessário: é importante trazer essa integralidade do olhar para o interior de nós mesmos - aquilo que me faz mal pode-se converter em força, em foco, para driblar as dificuldades que encontro.
Ao perceber a importância do desenvolvimento do olhar integral para as variáveis do mundo que me cerca, eu passo a perceber, também, sua importância para o desenvolvimento do meu ser.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Anotações - O pensamento científico

Defendo que deve ser uma preocupação constante da Escola a de garantir que os alunos tenham pleno desenvolvimento do senso crítico e do pensamento científico. Premissa básica dessa preocupação seria o estabelecimento de um projeto pedagógico que contemplasse os trabalhos de pesquisas e de elaboração do conhecimento.
Não deveria ser difícil. Bastaria uma metodologia fundamentada no exercício constante da aplicação de estudos científicos, que motivassem os alunos a questionarem a realidade. Seria o suficiente para criar uma nova disposição de mentalidades mais preparadas para a transformação do mundo com que tanto sonhamos. Mas é difícil...
A aplicação de trabalhos escolares, atualmente, visa mais a uma prática de "CTRL C" e "CTRL V", o "copia e cola". É mais cômodo para todo mundo.
A ideação do estabelecimento de um modelo que se encaminhe pelas elaborações científicas daria muito trabalho. De um lado, é preciso que os professores estejam mais bem preparados - orientar fontes (o que exige o conhecimento das fontes a serem pesquisadas), mediar encaminhamentos, propor revisões, estimular hipóteses, questionar soluções, testar aplicações... e por aí vai. De outro, é preciso que os alunos busquem alternativas de estudos, que entendam de cronograma de estudos e que estejam dispostos às leituras diversas que serão necessárias. De outro lado ainda, há a questão das famílias, que precisam envolver-se mais nos processos de pesquisas para motivarem os filhos aos caminhos dos estudos. Enfim, é tanta coisa para se mexer que é até compreensível a acomodação dos atores...
Compreensível, mas inaceitável!
Uma postura que privilegie o pensamento científico é o caminho perfeito para a modificação dos rumos que tomaram a Educação. E a modificação desses rumos é o pressuposto básico para as mudanças em busca de uma melhor qualidade nos trabalhos pedagógicos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Anotações - A busca de uma Educação de verdade

É líquido e certo! Todas as escolas privadas que se prezem vão colocar em seu material de divulgação alguma ilustração que a mostre como a melhor escola para a educação das crianças e jovens. Do outro lado da linha estão os pais que, justamente, procuram a melhor escola para a educação de seus filhos. Está feito o contato... Perfeito, não?... Não!
De uns tempos para cá, várias escolas apoiam-se nos exames e rankings consagrados para apresentarem-se como a melhor opção formativa. Por estarmos próximos da realização do ENEM (não se falou, por aqui, em outra coisa por esses dias...), o ranking do Exame passou a ser base para a aferição do valor de algumas escolas na atração dos clientes (sim, clientes... nessa reflexão, só consigo ver a aproximação das escolas com os pais como uma relação mercadológica...). Antes de qualquer menção à proposta pedagógica, o cartaz da escola vai referir-se à quantidade de alunos que se saíram bem no ENEM.
Chega a haver casos absurdos como o da Escola próxima à minha casa, que fixou um banner exaltando a participação de seus alunos no Exame, fazendo menção aos "valores pedagógicos" da instituição... O problema é que o tal banner foi colocado no muro externo duas semanas antes da realização do ENEM...
Pois bem, neste domingo que passou, dia 6 de novembro, li o artigo do Ricardo Semler na Folha de São Paulo, com o seguinte título emblemático: "Truque sujo no Enem" (Folha de S.Paulo, 06/11/2016, Pág. A3).
Em sua coluna, Semler analisa a questão de uma forma extremamente científica e sobra bronca (legítima) para todos: professores, pais, escolas... Vale a olhada! Quando da busca de uma Educação de melhor qualidade, é preciso ficar atento à seriedade das escolas e ao respeito à dinâmica das crianças e jovens, que precisam desenvolver senso crítico e não decorar fórmulas de acertos de questões pasteurizadas.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Anotações - Mudança

