quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Anotações - Sobre o individual e a coletividade

A reflexão sobre o individual e a coletividade já tomou lugar por aqui, mas é sempre bom retomar a esses pensamentos. Vivemos em coletividade... e somos indivíduos. É normal, portanto, que os paradigmas fiquem, às vezes, nebulosos.
Na semana passada, exatamente no dia 21 de fevereiro, a coluna do Tostão, no jornal Folha de S. Paulo, abordou de forma interessante a questão. Mestre Tostão explanou, lá pelas tantas, que a equipe é importante, mas é bom deixar emergir os talentos individuais. Falava, é claro, do cenário de um jogo de futebol, aproveitando-se da eminência de mais uma Copa do Mundo desse esporte.
Noves fora a importância ou não do futebol no pensamento reflexivo, o que ele disse fez eco em minha cabeça.
Já há algum tempo, aqui e em outros espaços, abordei esse pensamento. O que faz uma coletividade é, justamente, a reunião de indivíduos, talentosos ou não. E, por outra via, a reunião de indivíduos - talentosos ou não - perfaz uma coletividade. É uma via de mão dupla. Um não existe sem o outro. Ou melhor dizendo, para o alimento dessa nossa reflexão, é a existência de um que legitima a existência do outro.
Nesse pensamento e, aproveitando-se da máxima do grande Tostão, é preciso ampliarmos um pouco a ideia de talento.
Normalmente associado, em pressas reflexões, a uma variável de dom ou de constituição nata, o talento é, na verdade, resultante de uma série de cansativos exercícios e de determinações a que o sujeito se submeteu ao longo da vida. Assim, os não talentosos referidos acima só o são por enquanto; os indivíduos precisam descobrir - e/ou desenvolver - suas precisas e necessárias habilidades e competências (que logo mais serão chamadas, exatamente, de talento).
E vai estar nesse desenvolvimento todas as ações que valorizem os processos e resultados coletivos.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Para refletir - O que me fortalece


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Professor, o influenciador

Os amigos que trabalham em Educação sabem bem do papel influenciador do Professor. Via de regra, à medida em que criamos mais ou menos vínculo com os estudantes, estabelecemos um papel modelar, nem sempre muito bem consciente.
E o problema está, justamente, nesta variável da consciência. Como a questão da influência pode ser para um lado, ou para o outro, é, exatamente, o quanto pudermos estar conscientes nos caminhos dos vínculos que representará os nossos propósitos.
Temos muito o que aprender com o pessoal da Educação Infantil, nesse quesito. Neste estágio, percebemos uma maior preocupação com os vínculos e com os cuidados em relação ao desenvolvimento da criança.
Depois, com o passar dos anos, tudo vai se degringolando. Professores, alunos, pais, comunidade e escola, todos associam o estágio da adolescência e da juventude como uma instância problemática e em relação à qual pouco pode ser feito. O pior é quando essa associação vira crença e torna-se parte de uma relação cultural: "Os adolescentes e os jovens não têm jeito mesmo e é melhor não investir em seu desenvolvimento...". E todo aquele afeto, cuidado e preocupação que se viam nos espaços de educação infantil perdem-se nos caminhos da evolução.
E aí, meu amigo, os adolescentes e os jovens veem-se sozinhos nos rumos do desenvolvimento. Grande parte deles vai lembrar-se de algumas referências de seus professores, e é aqui que entra a tal influência. Que pode ser de um ou de vários professores. Se esse processo foi positivo, os caminhos também ficam positivos.
Nossa responsabilidade cresce a partir dessa constatação. Não são só os domínios técnicos, metodológicos e de comportamento que vão determinar essa positividade; as variáveis relacionadas ao desenvolvimento das habilidades não cognitivas (equilíbrio emocional, determinação, sociabilidade, protagonismo e liderança, coletividade etc.) vão ser de suma importância. Para alunos e professores, veja bem!
Tanto professores, quanto alunos, devem experimentar situações em que as tais habilidades não cognitivas sejam motivadas ao desenvolvimento. E esse propósito deve fazer parte dos planejamentos, também.
Rodas de conversas, atividades extra-classe, trabalhos de campo, ampliação de leitura de mundo... tudo isso pode ajudar, e muito! Tanto para os alunos, quanto para os professores, preciso repetir. Um bom caminho, para os que se veem ainda presos à preocupação com os componentes curriculares, é inserir, gradativamente, em concomitância com o caminhar dos referentes técnicos trabalhados em sala, debates e reflexões acerca do mundo exterior. Assim, por exemplo, um conceito de História e Geografia pode ser ampliado com uma notícia que vimos no telejornal da noite anterior.
Essa metodologia é o que eu chamo de criação de laboratórios. Paralelamente ao trabalho curricular, todos envolvem-se em momentos de experimentação - prática ou reflexiva -, em que os conceitos reduzidos de "certo" ou "errado" desvanecem-se pelas trilhas. É muito interessante...
E, de quebra, solidificam-se os vínculos. Com os vínculos solidificados, cresce, sobremaneira, a chance de que as influências - essa característica dos professores - sejam as mais positivas possíveis.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Anotações - Uma geração que adora ser desafiada

