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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A importância do brincar

Em tempos de renovados avanços tecnológicos, em que os brinquedos brincam sozinhos, penso que cabe uma reflexão sobre esse binômio instigante: o brinquedo e a brincadeira.
Observando crianças a brincarem, na entrega do momento, tenho percebido que pouca importância tem o brinquedo em si, já que a mudança, a transformação da brincadeira é uma constante. Entretanto é quase constante também a necessidade de um objeto (o brinquedo) para desencadear a brincadeira.
Essa oposição me faz crer que a coisa não é tão simples assim. Antes de tentar mensurar uma importância maior para um ou para outro, a análise do brinquedo e da brincadeira merece uma melhor e mais elaborada investigação.
O brinquedo, aqui pensado como o material concreto em torno do qual se realiza a brincadeira, ganhou uma conotação comercial e sofisticada. É muito comum, nos dias atuais, os já famosos carrinhos e bonecas, clássicos brinquedos de crianças, aparecerem fazendo referências a esta ou aquela apresentadora ou celebridade de TV ou assemelharem-se a filmes hollywoodianos, para que os pequenos brincantes sintam-se um pouco parecidos com os heróis ou estrelas que desfilam na tela seus super poderes ou suas vaidades. Não sou um cientista do assunto, mas parece-me que as crianças ao brincarem com esses brinquedos deixam de exercitar a criatividade e a fantasia, na medida em que apenas copiam e/ou repetem movimentos pré determinados, ou, pior ainda, ficam simplesmente observando as desenvolturas do “brinquedo”.
O jornal “Folha de São Paulo”, em reportagem antiga, divulgou uma pesquisa, apoiada em estudos neurológicos, que concluiu: “brincar é fundamental para o desenvolvimento humano”. No corpo da reportagem, vamos nos defrontar com o conceito interessante de sinapse, segundo o qual quanto mais a criança brinca, mais são formadas novas sinapses (conexões) no cérebro, a serem utilizadas quando forem necessárias “para atividades que exijam certo tipo de movimento”. Esse conceito de sinapse, se é que entendi, não condena o que expus acima sobre a cópia dos movimentos, mas mesmo assim ainda fico ressabiado sobre a ideia do brinquedo que brinca sozinho.
Quando a criança pega um daqueles carrinhos em que basta por algumas pilhas, apertar um botãozinho e lá vai o brinquedo, todos acham bonito. O carrinho muda de direção, dá umas cambalhotas, volta à posição normal , bate em algum obstáculo, volta, acende uma luzinha, emite um som, e por aí vai, até que alguém desligue o tal botãozinho. A pergunta que me fica, após este espetáculo, é “será que a criança brincou?”. E a resposta que me vem é a imagem de um desenho animado a que eu assistia há algum tempo, chamado “Os Anjinhos”. Não sei se você se lembra ou se viu, o desenho narrava as aventuras e desventuras de um grupo de crianças, em que a maior da turma tinha 3 anos. Num dos episódios, eles entravam num desses tubos que há em parques e o interior do tubo assumia, para cada um deles, um cenário diferente: ora era um oceano, ora uma casa, ora uma floresta, e assim por diante. Em outro episódio do mesmo programa, uma caixa de sapatos sofria o mesmo processo do interior do tubo: a cada hora virava um personagem ou um brinquedo novo. E isso para mim parecia brincadeira de verdade.
Lembrei-me de que gostava de observar minha filha brincando; esse conceito de brinquedo e brincadeira apurou minha reflexão para o assunto. Improvisávamos com um lençol uma espécie de tenda e ela ficava embaixo dessa “tenda” se divertindo a valer; como a brincadeira era tanta, era necessário batizar o brinquedo e ela deu o nome de um desses brinquedos sofisticados que aparecem na TV. Ato contínuo, a minha mente formulou a seguinte questão: “para ela, naquele momento, o brinquedo em si apenas servia como referência, para denominação. O que contava mesmo era a brincadeira”. Não posso atribuir um peso científico a essa ponderação, mas sou levado a acreditar nisso como uma questão bastante séria; claro que as crianças sempre quererão brinquedos, mas deve ficar claro, também, que há de se atribuir uma importância relevada à brincadeira.
Ponderações à parte, o que parece indiscutível mesmo é o ato de brincar. Como este meu apontamento não se pretende conclusivo sobre o tema, é terminado, aqui, com uma breve, mas contundente reflexão a partir da citação do educador francês Jean Chateau (autor de O Jogo e a Criança, Ed. Summus, l987): “Uma criança que não sabe brincar será um adulto que não saberá pensar.”