A ideia de mudança, imperiosa nos propósitos do desenvolvimento pessoal, é algo que ainda nos incomoda. Se ainda é necessário pensar na mudança, ela causa algum desconforto, pois gera incômodos e transformação de rotas, de algo que parecia tranquilo e indissolúvel. Como está aí atrás, a mudança é necessária.
Há uma canção do Oswaldo Montenegro que pode nos ajudar na reflexão. Intitulada de "Mudar dói, não mudar dói muito", a letra já carrega no título todo o viés filosófico de que precisamos para pensar na complexidade da questão: se a mudança é dolorida, a não mudança é mais dolorida ainda. (Se ainda não conhece a música, clique aqui).
Sobretudo, porque a ideia de mudança envolve uma diversidade de variáveis que vai nos incomodar: aspectos físicos, aspectos relacionais, mentais etc. Talvez até seja por isso que a maioria das pessoas estacionam-se em ditas zonas de conforto (que de conforto não tem nada...) e não arriscam rever caminhos e rotas.
Acontece que a vida não é estanque. O seu dinamismo e seus reveses pedem que nos coloquemos também como sujeitos dinâmicos. Nesse conceito, a ideia de mudança acompanha-nos a todo o instante. E algumas pessoas não vão entender muito bem o princípio da mudança e da necessária adaptação a esse dinamismo... Na mesma canção, Oswaldo Montenegro acode-nos em uma das passagens da letra, exigindo de nós uma postura reflexiva e de crença em nossas atitudes. Lá pelas tantas, a música parece trazer-nos a resposta da determinação nesta atitude: "Quem não ouve a melodia / Acha maluco quem dança...".


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A busca da excelência

Em todos os níveis de desenvolvimento profissional, a busca da excelência é atributo incondicional de evolução. Todo e qualquer profissional, no desempenho de seus trabalhos, deve ter como premissa a busca da evolução. E essa busca exige muito esforço e determinação.
Nos caminhos do desenvolvimento pessoal, as ideias de talento e competência não são atributos mágicos ou de nascença. É preciso que gastemos algum tempo e algum esforço para os exercícios de atribuição ou de aprimoramento, tanto do talento, quanto das competências.
O sujeito, consciente desse rumo, vai buscar o preparo nas infindáveis horas de estudo e de prática, fundamentado na determinação de alcançar a excelência. Penso em alguns profissionais (em todas as profissões e carreiras esse caminho deve ser comum), principalmente os músicos e atletas de alto rendimento, em que a busca da excelência não aparece ao público comum... Ao assistirmos a eventos esportivos ou de coros, deliciamo-nos com o resultado, como se tudo fosse a representação de uma interferência mágica ou de um dom divino. Não temos ideia de o quanto de preparo cada um deles dedicou àquele momento.
Conheço história de pessoas que renunciaram aos mais variados momentos (inclusive familiares) para dedicarem-se ao seu aprimoramento. São sempre histórias tocantes, em que tudo ao redor parecia não ter muita importância.
E é sempre assim a busca da excelência: renunciar a movimentos tangenciais e estabelecer o foco principal em fazer o melhor. Fazer o melhor significa aprimorar-se, conhecer melhor o seu universo de atuação, buscar referências de qualidade, aprender métodos e instrumentais de aplicação, participar de fóruns de discussão do seu objeto de estudo, treinar o olhar e os outros sentidos para o aperfeiçoamento, criar referências mentais de busca da evolução, produzir conteúdos pertinentes ao seu objeto de trabalho, expor-se a observações alheias, filtrar comentários que chegarem, rever rotas de caminhos... e assim por diante. É uma lista grande, a da determinação em relação aos movimentos da busca da excelência.
Todos os profissionais que se permitem a esses movimentos, de alguma forma, alcançam um reconhecimento. Mas não há maior reconhecimento do que a certeza de que se faz o melhor... e a alegria de poder dizer desse fazer!

