quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Anotações - Menos paredes e mais imaginação

Uma campanha publicitária de uma operadora de celular faz a pergunta que parece importante para pensarmos possibilidades de mudanças para o trabalho com a Educação: "E se as salas de aula tivessem menos paredes e mais imaginação?...".
E é interessante pensarmos o quanto estivemos muito mais preocupados com as paredes, de uma maneira geral. Criamos salas disso, salas daquilo, e confinamos nossos jovens em espaços limitadores. Por esse caráter, a limitação criava uma sensação de controle perfeito - tínhamos todos os movimentos ao nosso alcance e poderíamos exercer o nosso poder com muito mais propriedade e inibição... Sim, queríamos inibir todo movimento perigoso.
E nem percebemos o quanto estávamos cerceando os nossos alunos... ou não quisemos perceber. Parecia aquele efeito poético retratado por Rubem Alves, ao que ele chamou de "pinoquização às avessas": as crianças entravam meninos de verdade e saíam como bonequinhos de madeira. Cruel isso!
Então, há um componente metafórico precioso na mensagem da campanha publicitária: paredes são elementos simbólicos de cerceamento (de visão, de movimento etc.) - a parede impede a amplitude, a descoberta; e imaginação é a dimensão que transgride, que liberta.
Eu, particularmente, e aproveitando a retomada das atividades escolares, penso que seria interessante trazer aquela pergunta para as reuniões de planejamento que se fizerem. É preciso lembrar que o conhecimento é matéria adquirida sob o signo da liberdade e do prazer... E que toda aprendizagem tem um quê de transgressão.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Para refletir - Acreditar


segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O recomeço das atividades escolares

Em muitos lugares, esta semana marca o recomeço das atividades escolares. É certo que, independente de tudo o quanto se pronuncie, há todo um movimento de esperança e de alta expectativa... Tanto por parte dos estudantes, quanto dos professores. E é bom que seja assim.
O grande problema, quando se fala em Educação, é buscar a manutenção desse movimento pelos rumos dos dias. E atrelar a esse movimento um outro: o de acreditar em um trabalho de boa qualidade, sem esmorecer-se com os limites dos recursos...
Antes que se manifestem, preciso ressaltar que não sou a favor da limitação dos recursos. Muito pelo contrário, se há limitação de recursos é preciso que haja posicionamentos críticos e atuantes contra. O que quero dizer é que a limitação de recursos, quando houver, não pode ser impeditiva para as ocorrências de transformações, razão precípua das trilhas da Educação.
E é em torno deste mantra - a ideia da busca de transformações - que gostaria de tecer minhas linhas para esse retorno às atividades escolares.
Um dos caminhos mais preciosos a constituírem as teias de um bom trabalho em Educação é bem esse: o de propiciar todos os esforços para a construção de rumos significativos que redundem nas possibilidades das variadas transformações: a do sujeito, a das sociedades, a dos pensamentos, a do mundo. São tantas as transformações de que precisamos...
Juntemos, então, tanto a esperança quanto a alta expectativa para nos motivarmos, constantemente, nesta missão.
O recomeço das atividades escolares permite esta motivação. É um reinício, pensemos nisso. Todo reinício permite uma reflexão que envolve alguns pressupostos: o de pensar no que deu certo e no que deu errado e aprender com essas variáveis; o de buscar uma renovação dos propósitos; o de acreditar que estamos diferentes - e que precisamos, portanto, fazer coisas diferentes; o de que o mundo está diferente - e que, portanto, nossas ações e leituras precisam ser diferentes; o da necessidade de revermos práticas, posturas e atitudes; e por aí vai...
Assim, se você é um agente dessa retomada (professores, alunos, pais, agentes escolares etc.), venha para o reinício com a alma banhada na esperança de que é possível fazermos melhor. Venha para o reinício, crente da importância de suas ações; e que será sempre com base nessa crença que todas as mudanças podem acontecer. Venha para o reinício, sobretudo, disposto a reiniciar-se e aos seus trabalhos.
Bom recomeço das atividades escolares!


quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Recesso - Aniversário de fundação da cidade de São Paulo