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Infância e o brincar

Os que trabalham com a Educação Infantil e pesquisam e estudam a importância do brincar no desenvolvimento das crianças sabem o quanto esse tema precisa ser, cada vez mais, dedicado às reflexões mais aprofundadas dos trabalhos com a Educação.
Vivemos uma época em que a ideia do brincar vem associada às variáveis de irresponsabilidade e falta de aprendizagem. Em algumas escolas, adiantam-se as referências dos processos de ensino nos trabalhos com as crianças pequenas - não é exagero dizer que crianças de quatro, cinco anos estão sendo submetidas a técnicas de repetição e de instrução, valorizando-se os pressupostos mecânicos de apreensão de conceitos. Temos registros de apostilas e de materiais paradidáticos como subsídios à Educação Infantil.
Em alguns casos, a despeito do dramatismo com que se veste esta informação, é possível pensar em uma situação de massacre, em que se esquecem as referências do que é importante para as crianças. A consequência é a imposição às crianças de um treino pedagógico inadequado para aquela idade. O cenário não é tranquilo de se analisar, uma vez que as próprias famílias, no afã de vangloriar-se das inteligências de seus rebentos, promovem, entre amigos que também têm filhos com idades semelhantes, competições absurdas de quem sabe mais.
É preciso que se respeite o caminho natural de evolução das crianças. E que, a propósito desse caminho natural, o brincar e os referenciais lúdicos não só fazem parte do desenvolvimento, como são facilitadores para apreensões que se fizerem necessárias mais tarde.
Ao brincarem, as crianças treinam mecanismos sociais, emocionais e psicológicos que terão importância fundamental nos caminhos de evolução. Nas brincadeiras, estão em jogo as compreensões de regras sociais, os treinos emocionais e um tanto de aprendizagem técnica, também. O brincar é uma variável tão natural, que as crianças nem precisam de muita coisa para entregarem-se às brincadeiras. Basta um estímulo bem direcionado - ou uma integração facilitada - e tudo pode acabar em uma gostosa brincadeira.
Do ponto de vista dos espaços escolares, é preciso valer-se do conceito que pode ser estabelecido nestas duas variáveis: brincar é importante; e as crianças não precisam de muita coisa para iniciar um espaço de brincadeira. Ora, cada vez mais, a Escola precisa assumir seu viés de um espaço privilegiado de favorecimento às instâncias de evolução pessoal. Está na Escola a possibilidade real de aprimoramento dos jovens (aprimoramento, no seu sentido máximo: social, cultural, acadêmico etc).
E, ao se trabalhar com crianças pequenas, a valorização e o estabelecimento de um espaço que propicie referências saudáveis do brincar e suas manifestações lúdicas é um caminho sólido de definição de um ser humano com mais preparo para os desafios que vierem pela frente.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Anotações - Terapia do Papel

O trabalho manual com o papel revela-se uma fonte interessante para as atividades em que se busca o bem estar (social, emocional, de desenvolvimento de habilidades etc.).
A minha experiência refere-se às técnicas do Origami e aos trabalhos conceituais da Papelaria Artesanal. E não só às variáveis de produção, mas também as de formação e de treinamento. Na primeira variável, em que me valho da aplicação para melhorar minhas percepções - de mundo, estética, do outro, de minha visão interior, das potencialidades etc. -, já é possível valorar para positivo essa premissa; mas é com a segunda referência, a de estimular nos mais diversos participantes o envolvimento com esse trabalho, que mais me gratifica em relação a essa ideia.
Quando as pessoas estão felizes em um trabalho que desenvolvo, claro que tenho uma satisfação muito grande. Mas o que mais percebo é que a razão dessa felicidade é o quanto todos percebem que podem produzir trabalhos fantásticos. E o desenvolvimento de cada fase de meu trabalho é para atestar cada vez mais essa questão: todos podem envolver-se em uma atividade de criação, em que o resultado de um trabalho enche as vistas de cores, de formas, de bem estar.
Normalmente, meus trabalhos são feitos em grupos heterogêneos e que, em grande parte das situações, as pessoas não são velhas conhecidas. O que se vê, entretanto, é uma integração bastante acentuada: pessoas trocando ideias, trocando experiências, falando da vida, jogando conversa fora... Como isso é bom!
A ideia de terapia, cujos princípios respeito muito, aplica-se bem a esses trabalhos: as pessoas participantes, eu inclusive, expressam o encantamento de terem feito parte de um momento em que a tônica foi o sentir-se bem.
Se você desenvolve alguma tipo de trabalho manual com o papel (claro que isso pode estender-se aos demais materiais e técnicas), deve perceber o quanto de nosso envolvimento com o fazer redimensiona nossa sensibilidade e nossa percepção para as variáveis boas do mundo. Pode haver romantismo aqui, é bem verdade, mas também é igualmente verdadeiro que sentir-se bem é uma marca poderosa para as transformações dos caminhos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Anotações - A infância