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Anotações - Organização e produtividade

Paralelamente às minhas atividades de formação e treinamento, desenvolvo um trabalho de elaboração artístico-artesanal com o papel. Esses dias, uma senhora, observando este meu trabalho, comentou: "O senhor é organizado, né?". Tomei como um elogio, agradeci, mas pensei não ser tão organizado assim. A questão é que desenvolvo algum método de arranjo das ferramentas e dos acessórios que utilizo... Isso, o método assemelha-se a um processo de organização. Processo, aliás, obrigatório para quem desenvolve uma tarefa baseada nos princípios da produtividade.
Para quem depende das relações de produtividade, os métodos de organização são dinâmicas essenciais para as realizações.
Aliás, está documentado que a organização do espaço físico interfere diretamente na produtividade. Reflita: se você perde tempo tentando adivinhar em que local estão as coisas de que você precisa para o seu trabalho, essa perda de tempo gera algum tipo de desgaste e de desestímulo ao desenvolvimento das tarefas. A organização, então, economiza, além da perda daquele tempo, todas as situações de desgaste pelas quais você passaria.
Mas a organização não se prende apenas ao espaço físico, é preciso que sua mente e seus pensamentos também estejam organizados. A desorganização mental gera cansaço e falta de criatividade. Não é fácil cuidar da organização mental e dos pensamentos, uma vez que a subjetividade dos dias colabora para essa variável, mas é importante pensar nesse cuidado.
Como os processos e métodos de organização são individuais, vale a reflexão sobre essa questão. Produtividade e criatividade agradecem!

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Anotações - Tempo

Li em algum lugar - e acredito ser uma verdade significativa - que o tempo deve ser o nosso maior ativo (no sentido mesmo de lucro). E penso que é uma grande dádiva você não precisar ter pressa para realizar as coisas. Poder andar devagar, observar as paisagens, respirar com calma. Ter tempo, enfim.
Mas o que aconteceu conosco? Na maior parte das vezes, estamos correndo em uma desabalada pressa (às vezes, sem mesmo sabermos do quê), atropelando os outros e a vida por conta da correria cotidiana.
Sinceramente, vejo com preocupação esse movimento. Há uma disputa frenética nas infindáveis escadas rolantes dos caminhos por uma dianteira de centésimos de segundo, como se fôssemos atletas daqueles esportes em que esses centésimos de segundo valem alguma coisa. Vejo isso sem entender muito bem as razões que levam aquelas pessoas a ficarem correndo e debatendo-se uns com os outros pela disputa dos espaços exíguos que conduzem a uma pretensa vitória... Vitória do quê, pelo amor das razões e sentidos?
Penso, nestes momentos, naquele sujeito que, considerado maluco, vai andando devagar e curtindo os espaços, com uma expressão de felicidade boba no canto da boca. E ele vai caminhando, dissonante aos passantes, em ritmo próprio, em respiração própria, conseguindo enxergar as nuances da vida. Ele parece mesmo feliz.
Quando se consegue usar o tempo ao seu favor, entendendo a dinâmica da vida, a ideia de pressa ganha uma outra dimensão. A pressa é de viver e não de ser engolido pela vida.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Dia do Saci