Anotações - Devoção e preparo

No momento da Colação de Grau, a professora homenageada incluiu em seu discurso um dístico pensado como uma expressão de efeito: "Não importa como você conduza sua carreira a partir de agora, mas deve estar atento constantemente aos referentes de devoção e preparo em seu processo de formação...". Foi mais ou menos assim.
A ideia de devoção e de preparo resvala para um significado complexo no desenvolvimento profissional de qualquer carreira: é preciso que sejamos devotos (incluídos aí o sentido de crença e de entrega) ao que fazemos; e que estejamos sempre preparados (incluídos aqui todas as variáveis de formação contínua necessárias para o entendimento: estudos e mais estudos).
O sujeito devoto ao seu corpus de trabalho é aquele que vai encontrar todas as motivações necessárias para sua boa realização. Veja, por favor, que, no inconsciente cultural, atribuímos a qualquer trabalho uma relação de castigo e de tortura... Eis porque é bem fácil encontrar pessoas descontentes com suas relações profissionais. Quando se atribui uma relação devocional aos propósitos de trabalho, enxergamos ali uma espécie de missão - nascemos para a realização daquele trabalho. Aí, entendemos o trabalho como algo mais significativo, em torno do qual podemos realizar a nossa vida e constituir as necessárias relações para engrandecê-lo.
A referência de preparo está na relação de que precisamos aprender sempre. Mas também está na variável de que precisamos transmitir uma relação de confiança e de segurança ao desenvolvimento de nossas tarefas... É quando ouvimos - ou sabemos - de o quanto estamos preparados para aquilo.
A professora homenageada, naquele evento do qual apagamos os discursos que ouvimos, ofereceu aos seus afilhados de curso uma grande lição. Tomara que eles a carreguem em seus rumos de desenvolvimento profissional.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Demandas para os trabalhos pedagógicos

Bem sei que ainda estamos em férias escolares. Mas como o retorno aos espaços pedagógicos já se avizinha, vale começar a pensar em como serão dirigidos os nossos esforços para os caminhos de uma educação de melhor qualidade.
Já se falou aqui, reiteradas vezes, sobre a importância de um bom planejamento e de como esse processo representa ganhos indiscutíveis nos trabalhos - pedagógicos ou não. Então, seguindo a natureza de nossas publicações, convido os leitores a uma pequena reflexão sobre a questão de algumas demandas que podem ser trabalhadas nas escolas - ou nos espaços educativos, de uma maneira geral.
Este ano de 2018 apresenta-nos, ao menos, dois belos temas a serem candidatos de uma constituição de trabalho interessante: a realização da Copa do Mundo de Futebol e as eleições políticas que nos movimentarão alguns debates.
Sobre o primeiro, vou excluir de minha consideração a questão propriamente direta do futebol em si, já que não tenho competência - nem interesse - em discuti-lo positivamente. Mas, se sua função/trabalho remeter às variáveis esportivas, fique à vontade para acrescentar o aspecto em suas ações... devem ter muitas referências a serem consideradas.
A primeira variável que me ocorre nas realizações desta natureza - Copa do Mundo, Olimpíadas etc- é a reunião de diversos países. Para mim, esta premissa já é suficiente para os mais diversos trabalhos pedagógicos que podem integrar variadas disciplinas.
Desde as mais óbvias, como História ou Geografia - em estudos diretos como a constituição de um povo, a localização, as políticas internas, as especificidades geográficas e políticas etc. -, até as mais esquecidas, como Artes por exemplo, em que se podem desenvolver projetos fantásticos sobre características culturais dos povos ali representados.
Fico pensando nas curiosidades que podem ser levantadas, principalmente, quando vemos um país sobre o qual sabemos nada ou quase pouco. Nas últimas olimpíadas, em nossas terras, países de nome desconhecidos como Benim, Eritreia, Guam e Kiribati, dentre outros, desfilaram seus sonhos de vitória; na Copa deste ano, haverá a presença de países como Islândia ou Panamá, que, se não são exatamente desconhecidos, não figuram na relação midiática de países sobre os quais sabemos algo. É oportunidade, na minha opinião, para uma diversidade de tópicos que podem gerar alguns trabalhos pedagógicos interessantes: localização geográfica, economia, sistema político, bandeiras e seus significados, desenvolvimento humano e social, alianças e conflitos... e por aí vai.
Sobre as nossas eleições políticas deste ano - eleições importantes, diga-se de passagem -, abrem-se possibilidades reflexivas várias, também. Atravessamos os últimos tempos imersos, via de regra, em um ambiente de desesperança quanto ao nosso sistema político, hajam vistas as constantes notícias de acusações sobre corrupção e participações ilícitas de políticos nos mais variados desvios. Talvez uma das principais questões, em um cenário de reflexão positiva, é sobre o que se fazer neste momento. Bem sabemos os Educadores que uma das principais soluções é o aprofundamento de um trabalho de consciência política necessário. Eis aí, na minha opinião, uma oportunidade rica: como trabalhar esse conceito de conscientização política, principalmente sem esbarrar nas variáveis de polarização ou de partidarismos? É trabalho para a escola toda, penso, em um exercício de integração que pode fazer bem a todo o sistema pedagógico.
Ao longo de nossas publicações, retomaremos essas e outras demandas, só para dizer o quanto as nossas realidades tangentes podem compor todos os planos sérios de um trabalho eficiente e positivo para o desenvolvimento dos cidadãos.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Anotações - A busca da felicidade