O fenômeno não é novo, mas é preciso ficarmos atentos para essa nova geração que se locomove ao conhecimento. Avessa às relações sociais mais diretas, é uma geração que se apropriou enormemente dos aparatos tecnológicos para consumir e produzir conhecimentos. No que se refere aos meandros digitais, não há como dourar a pílula: é a turma que mais sabe o que fazer com as ferramentas digitais. E, à medida em que se vão passando os dias, quanto mais jovens, mais preparados eles estão - não é raro encontrar crianças pequenas, bem pequenas, já com seu arsenal de brinquedinhos digitais.
E esse deve ser um dado crucial para os educadores. Cada vez mais cedo, as crianças estão entrando nas escolas muito bem aparelhadas - de ferramentas, de informações, de conhecimento. É preciso saber o que se vai fazer com essa turma.
As aulas, fundamentadas em preceitos ainda do século 18 (quadro negro, autoridade única, carteiras enfileiradas, avaliações descabidas, um certo machismo intelectual e científico etc), precisam ser revistas.
Já começa que essa geração adora ser desafiada... e desafiar. O que se contrapõe a esse modelo anacrônico de fazer a Educação. Por exemplo, nunca diga ao povo dessa nova geração que é impossível fazer algo... Elas vão "dar um Google", como se diz, para constatar, de imediato, que , sim, existem alternativas. Alternativas até que jamais imaginaríamos existir.
Esse é um tema que vai ser desenvolvido melhor ao ganhar de novas publicações, aguardem.
O que me chamou a atenção para esse tema foi ter presenciado a cena de mãe e filha discutindo, outro dia, sobre a ideia prosaica de se fazer um bolo. A mãe, racional, constatou que faltava um certo ingrediente para a conclusão da receita e que, portanto, o bolo estava comprometido; a filha, representante da nova geração, "deu um Google" e, em segundos, descobriu um sem-número de alternativas para contornar a falta daquele ingrediente. O resultado? Dali a instantes, o bolo estava pronto... sem a necessidade de seguir a receita engessada e permeado de originalidades preciosas, que conferiam sabores, aromas e texturas particulares... Não poderiam ser assim as aulas?

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Anotações - Dos sonhos e da determinação de lutar por eles

Pensei na ideia dos sonhos como combustível para as realizações do que pretendemos. É preciso ter sonhos. É preciso ter desejos. São essas referências que nos movem pelas trilhas.
O que, às vezes, perdemos de vista é que podemos cair na fragilidade da ideia de considerar que apenas os sonhos e os desejos tocam as realizações. Sei que você é cuidadoso (a) e não se encaixa nesse grupo, mas há muitos de nós por aí que, por alguns instantes, sucumbem à razão fácil de que basta um pensamento positivo e tudo o mais pode acontecer.
Nada contra os pensamentos positivos... também gosto deles!
O problema é que tudo o que seja metafísico só nos ajuda espiritualmente - o que é bom, repito! Mas há uma boa parcela de interferência positiva nas realizações que advém da determinação de correr atrás do que desejamos.
E a palavra "determinação", aqui, é bastante apropriada. Vamos precisar dela. Quando os pensamentos positivos ou quaisquer outras crenças não nos forem suficientes, é na determinação que vamos encontrar as energias para buscar o que se deseja.
E a ideia de determinação pressupõe uma certa entrega ao que pretendemos... é o nosso motor!
É preciso sonhos e desejos. É imprescindível, contudo, que os olhemos com a determinação constante e incansável de lutar por eles.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A referência do respeito