Dia do Saci

Hoje, 31 de outubro, é comemorado o Dia do Saci. No estado de São Paulo, em cuja capital resido, a data foi oficializada a partir da Lei nº 11.669, de 13 de janeiro de 2004, com a clara intenção de exaltar o folclore brasileiro, em uma tentativa de oposição à comemoração do Dia das Bruxas, amplamente comemorado na maioria dos países de língua inglesa.
A festividade que homenageia o personagem folclórico tem acontecido em alguns municípios desse Brasil afora. Em São Luiz do Paraitinga, cidade do interior paulista, há uma comemoração fantástica que marca, com renovada participação de um público externo, esta certa resistência em prol do Saci - a Festa do Saci e Seus Amigos, em São Luiz do Paraitinga, está na sua 14ª edição e desenvolve-se em três dias de um banho de cultura e de entretenimento altamente essenciais para quem se preocupa com a evolução da cultura popular e com o respeito às tradições.
Claro que falar em tradição pode suscitar críticas de tratar-se de um pensamento conservador, mas se pensarmos bem veremos que um dos maiores problemas do nosso desenvolvimento cultural é exatamente a falta de uma preocupação com a memória e os valores culturais próprios. Bem sei que a cultura é uma ciência dinâmica e que se fundamenta nas trocas de referências de diversas manifestações, mas essa troca só é positiva quando o conhecimento e a tradição das raízes fundamentam-se de maneira sólida. Senão fica uma cópia destituída de princípios, balizada apenas em aspectos de modismos e de deslumbre. Foi o que aconteceu, na minha modesta opinião, em relação às comemorações do Dia das Bruxas.
Importada mais por modismo, essa comemoração ganhou escolas, clubes e condomínios, sem que ninguém soubesse exatamente o significado de alguns símbolos exaltados. Assim, teias de aranhas, abóboras e fantasias que remetem ao universo de filmes de terror foram, repentinamente, incorporadas ao cotidiano da juventude. Isso sem dizer no incompreensível (aos nossos costumes) mote repetido por crianças nas portas dos vizinhos: "doces ou travessuras".
Do ponto de vista de uma demanda pedagógica, penso que temos em mão uma interessante reflexão que vale a pena fazer, em nome de um trabalho educacional de verdade. Se a ideia é trabalhar conceitos culturais de uma língua estrangeira, a comemoração do Dia das Bruxas vem bem a calhar - escolas estrangeiras ou de idiomas devem valer-se bastante dessa referência. Mas se o caminho é discutir e apresentar referências de uma cultura nacional, o Saci pode dar conta muito bem dessa empreitada.
E olha que o Saci até não é exatamente de origem brasileira. A sua característica, sim, de travessura e de molecagem é que incorporou-se bem ao modelo de formação do nosso povo miscigenado e passou a representar nosso conceito de folclore e de cultura popular. Não à toa os movimentos de resistência cultural adotaram a figura do Saci como de oposição à comemoração das bruxas.
Não considero que seja necessária uma ideia de oposição. Tanto uma cultura quanto outra fundamentam-se em princípios comuns e relacionam-se entre si com elementos de integração. O que penso de maneira mais contundente é que somos responsáveis pelos valores pedagógicos. Se, a partir de um princípio de planejamento e de intenção pedagógica, optarmos pela valorização de uma ou outra manifestação, faz-se altamente necessário que saibamos explicar muito bem aos jovens os fundamentos que sustentam uma ou outra comemoração.
De minha parte, justamente pelos princípios de intenção pedagógica, viva o Saci!

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Anotações - Carroça vazia

Tenho me cansado do barulho que fazem as muitas pessoas que não têm nada a dizer. São pessoas com que venho me deparando nessa caminhada, de quem até esperaria algo. O incrível é que, quase sempre, suas falas são vazias. Mas, além do vazio, há também um barulho ensurdecedor, como quem disfarça a falta de conteúdo.
Penso que essas pessoas são assim mesmo: é preciso fazer muito barulho para chamar a atenção, já que não há outro pressuposto para prender a atenção. Penso, ainda, que, por mais que não me considere um modelo, jamais cogitei ganhar a atenção de alguém pelo grito ou pela imposição de um discurso.
É preciso darmos atenção ao conteúdo que vamos acumulando ao longo de nossa vida, cuidando dos saberes e das práticas que vamos desenvolvendo, para que não nos transformemos em carroças vazias... Conhecem a história? A do menino que ouviu de seu pai, em um dia de passeio, a indagação sobre o que ele escutava quando passaram por um bosque. O menino respondeu que, além dos sons naturais, ele escutava o barulho de uma carroça. O pai confirmou e ainda completou: "É... é uma carroça vazia!". O menino ficou curioso, pois ainda não tinham avistado a tal carroça. "Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?". E é aqui, na resposta do pai, que venho encontrando o alento para suportar esse barulho que fazem as pessoas que não têm nada a dizer... Disse o pai:

"É muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho.
Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que ela faz.".


terça-feira, 25 de outubro de 2016

Anotações - Beppo Varredor

Para quem conhece a bibliografia do autor alemão Michael Ende, responsável pelo maravilhoso A História Sem Fim, certamente conhece um outro livro dele: Momo e o Senhor do Tempo. É uma fábula interessante sobre a ideia do relacionamento adulto/criança, no que diz respeito ao aproveitamento do tempo e da inocência infantil. De vários personagens com que se relaciona, Momo tem uma aprendizagem interessante com um de nome Beppo, que, por ser varredor de ruas, recebe o sobrenome Varredor. Beppo Varredor.
É um sujeito calmo e que vê o seu trabalho com importância e método. Penso sempre nele quando tenho que conduzir o meu trabalho - ao qual, invariavelmente, pareço não ter condições de desenvolvê-lo, seja pelo tempo ou pela grandeza das tarefas. Penso, também, que, independente do tamanho do trabalho, talvez seja importante aprendermos um pouco com o Beppo Varredor.
Lá pelas tantas, Beppo, quando questionado por Momo sobre a dificuldade de sua tarefa, sai-se com um ensinamento muito interessante. Faço questão de transcrever essa passagem do livro para a nossa reflexão:        

“_ Veja só, Momo – certa vez ele disse, por exemplo - , é assim. Às vezes temos à nossa frente uma rua muito comprida. Achamos que ela é terrivelmente comprida e que nunca seremos capazes de chegar até o fim. Ficou algum tempo olhando para longe, com ar distraído, depois continuou:
_ Então começamos a nos apressar . E nos apressamos cada vez mais. Cada vez que levantamos os olhos temos a impressão de que o trabalho que temos pela frente não diminuiu em nada. Nosso esforço aumenta, começamos a sentir medo, acabamos ficando sem fôlego e completamente esgotados. E a rua continua inteirinha na nossa frente, tão comprida quanto antes. Não é assim que se deve fazer.
Pensou um pouco e continuou:
_ Nunca devemos pensar na rua inteira de uma vez, está entendendo? Devemos apenas pensar no passo seguinte, na respiração seguinte, na varrida seguinte, e continuar sempre pensando só naquilo que vem a seguir.
Ele fez outra pausa e refletiu, antes de prosseguir:
_ Fazendo assim, temos prazer. Isso é importante, e o trabalho sai bem-feito. Assim é que deve ser.
Depois de mais uma longa pausa, concluiu:
_ De repente, verificamos que, passo a passo, chegamos ao fim da rua comprida, sem perceber e sem perder o fôlego.
Meneou a cabeça e concluiu, devagar:
_ Isso é muito importante.”

(Extraído de Momo e o Senhor do Tempo, de Michael Ende, Ed. Martins Fontes, 1995, Pp.32-3)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A questão do protagonismo