Como o referencial lúdico é um dos temas caros nestas publicações, pensei nas variáveis dos trabalhos e das relações com crianças, com que me envolvo em algumas ações.
O posicionamento das crianças é algo fantástico de elaborar reflexões sobre a vida. Partindo da espontaneidade, caminhando pela sinceridade, refletindo-se no espírito de alegria com que preenche seus afazeres, as crianças têm muito a nos ensinar.
Outro dia, em um dos trabalhos voltados ao público adulto, referi-me à capacidade autêntica e dinâmica das crianças em experimentar o fazer. A criança, quando estimulada positivamente e bem acolhida, não tem medo em experimentar a realização do que lhe é proposto. O adulto, ainda que acolhido e estimulado, ressente-se de arriscar o fazer.
Entender as dinâmicas da infância é reencontrar-se com a criança que fomos. E que dorme, aguardando nosso chamado, para salvarmo-nos das situações que pedem a criatividade e a alegria. Se encontramos essa criança, e aprendemos a acolhê-la quando necessário, o resultado é a alma em festa, carregada de voos e de esperança.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Um pouco de conversa sobre o uso do lúdico no contexto pedagógico

Eu gosto de pensar no referencial lúdico como uma estratégia de valor muito positivo, a ser inserida nas variáveis pedagógicas. Entretanto, acredito, ainda, que há muito de preconceito e desentendimento sobre a utilização do lúdico nos espaços escolares.
O que imagino como plausível e possível é a visualização de uma Escola, em que o lúdico, o imaginário e a felicidade estejam na ordem do dia para o desenvolvimento de um trabalho de formação que prime pela qualidade positiva. Para sustentar meus pensamentos, é bom que se diga que tanto o lúdico, quanto o imaginário e a felicidade devem ser pensados como ricas estratégias de redimensionamento do fazer pedagógico.
De saída, qualquer estratégia a ser utilizada como subsídio nos processos pedagógicos deve ser realizada com responsabilidade, seriedade, com planejamento e com domínio técnico. As estratégias dizem respeito a um conjunto de ações reflexivas, estruturadas para tornarem mais efetivo e positivo o trabalho. Com a ludicidade, não é diferente.
Do ponto de vista de uma mentalidade científica - para entender racionalmente o problema -, quaisquer ações reflexivas demandam um conjunto de preparações especialmente elaboradas: melhora do embasamento intelectual; aperfeiçoamento da leitura e conhecimento de mundo; desenvolvimento de competências técnicas e sócio-relacionais; cuidado nas fases de planejamento do trabalho, principalmente as que dizem respeito às variáveis de revisão e de tomada de decisão.
É possível, assim, visualizar que há muito de preparo e estudo para que uma estratégia de trabalho - no nosso caso, a utilização do lúdico - busque um processo de modificação e de transformação, em que o binômio "fazer melhor / ser melhor" seja o principal combustível das atuações.
Sem contar que, em paralelo, as instituições sociais e profissionais passam por discussões constantes e renovadas de novos conceitos e/ou temas que as modifiquem. Em Educação, como era de se esperar, não poderia ser diferente. Hoje, às reflexões sobre metodologias e estruturas curriculares somam-se as percepções desses novos temas/conceitos, dos quais, aqui, é possível destacar: a questão do protagonismo; a questão do ensino colaborativo; a necessidade do desenvolvimento de uma capacidade maior para a resolução de conflitos; e por aí vai. É com essa premissa que surge a necessidade da busca de uma formação de um novo ser humano, que assimile e apreenda as bases desses novos conceitos/temas. E essa formação precisa ser entendida em via de mão dupla: é preciso buscar a nova formação de um professor e a nova formação de um aluno.
Como vivemos um tempo em que se acentua a dicotomia entre o âmbito racional e o emocional - como se fôssemos segmentados sem ser -, vale a constatação de que falta mesmo uma visão poética do mundo, a partir da qual seja possível reconhecer a magia e os mistérios que norteiam os saberes. Descontada toda a necessária leitura acadêmica, na minha opinião está aqui a síntese do entendimento do lúdico: buscar a visão poética do mundo. Antes que atribuam à minha síntese uma pecha subjetiva, já que me vali  da palavra "poética", preciso ressaltar que a palavra aqui está utilizada no seu sentido clássico, o de sentir. Poesia, para os gregos, remetia ao instante dos sentimentos. Então, falta uma visão de mundo, em que os sentimentos diante dos estímulos sejam exercitados e colocados à mesa.
A ludicidade, assim, está relacionada ao estabelecimento de uma visão de educação mais humanizada, em torno da qual possamos acreditar que o jogo, a festa, o brinquedo, o lazer e a poesia sejam verdadeiramente entendidos como variáveis formativas.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Anotações - Um pouco de poesia