A ideia de respeito precisa ser desenvolvida, no que tange aos processos de evolução pessoal. Para começo de conversa, buscar uma referência do sentido da palavra exige uma postura de consciência coletiva. De tal forma e maneira, que é preciso esquecer essas variáveis individuais a que caminhamos nesses tempos modernos.
Quando olhamos para o nosso umbigo, dificilmente entenderemos o real significado do conceito de respeitar às dimensões externas que nos chegam. Por sua etimologia, a palavra - que encontra origem no latim ("respectus", particípio passado do verbo "respicere") e significa olhar outra vez - pressupõe um rumo de entendimento que não vai se esgotar ao primeiro olhar. É preciso olhar outra vez... e, se precisar, uma outra vez. Nesse re-olhar, é esperado que o entendimento fique mais claro, ou que saibamos enxergar de outra maneira, acerca daquilo que nos pareceu enevoado.
Respeitar demanda um processo de reconsiderações, que passa, necessariamente, pela revisão daquilo que entendo e sei. E tudo começa pelo respeito - respeito ao espaço físico; respeito aos bens públicos; respeito ao outro e a toda a sua manancial de variáveis: preferências esportivas, sexuais, religiosas, formação, condição social etc.
Quando percebo que o outro é dotado de saberes e de significados próprios em sua constituição, deve instalar-se em mim o pressuposto do tal respeito. Ora, eu o respeito.
Ter respeito, obviamente, não significa concordar com ou aceitar, passivamente, o que está por aí. A referência encaminha minhas atitudes e ações para as proposições ideológicas tão somente. Em nome do respeito, eu entendo a ideologia do outro, mas não preciso envolver-me com suas crenças até que elas façam significado para mim, a partir de um conjunto de reflexões lógicas e racionais. E quando acontecer de existir o significado, apenas devo entender que houve uma mudança do meu ponto de vista (olhar outra vez!...), e não que sou detentor de uma verdade... Aliás, as posições ideológicas nunca representam um conceito de verdade. As posições ideológicas querem dizer uma tomada de sentido frente a um posicionamento qualquer, balizada no princípio da significação que aquela tomada de sentido tem para mim. Não há verdade aqui. Ora, se não há verdade, não faz sentido conflitos em nome dessa tomada de sentido.
Bom, isso tem um nome, na verdade. Tolerância. Nesse caminho de reflexão, o respeito é a base da tolerância.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Anotações - A questão das não-notícias

Na esteira das notícias falsas, aqueles boatos transformados em fatos, outro fenômeno da comunicação vem tomando espaço, já há algum tempo: as não-notícias.
As não-notícias são aqueles comunicados irrelevantes, normalmente envolvendo algum tipo de celebridade, versando sobre coisas banais. Coisas do gênero: "Fulano de tal é visto estacionando seu carro no Shopping tal...". Alguns programas de humor, inclusive, valeram-se deste fenômeno para criarem piadas bem inteligentes, críticas a esse tipo de comunicação.medio
Penso que, devido ao seu formato, as não-notícias nem deveriam estar por aqui fazendo parte de uma análise e reflexão sobre desenvolvimento pessoal. O problema é que elas, logo, estão fazendo parte das discussões rotineiras, carregadas de uma importância que não têm - e nem deveriam ter. Viram assunto e perfazem os diversos círculos e grupos que circundam por aí.
A imediata consequência dessa ideia é a percepção de uma transformação sócio-cultural que virá a interferir nos processos de evolução humana: a apreensão de uma mediocridade frente aos caminhos da racionalidade, tão caros ao nosso desenvolvimento. Quer dizer, aprofundamo-nos em espaços de mediocridade, quando deveríamos investir em variáveis mais interessantes de formação.
Quando pensamos nos processos de desenvolvimento pessoal, não podemos dar-nos ao luxo de cair em instâncias de mediocridade!