Referir-se ao ideal de um trabalho que valorize e respalde o protagonismo dos alunos nos espaços pedagógicos tem sido constante nas publicações sobre Educação. É um ideal fantástico: desenvolver atividades e programações que tornem o aluno o centro do processo de aprendizagem tende a ser a busca preciosa dos educadores preocupados com o desenvolvimento dos jovens.
A reflexão ganhou projeção na medida em que se verificam as atitudes positivas dos jovens que tomam o centro dos debates importantes do cotidiano - políticos, sociais, econômicos etc. E têm sido acontecimentos que realmente nos mostram o lugar dos jovens em um importante patamar da evolução dos caminhos. Mas a pergunta é: como transpor esse mundo atual de inquietudes e de necessidade de renovações de ideias com o equívoco do posicionamento das Escolas em relegar os jovens a posições menores, em que se calem suas vozes?
Basta conhecer um pouco dos espaços escolares e perceber que, na maioria dos casos, a arquitetura e o sistema existentes não privilegiam a participação ativa dos alunos. É preciso refletir na necessidade de mudança desse processo.
Pois bem, estive visitando uma Mostra Cultural realizada por uma Escola. A ideia é clássica e não foge ao que estamos acostumados: turmas separadas por classes; um tema norteador dos trabalhos; estandes de exposição do tema; uma apresentação artística temática e por aí vai. E ainda há um ingrediente, a que também estamos acostumados, ao qual não creditamos muita importância, porém: o nível de participação e de responsabilidade dos alunos, nestes momentos, geralmente, transcende, positivamente, nossas expectativas. De uma maneira geral, os alunos, na ocasião, não estão o tempo todo sob a guarda dos professores, mas encaram o momento com uma seriedade relevante.
E é essa a base de reflexão do protagonismo - trabalhar, nos bastidores, os níveis de responsabilidades individuais para que o desenvolvimento coletivo sobressaia, sem que haja necessidade de ingerências de quaisquer naturezas.
E, no protagonismo, acontecem aquelas referências interessantes para o estudo das variáveis de desenvolvimento pessoal: surgem as lideranças; surgem os criativos; surgem os racionais; surgem as análises para os problemas que acontecerem; surgem as alternativas para as dificuldades inevitáveis... E, assim, de surgimento em surgimento, os projetos vão se realizando. Todos, respeitando-se as potencialidades dos grupos.
Acredito na elaboração de uma pedagogia por projetos. Essa, em que se verificam a existência de um mentor (o professor) na condução dos trabalhos e a elaboração científica de um tema dado. Certamente que é um método bastante trabalhoso, sobretudo em razão das variáveis incontroláveis que acontecem no desenvolvimento, mas seria um encaminhamento muito mais positivo e qualitativo do trabalho de um sistema que valorizasse a ideia do protagonismo dos alunos.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Anotações - De cabeça baixa

É preciso olhar para os caminhos. É nos caminhos que encontramos os sinais para a descoberta dos rumos. Entretanto, uma rápida olhada para os passantes que cruzam por nós e vemos um crescente de uma geração que anda de cabeça baixa. Ora, são as preocupações das mazelas do cotidiano; ora, é o entretenimento cada vez mais maciço em que se resume a utilização dos aparelhos celulares.
Pode perceber. Aos poucos, a cada dia, vai aumentando o número de pessoas com que você se depara nos mais variados espaços da rua que estão de cabeça baixa manipulando os diversos e fantásticos aplicativos da maquininha luminosa. É música, é rede social, são fotos, é uma checada nos e-mails, nas notícias do dia, uma olhadinha na partida de futebol... e assim vai, distraindo-nos dos caminhos.
Claro que há um pressuposto benéfico na distração - encurtar o caminho distante ou aliviar o trânsito cansativo, por exemplo. Mas penso que a coisa tornou-se um exagero - aquele negócio do mau uso das tecnologias, sabe?
Descontada a questão da segurança, que, para mim, é coisa séria - quanto mais distraído você está, mais suscetível fica às situações de perigo -, a ideia de andar de cabeça baixa, preso a um entretenimento que lhe faz escapar das situações reais do cotidiano, parece algo de outra maneira preocupante. Estamos nos distanciando dos aspectos de humanidade: perceber o outro, interagir com o outro etc.
Ou ainda, há uma espécie de mensagem: ao andar de cabeça baixa, também não quero ser percebido, incomodado mesmo, pelo outro. É até possível imaginar que, nos rumos de nossa evolução, chegaremos ao aspecto curvo, de quem olha apenas para o próprio chão, sem nem saber para onde vai ou o que se descortina nas trilhas.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Anotações - Uma escola diferente

