segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Professor, o influenciador

Os amigos que trabalham em Educação sabem bem do papel influenciador do Professor. Via de regra, à medida em que criamos mais ou menos vínculo com os estudantes, estabelecemos um papel modelar, nem sempre muito bem consciente.
E o problema está, justamente, nesta variável da consciência. Como a questão da influência pode ser para um lado, ou para o outro, é, exatamente, o quanto pudermos estar conscientes nos caminhos dos vínculos que representará os nossos propósitos.
Temos muito o que aprender com o pessoal da Educação Infantil, nesse quesito. Neste estágio, percebemos uma maior preocupação com os vínculos e com os cuidados em relação ao desenvolvimento da criança.
Depois, com o passar dos anos, tudo vai se degringolando. Professores, alunos, pais, comunidade e escola, todos associam o estágio da adolescência e da juventude como uma instância problemática e em relação à qual pouco pode ser feito. O pior é quando essa associação vira crença e torna-se parte de uma relação cultural: "Os adolescentes e os jovens não têm jeito mesmo e é melhor não investir em seu desenvolvimento...". E todo aquele afeto, cuidado e preocupação que se viam nos espaços de educação infantil perdem-se nos caminhos da evolução.
E aí, meu amigo, os adolescentes e os jovens veem-se sozinhos nos rumos do desenvolvimento. Grande parte deles vai lembrar-se de algumas referências de seus professores, e é aqui que entra a tal influência. Que pode ser de um ou de vários professores. Se esse processo foi positivo, os caminhos também ficam positivos.
Nossa responsabilidade cresce a partir dessa constatação. Não são só os domínios técnicos, metodológicos e de comportamento que vão determinar essa positividade; as variáveis relacionadas ao desenvolvimento das habilidades não cognitivas (equilíbrio emocional, determinação, sociabilidade, protagonismo e liderança, coletividade etc.) vão ser de suma importância. Para alunos e professores, veja bem!
Tanto professores, quanto alunos, devem experimentar situações em que as tais habilidades não cognitivas sejam motivadas ao desenvolvimento. E esse propósito deve fazer parte dos planejamentos, também.
Rodas de conversas, atividades extra-classe, trabalhos de campo, ampliação de leitura de mundo... tudo isso pode ajudar, e muito! Tanto para os alunos, quanto para os professores, preciso repetir. Um bom caminho, para os que se veem ainda presos à preocupação com os componentes curriculares, é inserir, gradativamente, em concomitância com o caminhar dos referentes técnicos trabalhados em sala, debates e reflexões acerca do mundo exterior. Assim, por exemplo, um conceito de História e Geografia pode ser ampliado com uma notícia que vimos no telejornal da noite anterior.
Essa metodologia é o que eu chamo de criação de laboratórios. Paralelamente ao trabalho curricular, todos envolvem-se em momentos de experimentação - prática ou reflexiva -, em que os conceitos reduzidos de "certo" ou "errado" desvanecem-se pelas trilhas. É muito interessante...
E, de quebra, solidificam-se os vínculos. Com os vínculos solidificados, cresce, sobremaneira, a chance de que as influências - essa característica dos professores - sejam as mais positivas possíveis.

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