Quando pensamos em poesia, normalmente, pensamos em um texto escrito em versos ("Você leu aquela poesia do Drummond?", dizemos). Aqui, gostaria de explorar um pouco mais o sentido da palavra. Para isso, recorro à sua origem grega, que encerra o significado de "sentir". Por esta via, quando dizemos "poesia", queremos estabelecer uma relação com os sentimentos advindos daquele texto... Bom, para ser mais sincero, não é necessário que seja exclusivamente de um texto. Qualquer referente que desperte os meu sentidos, posso categorizar como um referente poético. É assim com uma pintura, com uma música, com uma fotografia, com uma imagem qualquer, com um aroma etc. Mas fiquemos, por enquanto, no texto.
Há um poema do Manoel de Barros, O apanhador de desperdícios (se não conhece, clique aqui para ver uma antologia especial do Manoel de Barros, em que consta esse poema), que brinca bem com essa referência dos sentimentos. O poeta já começa com um paradoxo interessante ("Uso a palavra para compor meus silêncios."), em torno do qual tece imagens fantásticas ao longo do texto, para encerrar na mesma variável: Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Em uma leitura livre, a ideia de compor silêncios remete ao processo de introspecção por que devemos passar quando das situações de reflexões que o cotidiano exige de mim. Essas reflexões não podem ser aleatórias, nem irresponsáveis; é preciso conteúdo (palavras) para firmar o processo de reflexão (meus silêncios) - conteúdo esse fundamentado nas leituras e apreensões que fiz ao longo de minha vivência.
O poema apresenta-nos, ainda, variadas imagens, que nos deleitam o olhar, à medida em que me permito ampliar o conceito de poesia. Experimente sorver essas imagens.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Anotações - Nas Dobras da Vida

Recentemente, o projeto Nas Dobras da Vida (se não conhece, clique aqui) esteve na EE Prof. Duglas Teixeira Monteiro, no Parque Ipê, em São Paulo, levando reflexões sobre a utilização do Origami como ferramenta de desenvolvimento pessoal (veja algumas imagens abaixo). Com uma duração de três horas, divididas entre momentos com professores e alunos do 4º ano B, todos puderam conhecer melhor as bases deste projeto. A ideia que fundamenta a atividade é aproveitar-se dos benefícios da arte de dobrar papel e refletir sobre suas potencialidades nas bases do desenvolvimento pessoal.
Com os professores, a dinâmica foi mais de reflexão sobre os pressupostos lúdicos nos espaços pedagógicos, em que pudemos pensar um pouco as variáveis que estão acontecendo, circunscritas às propostas pedagógicas - principalmente, as questões sobre o protagonismo e, mais diretamente, a respeito do lúdico como referência de trabalho.
Com os alunos, foi possível desenvolver uma pequena oficina de trabalho. A base foi o desenvolvimento de uma composição a partir de módulos em origami. Foi gratificante. Incluídas, aqui, a generosidade dos professores e da coordenadora em receber a proposta, além da participação positiva dos alunos. Agradeço a todos.
O trabalho com as dobraduras de papel reforçam-me o conceito de o quanto as predisposições contribuem para o desenvolvimento pessoal. Nesta experiência, pude sentir o total envolvimento dos alunos nas construções básicas propostas. Houve uma consciência de aperfeiçoamento, de colaboração e de determinação.
Alguns comentários dos alunos motivam-me a seguir adiante com o projeto, quase todos podem ser sintetizados com a ideia de que aquele momento foi muito significativo e mágico. De minha parte, sigo nos trilhos que a arte de dobrar papel me permitem, no rumo de demonstrar uma linguagem dinâmica e estética na formação pessoal.