Comemoramos, neste final de semana, o Dia dos Professores, desta categoria desvalorizada e desmerecida de certos prestígios. E, na minha opinião, um dos prestígios está justamente no ideal da existência de uma Escola melhor.
Era preciso que houvesse uma alteração nos sistemas escolares, para que os professores, estes que carregam o sentido da Educação na mais alta monta, pudessem sentir-se mais dignificados em seu trabalho.
Conheço trabalhos valorosos por aí, é emocionante. Mas o que mais me toca é a natureza da dificuldade com que esses professores deparam-se para desenvolver esses valorosos trabalhos. Dificuldades que são impostas quase sempre sem sentido e razão; dificuldades que surgem para fazer, por incrível que pareça, que esses trabalhos valorosos não aconteçam. Mas não. Lá vão aqueles professores, movidos sabe-se lá por que energia, literalmente, tirar leite de pedra: inventam um contorno, descobrem uma alternativa, estabelecem inusitadas parcerias, estimulam alunos fadados ao descrédito, reinventam metodologias (para adaptarem-se às necessidades frequentes do improviso), engolem o choro cotidiano das intempéries e lá se vão em busca de uma escola diferente.
Pois é, a busca de uma Escola melhor está exatamente no reconhecimento desses professores e sua inabalável crença de fazer da Educação a visão de um mundo melhor.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Sobre a ideia de urgência

A referência de urgência no processo de realização de algo suscitou-me uma reflexão contida, exatamente, na palavra "urgência", algo como o que precisa ser feito em um espaço de tempo futuro e que exige uma certa pressa. Claro que a palavra em si pode ter várias conotações, mas apeguei-me ao sentido clássico para essa reflexão.
Nesse aspecto, a ideia de urgência está associada a um elemento básico, caro ao propósito da evolução pessoal: o da falta de planejamento. É preciso resolver de maneira urgente aquilo a que faltou uma elaboração melhor de planejamento.
Até sei que muitas pessoas usam a palavra para referir-se ao que precisa ser feito logo, sem demora, mas insisto na ideia de que aquilo sobre o qual estruturou-se as fases de um planejamento bem feito não demanda pressa, já que o tempo de execução do que precisa ser feito está previsto nas rotas do que foi planejado.
Preocupa-me, principalmente nas reflexões sobre o desenvolvimento pessoal, a questão de que é necessário urgência para a realização de algo. A questão pode embutir o viés cultural de que aquele que está em correria, em atividade, pode parecer mais responsável. É por isso que vemos muitas pessoas fazendo questão de parecer aos olhos dos outros esse viés da correria, da pressa, como pressuposto de quem está fazendo algo. Se se corre, ou se está com pressa, pode parecer ser mais ativo.
Aqui, revela-se uma certa confusão. Ser ativo não tem, necessariamente, relação com a ideia de pressa. Não preciso estar correndo, nem esbaforido, para dizer que sou ativo. O que determina o fato de ser ativo é o meu portifólio de produção - seja ela intelectual ou material. E não preciso parecer aos olhos dos outros um sujeito que está em constante pressa para sustentar esse meu portifólio. A cultura nos leva ao equívoco dessa impressão. É só olhar pelas ruas - há um sem número de pessoas correndo para lá e para cá, como quem está perdendo a hora (ou o bonde, sei lá)... E essas pessoas sempre parecem mais importantes.
Mas não é assim que se balizam as importâncias da vida... ou não deveria ser assim! Já que esse aspecto, até por ter atribuído um valor cultural, faz com que algumas pessoas assimilem essa característica da urgência como um viés valorativo de desenvolvimento. E, na contramão, também pelo mesmo motivo, as pessoas calmas e reflexivas são tidas como não produtivas. As importâncias da vida devem ser planilhadas pela capacidade, competência, talento, criatividade e resultados que transformem as realidades.
Assim, se for o seu caso, repense a questão da urgência como fator de sustentação de suas habilidades. Aí, sim, com urgência!