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Recesso - Carnaval


Anotações - O encantamento

A capacidade de encantar-se com o que é simples. Esse, talvez, o princípio essencial da nossa escala de desenvolvimento pessoal. E até existe uma razão bastante especial para essa ideia. O que é simples quase nos escapa da observação... Então, para encantar-se com o que é simples, é preciso ter um senso de observação bastante apurado.
É preciso olhar com calma e devagar, como quem busca preciosidades... Paradoxal? Buscar preciosidades no que é simples? Não, não há paradoxos aqui... A simplicidade é carregada de bens valiosos.
Lembra-se do jogo infantil de buscar a identificação de imagens nas nuvens que teimavam no céu? Pois é!
Precisamos apurar o sentido da observação... Justo nós, que passamos correndo pelos caminhos. Quase que nem os enxergamos direito. Quase que nem nos enxergamos direito nessa pressa toda.
Pois, para observar os caminhos é preciso parar um pouco. Coragem. Você não vai perder nada, acredite. Detenha-se um pouco na sua pressa cotidiana e enxergue melhor o que está ao seu redor. Perca tempo.
Para o encantamento da vida, divague pelos rumos à busca de imagens escondidas, de sons escondidos, de cores escondidas, de aromas escondidos. O que nos encanta, quase sempre, a princípio, está escondido no normal dos olhares.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Anotações - O tema do acolhimento

A professora comentou, entre preocupada e indignada, sobre a retomada das atividades escolares, quando se viu um certo despreparo da Escola em receber os novos alunos: "Como podemos falar, assim, de acolhimento?...". E ela estava certa.
A Escola precisa preocupar-se com o tema do acolhimento. Seus espaços não podem ser pensados, apenas, com a garantia das estruturas físicas. Lá deve ser um lugar em que todos os agentes envolvidos sintam-se perfeitamente acolhidos.
Alunos, professores, famílias e demais agentes devem tornar os espaços escolares lugares de acolhimento. Acolhimento físico, emocional, de ideias, de projetos, de realizações.
Basta pensar que a Educação, porto de chegada dos movimentos pedagógicos, é instância que acontece em espaços de acolhimento. Quanto mais nos sentimos acolhidos, mais estamos propensos ao desenvolvimento pessoal.
Aproveitem, então, o momento de retomada das atividades escolares para o aprofundamento desse tema. Reflitam sobre a ideia e ponderem em o quanto estamos nos movimentando por essa variável. A realização positiva de todos os processos pedagógicos só tem a agradecer.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A variável do medo

A ideia do medo é uma variável clássica no processo de desenvolvimento pessoal. Todos nós, em determinado momento em nossa evolução, confrontamo-nos com alguma relação de medo. Medo de mudar de carreira, medo de expor-se, medo do desconhecido... e por aí vai. O medo é um aspecto que sempre nos acompanhou.
A primeira reação, natural, frente a qualquer temor, é o da paralisação... não sabemos, exatamente, o que fazer. É natural, mas não pode ser determinante.
Até porque a outra reação, que guarda mais referências com a nossa escala de evolução, é a do enfrentamento do medo.
Pense em uma situação selvagem, por exemplo: um predador qualquer encontrou a sua presa. Ambos serão movidos pelo medo - um, guarda o medo de passar fome; outro, o medo de virar refeição e deixar de existir... E é, exatamente, o medo que vai movimentá-los - um, para alcançar a presa e garantir sua sobrevivência; outro, para safar-se e garantir, também, a mesma sobrevivência.
E o simbolismo da sobrevivência pode ajudar-nos um pouco nestas reflexões. Todos estamos buscando os caminhos da sobrevivência.
Saindo da esfera selvagem e olhando um pouco para as etapas de evolução humana, é certo dizer que foram os enfrentamentos das mais diversas situações de medo que nos fizeram chegar até aqui.
É preciso colocar-se alerta quando em instantes de medo. A posição de alerta funciona um pouco como aquela de paralisação - e agora? Como reagir? De que forças eu vou precisar para essa reação?... Essas e outras questões devem surgir nesse momento. -, para preparar corpo e mente ao enfrentamento.
E, neste momento, chegamos à ilustração da sobrevivência referida acima. Tudo começa com um movimento. O movimento é o pressuposto do enfrentamento. Para enfrentar a situação de medo, faz-se necessário que estabeleçamos algum tipo de movimento... Não à toa, a figura é exatamente oposta à da paralisação.
Quando nos movimentamos, toda a nossa fisiologia prepara-se para a busca das soluções necessárias. E é nesse processo que conseguimos enxergar outras dimensões, outros parâmetros acerca das situações que nos causaram medo. É por isso, ainda, que os manuais ensinam-nos a portar-se diante das variáveis de medo com olhos de analista. Primeiro, certifico-me do cenário - onde estou, o que me causou medo, as possibilidades que me chegam etc. -, para reagir, conforme, exatamente, essa análise.
As situações de medo até podem paralisar-nos a princípio. Mas deve ser uma paralisação para que ganhemos energia de reação.