terça-feira, 8 de setembro de 2015

Anotações - Trabalho com Origami

Recentemente, participei da programação da Virada Sustentável, com duas atividades relacionando a arte de dobrar papel com variáveis de construção... foi interessante!
A utilização do origami como referencial lúdico e de desenvolvimento pedagógico já foi bastante estudado, acredito. A arte de dobrar papel possibilita uma gama variada de benefícios - desde exercícios de criatividade, passando pelo desenvolvimento da coordenação motora fina até trabalhos de concentração e de integração social.
A instauração de espaços em que os participantes experimentam possibilidades de criação e de contemplação estética - aqui, neste caso, a partir do trabalho com o papel - guarda em si uma variável de alcance muito significativo.
Penso que poderia ser uma atividade a ser incluída na programação das escolas, de uma forma efetiva e tranquila. Mesmo que, a princípio, seja em caráter recreativo, tenho convicção de que todos sairiam ganhando.
O origami permite uma série de variáveis pedagógicas positivas e pode ser incluído nas mais variadas estruturas curriculares: área de linguagens, de artes, de matemática, de ciências, geografia etc. Basta um pouco de experimentação por parte do professor; a matéria prima é o papel (de revista, de jornal, sulfite etc), o que, de saída, vislumbra uma discussão muito boa sobre a questão da reciclagem e do reaproveitamento.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Anotações - O brincar

Não sei se você assistiu ao documentário "O Território do Brincar", em que se demonstram as relações de crianças dos quatro cantos do Brasil com a prática do brincar. É um documentário fantástico; quem trabalha com crianças, ou interessa-se pelo universo infantil, é recomendação sem pestanejar. Para acessar a página de trabalho relacionada ao documentário e a outros estudos do grupo, clique aqui.
Além das variáveis apontadas no documentário, a ideia de brincar vira e mexe volta à baila para nossa reflexão, sobretudo nas questões a propósito do lúdico nos contextos pedagógicos.
Brincar, como referência infantil, não guarda, obrigatoriamente, demandas relacionadas com aprendizagens contextualizadas nos espaços pedagógicos. A criança brinca, principalmente, por diversão e por satisfação emocional... é gostoso brincar, pronto! A criança não teoriza o brincar.
O que nós, educadores reflexivos, podemos aproveitar desse universo infantil é o manancial de experiências enriquecedoras para o desenvolvimento pessoal que a brincadeira proporciona.
Ao brincar, a criança experimenta uma série de sensações e de exercícios sócio-emocionais, que vão proporcionar ferramentas mais eficientes e produtivas para os caminhos de seu desenvolvimento (social, afetivo, motor etc.). Mas, repetindo, a criança não teoriza o brincar. Ela brinca, só isso!
Ao compreendermos o brincar como pressuposto rico de subsídios, assumimos essa responsabilidade de teorizar sobre o assunto, estudando-o com afinco, como fazemos com qualquer objeto de ciência e de pesquisa. E passamos a enxergar melhor as porções de positividade que existem na prática das brincadeiras.
Daí, podemos partir para ações, que não só garantam o direito da criança de brincar, mas que permitam a instalação de espaços e tempos facultadores do universo lúdico nas trilhas do desenvolvimento pessoal.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Anotações - A cultura da esperança, da felicidade e da vida

Remexendo em anotações antigas, chegou-me uma nota do escritor moçambicano Mia Couto, que, penso, vale uma bela reflexão: "A infância é quando ainda não é demasiado tarde. É quando estamos disponíveis para nos surpreendermos, para nos deixar encantar. Quase tudo se adquire nesse tempo em que aprendemos o próprio sentido do tempo.".
Liguei a frase a uma situação por que atravessei, recentemente. Ministrando uma oficina de Origami para públicos heterogêneos - crianças e adultos -, uma das senhoras participantes comentou sobre o desprendimento de uma das crianças que estava no grupo: "Veja como para ele tudo é mais fácil", disse a senhora referindo-se às facilidades da criança em dobrar o papel.
Foi ali que a frase do Mia Couto encaixou-se: "... É quando estamos disponíveis para nos surpreendermos, para nos deixar encantar...". Nessa referência de surpresa e de encantamento, a criança fica mais suscetível às variáveis de aprendizagens. E, mais do que isso, posiciona-se mais receptiva à ideia de criatividade e de experimentação. Como a criança não tem medo de errar, sua dinâmica de experimentação é muito mais eficiente e produtiva. E é na experimentação que o desenvolvimento ocorre mais positivamente.
Parece-me que é assim nos caminhos da evolução humana: quando deixamos a nossa criança interior comandar os processos de assimilação, fundamentados na curiosidade, na determinação e na criatividade, a realização da aprendizagem verifica-se em melhores resultados.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Anotações - É preciso surpreender