A busca da felicidade, tema recorrente nas reflexões e debates das produções de mídias sobre evolução pessoal, insiste em uma ideia, de certa forma até bem simples: a felicidade não está nas coisas, nem nos aspectos externos do ser; é preciso que realizemos uma jornada de interiorização aos recônditos do que somos para aprendermos o caminho da felicidade.
A questão está no aspecto de que devemos - e bem - conhecer as nossas interioridades (de pensamento, de existência, de conhecimentos, de valores etc.). Mas há ainda os que preferem fazer o caminho da busca externa do que nos faz felizes.
Tudo o que está ao nosso exterior, seja ele material ou imaterial, vai ser sempre o produto de o quanto nossas variáveis internas criaram.
Se estabelecemos posses ou desenvolvemos relações sócio-afetivas, o principal combustível responsável por essas ocorrências será a nossa evolução interior... o que somos de fato.
Nesse sentido, a busca da felicidade vai passar pelo caminho mais fácil... e também o mais difícil: o conhecimento de nossa interioridade!




quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Anotações - Essência e aparência

Na dicotomia clássica entre essência e aparência, ainda há bastante o que se dizer.
Neste processo de evolução a que atravessamos, percebem-se algumas pessoas preferindo a ideia das aparências ao aprofundamento da essência.
É o velho debate sobre as reflexões entre "ser" e "ter", cujos propósitos nem sempre harmonizam-se.
A valorização da aparência é a ilustração dos referentes acondicionados no significado do "ter"; o sentido de "ser" encontra respaldo nas variáveis ilustrativas do que se pensa a respeito da essência.
Mas nada é tão simples como parece. Não basta assumir um posicionamento entre "ser" e "ter", é necessário aprofundar o entendimento sobre essas ideias.
É bem verdade que o exercício do desenvolvimento de uma essência - ao que somos e fazemos - traz-nos um sentido de aprofundamento, de consistência. Mas não podemos fechar os olhos à instância de que somos produtos de uma consciência imagética... Somos a imagem que alguém nos valida ou com que somos percebidos.
E essa forma com que somos validados delineia a percepção que o outro tem de nós. O que, em justa medida, está nas raias da aparência.
Lidar com essas referências polares - a importância do desenvolvimento de uma essência e o juízo que o outro desenvolve de nós a partir da aparência apreendida -, em seu necessário equilíbrio que deve me constituir, é o caminho a ser buscado para o desenvolvimento pessoal.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Um novo ano

Bem vindos sejamos todos a este novo ano... Mas, como nas lições da receita do Drummond, não se pode pensar um ano novo como apenas uma virada de página nos calendários que enfeitam as nossas mesas e paredes.
A renovação precisa ser algo vivo e transparente. É normal que iniciemos os novos anos cheios de boas intenções, de largas promessas, de pensamentos positivos transformadores; e, logo depois, retomamos as rotinas dissonantes das intenções e promessas. Toda renovação deve nascer no interior da vida. Deve acontecer na urgência de ver as transformações.
Para isso, a ideia de mudança deve ser vigorosa e sincera. É preciso mudar mesmo! Como mudam os instantes na evolução da vida.
E a vida representa uma eterna evolução, alheia à passagem dos dias, dos meses, dos anos. Estamos evoluindo a cada instante em que vivemos.
Então, bem vindos sejamos todos nós a essa constante evolução que vivenciamos. Evolução carregada do signo das transformações. Não seremos os mesmos, essa é uma verdade inquestionável... Mas é assim a cada sopro do nosso respirar.
Aproveitemos, portanto, o motivo da festa para desenvolvermos a nossa consciência de transformação. Vivamos a cada instante com a perspectiva de que tudo ao nosso redor também recebe essa consciência. E que há - ou deveria haver - uma sintonia entre a nossa evolução e a das coisas que estão ao nosso redor... E que poderemos escolher como representar essa sintonia, essa vivência... E, se não estivermos lá muito satisfeitos com o que estiver acontecendo, poderemos interferir nas ocorrências; esse, o real conceito de transformação.
Feliz novo ano, assim dizendo, com esse conceito de transformação. Não será necessário, perceba, esperarmos os dias findarem nos calendários, para que o exercício de transformação seja real. Podemos fazer acontecer a transformação todas as semanas, todos os dias, todas as horas, todos os instantes, dos nossos caminhos. E é a essa percepção de renovação que se dirigem os meus votos.
Feliz renovação cotidiana dos nossos caminhos!