Tive acesso a mais um desses vídeos bonitinhos da internet - acho que você também deve ter visto. É o vídeo de um grupo de cinco senhores, participantes de um desses programas de talento, que se multiplicam mundo afora. Se não viu o vídeo, clique aqui.
O que me chamou a atenção no vídeo foi a reflexão sobre a capacidade que devemos ter de surpreender - fazer o que não se espera que possamos fazer. Lá, os senhores-artistas, candidatos a uma mostra de talentos, surpreendem júri e plateia com uma improvável sessão de dança e de demonstração de destreza física. É realmente surpreendente. Fica visível na expressão dos jurados e na reação do público o impacto da surpresa.
Fazer o esperado não provoca impactos. Ao nos prontificarmos, com devidas responsabilidade e preparação, a fazer o inesperado, certamente, a reação dos que estão ao nosso redor será, além da óbvia surpresa, de puro encantamento. E encantar alguém transcende a leitura mágica. É pura determinação!

terça-feira, 7 de abril de 2015

Anotações - As fantasias das crianças

Voltando ao universo simbólico das variáveis fantásticas e mágicas que tangenciam o universo infantil, pensei no filme "Imagine Só", com o Eddie Murphy (Paramount Pictures, 2009 - veja o trailer do filme aqui). No enredo, Eddie Murphy faz o pai extremamente envolvido com o seu trabalho exato e lógico, sem dar muita importância ao mundo fantástico e lúdico de sua filha pequena. No decorrer do filme, ele vai perceber que a salvação para os seus problemas profissionais está exatamente em dar vazão ao imaginário que a filha vai lhe ensinar a ver.
Nessa premissa, está a referência clássica do adulto que se envolve demasiadamente com as causas lógicas (quase sempre representadas pelo trabalho/negócio - vale destacar que na palavra "negócio", a negação do ócio, já está implícita a importância que os elementos simbólicos do processo de desenvolvimento atribuem à variável racional).
Assim, o adulto racional precisa ser sério e responsável para concluir sua evolução social e profissional, preterindo as relações lúdicas e de fantasias. Nos filmes que abordam essa questão, quase sempre há uma criança - filha daquela pessoa séria - que é relegada, a princípio. Até que se descubra sua verdadeira intenção como personagem da história.
Neste filme, e em quase todos do mesmo gênero, o que enxergamos é um rito de passagem necessário para o adulto possibilitar vir à tona sua criança interior. A filha do protagonista vai desenvolver um encaminhamento de ações a fazerem-no perceber o simbolismo do arquétipo da criança - aquela que desperta para a criatividade e imaginação - como variável absoluta da busca da felicidade.
A principal lição do filme é a de aprendermos a ouvir essa criança, que insiste, incansavelmente, a nos orientar para os caminhos do prazer, da alegria e do respeito à própria felicidade. Pense nisso.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Resenha - O filme "Peixe Grande" e a questão do simbólico

Lembro-me do filme Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas (Direção de Tim Burton, Columbia Pictures, 2003) quando penso na importância do simbólico na formação pessoal. Se não viu o filme, ou não se lembra dele, e quiser dar uma olhada no trailer, clique aqui.
O filme narra a reaproximação entre um filho e seu pai, de quem ouviu as mais fantásticas histórias sobre fatos marcantes de suas vidas. O problema é que este filho, no atual momento em que está, acredita que todas aquelas histórias não passaram de fantasias descabidas e pretende comprovar quanto do que seu pai lhe contou é realmente fato.
Viver a fantasia que advém dos universos fantásticos permite à criança uma experimentação saudável de referências do seu desenvolvimento. As professoras das séries iniciais e as de educação infantil conhecem muito bem essa variável, ao estruturarem seus planejamentos de trabalho fundamentados em princípios lúdicos.
O universo simbólico - e todas evoluções em seu espaço - permite à criança um jogo de experimentação altamente necessário para que seu desenvolvimento possa ser fortalecido o suficiente para, que dali, resulte um adulto melhor. No filme, o filho, que está prestes a ser pai, vai perceber que o confronto do que é real e do que é fantasioso, sobre as histórias de seu pai, não é o mais importante. O que vai importar, mesmo, é como aquilo tudo transformou-o na pessoa que ele é.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Resenha - Olhar o Mundo com Olhos de Criança

Dois desses vídeos que nos fazem pensar, dos muitos que pipocam nas redes sociais, chamaram-me a atenção para convidar-lhes a refletirmos sobre a importância de pensarmos o arquétipo da Criança no nosso processo de desenvolvimento pessoal. Em um dos vídeos, uma criança e um adulto - separados por uma espécie de biombo - são estimulados a repetirem as caretas de pessoas que aparecem em uma projeção; quando uma dessas projeções reflete uma criança com o que parece algum tipo de paralisia cerebral (desculpem-me, não consigo identificar ao certo a doença) fazendo uma careta, o adulto fica desconcertado e sente-se desconfortável em repetir o que vê, talvez "penalizado" com a situação. A criança, do outro lado do biombo, nem pensa duas vezes e imita, sem grilos nenhum, a careta como está sendo projetado. (se quiser dar uma olhada no vídeo, clique aqui)
No outro vídeo, com intenção social, duas crianças sentam-se próximos a um balcão parecido com o de uma lanchonete. Após algumas orientações, elas são esclarecidas que, à frente, em dois pratos cobertos, somente em um deles há um sanduíche, o que quer dizer que uma das crianças vai ficar sem o que comer. Após o sinal estabelecido, elas descobrem os pratos, realmente só há um sanduíche. O que acontece? Mais uma vez, ninguém pensa duas vezes e aquele que descobriu o prato em que está o sanduíche, divide-o, natural e generosamente com a outra criança. (para ver o vídeo, clique aqui)
O despojamento e a naturalidade das crianças, representados, simbolicamente, por suas reações nos vídeos, instigam-nos a pensar um mundo em que podemos resgatar a espontaneidade nas relações humanas, em que o que está em jogo é a convivência saudável e compartilhada das alegrias. Além disso, a lição de que a humanidade é o viés mais positivo dessas relações. Quem sabe, podemos, assim, aprender alguma coisa...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Resenha - O Lúdico no Desenvolvimento Pessoal


No universo lúdico livre que criam para si, as crianças jogam e se divertem de forma entusiasmada. É fantástico ver as crianças brincando. Há entrega, há diversão, há aprendizagem.
É preciso que nós, Educadores, saibamos enxergar as crianças nestes espaços de ludicidade como sujeitos em desenvolvimento. Observá-las na realização das brincadeiras, na instituição de suas regras e das elaborações que o jogo exige, pode propiciar ao nosso entendimento verdadeiras aulas. A principal delas é que a brincadeira existe e, por si só, é dinâmica e integradora. Somam-se, em consequência, outras aprendizagens: na brincadeira livre, a criança exercita a sociabilização; experimenta exercícios de tolerância; desenvolve aspectos de lideranças e de resolução de conflitos; promove a elaboração dos conceitos de sucessos e frustrações etc.
Refletir sobre os referenciais lúdicos – esses retirados de o quanto observamos quando as crianças brincam livremente – pode trazer-nos subsídios importantes para o aprimoramento das práticas pedagógicas.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O Lúdico na Eduação - Brincando de Dobrar Papel

O  universo infantil está pontilhado de referências lúdicas. E não podia ser diferente: é através de sua vivência nos jogos de representação, a que costumeiramente chamamos apenas de brincadeira, que a criança experimenta situações, conflitos e superação de desafios, que vão proporcionar, além do próprio prazer de brincar, o seu pleno desenvolvimento.
É nesse ponto que se apoiam as reflexões que relacionam o lúdico às operações pedagógicas: os sistemas em Educação podem (e devem!) ser analisados a partir do pressuposto do estabelecimento de variáveis que promovam exatamente o desenvolvimento do ser humano.
E é com base nessa relação que a ludicidade, já há algum tempo, deixou de apenas circunscrever seu perímetro de estudo, unicamente, aos aspectos do jogo e do brincar. As leituras dos referenciais lúdicos têm sido acompanhadas, via de regra, de implicações educacionais. É no encaminhamento das reflexões acerca do brincar como variável pedagógica que os educadores, preocupados com dinâmicas mais significativas, vão buscar novos olhares sobre sua prática.
Os educadores que trabalham com as crianças pequenas, de 0 a 6 anos, têm refletido muito sobre a máxima que caracteriza o brincar como atividade em que se pressupõe uma relação propícia ao processo de desenvolvimento integral: sócio-afetivo-intelecto-emocional.
Na prática, é preciso estarmos atentos às possibilidades de redimensionamento das estratégias e dos materiais que temos à mão para o planejamento de atividades que venham contribuir, efetivamente, com essa operacionalização.
Sob essa ótica, as atividades que relacionam o prazer de ouvir histórias com os benefícios da prática de dobrar papel podem ser altamente positivas. Ilustro, aqui, com o que pode ser pensado como um sistema: a partir da escolha de um instrumento prático pertinente a brincadeiras (no caso, o papel e as possibilidades de sua transformação pelo processo de dobrá-lo), desenvolvem-se vertentes de descobertas e/ou retomadas das cantigas infantis e das narrativas orais.
Para explicitar as possibilidades dessa atividade, pensemos em um modelo simples de dobradura, que todos devem conhecer – a casa. É uma figura bastante clássica. Pode-se partir de um estímulo qualquer para motivar o grupo a fazer a dobradura, ressaltando-se o respeito às potencialidades individuais. Com o modelo pronto, começam as brincadeiras.
Lembrando que já existe uma canção muito popular (“Era uma casa muito engraçada...”), o educador pode conduzir a brincadeira inicial justamente para reforçar o que há de engraçado nessa casa – não tem chão, não tem janela etc. -, com a intenção de tornar vivos os versos da música. Se a canção não surgir espontaneamente, nada impede de apresentá-la ao grupo, ensinando-lhe o que diz a letra.
Particularmente, eu gosto de fazer surgir do final da música uma história – como se uma brincadeira puxasse outra. Nesse caso, também valoração pessoal, prefiro a história do livro A Casa Sonolenta, já que o seu enredo permite um dinamismo que agrada muito o público infantil. Finda a história, a brincadeira toma outros rumos, permitindo algumas escolhas: recontar a história, inventar outra história com o tema da casa ou explorar as possibilidades intrínsecas na dobradura da casa: enfeitá-la, usá-la como aplicativo de colagens etc.
Assim como a casa, outras figuras de simples execução podem ser descobertas na prática da dobradura. E o encaminhamento até pode ser o mesmo descrito aqui; dobradura – cantiga – história – exploração após os contos. Evidentemente, o educador que pretender refletir essa prática vai desenvolver o seu próprio método de trabalho, valorizando este ou aquele momento, conforme especificidades de sua turma ou das características de seu espaço educativo.
O que deve ser ressaltado é a utilização de ferramentas, marcadamente lúdicas, para a compreensão do processo pedagógico. A linguagem da brincadeira, algumas vezes pejorativamente identificada com a ausência de seriedade, mostra-se, aqui, uma variável incomensurável de estabelecimento metodológico colaborativo no desenvolvimento da criança.
De um lado, a arte de contar histórias permite-nos adentrar nas reflexões sobre a aplicabilidade dos contos no contexto educativo, ao oferecerem à criança-ouvinte valores psicológicos e afetivos, presentes nas estruturas das narrativas orais clássicas, já amplamente discutidos nos estudos científicos a esse propósito. De outro, atividades de construção – como as transformações feitas em folhas de papel – abrem-nos outros campos de prospecção de estudos acerca dos princípios educativos que vão consolidar nossa prática.
 A referência maior, aqui, da ludicidade acompanhando esse processo de tomada de consciência só aprofunda a importância de compreender o brincar como manancial valoroso de análise do crescimento sócio-afetivo das crianças envolvidas em atividades que o tenham como estratégia.
A integração entre a arte de contar histórias e as dobraduras de papel, fundamento desta explanação, prevê um mecanismo bastante envolvente nos trabalhos positivos que se observam em Educação Infantil: a perfeita sintonia entre brinquedo (o instrumento) e brincadeira (o que se faz com o instrumento), como facilitadores de variáveis contributivas ao desenvolvimento das crianças. Caberá ao educador, em nome dos ideais mais acertados da Educação, além da constante análise de suas potencialidades, o estudo e a adoção de métodos que corroborem essa sintonia.


Esse post é uma síntese do artigo Brincando de Dobrar Papel Entre Cantigas e Contos. Para acessar o artigo na íntegra, clique aqui.