segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Feliz Ano Novo


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Recesso - Natal e Ano Novo


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Pausa

Agora, é tempo de pensar na pausa de que tanto precisamos para redobrar as energias no retorno.
Pausa que implica, no processo positivo de desenvolvimento, uma avaliação de tudo o que somos, de tudo o que fomos, de tudo o que fizemos. A evolução pessoal é consequência dessas avaliações que fazemos.
Errar ou acertar são processos naturais de quem tenta o movimento. A principal evolução está na competência - que temos ou a ser desenvolvida - de avaliar cada movimento que fazemos. E esse é o principal pressuposto de quem está preocupado com os rumos que seus passos tomam: buscar nas reflexões os termômetros de cada caminhada.
O blog O SABER EM PAUTA continuará a ser um espaço de reflexões cada vez mais elaboradas... Nesse caminho, tenho muito o que agradecer a cada um dos leitores que muito têm me animado na produção dessas publicações. Continuem participando desse processo de pensamento, em que os nossos rumos sejam objetos de constantes avaliações.
Agora é tempo de pausa... E dessa pausa, fazer crescer as motivações para tornarem sólido o caminho de evolução profissional.
Um grande abraço a todos! As publicações retornam no dia 11 de janeiro de 2016. Um sagrado e iluminado Natal a todos... e um venturoso 2016!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Anotações - Recomeçar

Há uma música, de composição do Frejat, Maurício Barros e Mauro Santa Cecília, que, para mim, permite uma leitura bastante interessante do pressuposto de recomeçar. Na canção, há uma lista de desejos que têm tudo a ver com a vida que vivemos - tristezas, alegrias, amigos, amor, dinheiro e recomeço. Se não a conhece, dê uma olhadinha nesse link, para desfrutar.
Na música, o pressuposto do recomeço é o do amor. Claro que a ideia de amor é uma ideia forte, mas caberia muita reflexão para se pensar só no amor. Fiquemos, se me permitem, com a referência do recomeço, apenas.
São necessárias muita coragem e disposição para recomeçar algo. De saída, essa variável já nos assusta e pode nos impelir ao comodismo. Mas só o recomeço pode nos fazer valer a vida. Recomeço de uma ideia, recomeço de uma postura, recomeço de um relacionamento (ainda que seja o mesmo relacionamento, recomeçado cotidianamente...), recomeça de uma proposta...
Faço meu o desejo da música. Que você tenha sempre uma grande paixão pela vida, e que ela - a paixão - seja constantemente o seu combustível para novos recomeços.






terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Anotações - A infância

Como o referencial lúdico é um dos temas caros nestas publicações, pensei nas variáveis dos trabalhos e das relações com crianças, com que me envolvo em algumas ações.
O posicionamento das crianças é algo fantástico de elaborar reflexões sobre a vida. Partindo da espontaneidade, caminhando pela sinceridade, refletindo-se no espírito de alegria com que preenche seus afazeres, as crianças têm muito a nos ensinar.
Outro dia, em um dos trabalhos voltados ao público adulto, referi-me à capacidade autêntica e dinâmica das crianças em experimentar o fazer. A criança, quando estimulada positivamente e bem acolhida, não tem medo em experimentar a realização do que lhe é proposto. O adulto, ainda que acolhido e estimulado, ressente-se de arriscar o fazer.
Entender as dinâmicas da infância é reencontrar-se com a criança que fomos. E que dorme, aguardando nosso chamado, para salvarmo-nos das situações que pedem a criatividade e a alegria. Se encontramos essa criança, e aprendemos a acolhê-la quando necessário, o resultado é a alma em festa, carregada de voos e de esperança.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Educação, um exercício de sensibilidade

Como é difícil empreender um trabalho positivo e carregado de significados em Educação. Na análise de tudo o que aconteceu este ano, sobram incertezas e um pouco de desilusão. Do ponto de vista político, caminhamos para uma realidade em que deixamos de acreditar nas esferas públicas; do ponto de vista privado, enxergamos visões mercenárias de quem quer apenas ganhar dinheiro com o ramo pedagógico; do ponto de vista dos alunos, ficamos confusos em saber o quanto estão, de fato, comprometidos com a melhoria de qualidade na Educação; do ponto de vista dos professores, não conseguimos dimensionar, realisticamente, o quanto estão comprometidos com um trabalho mais positivo; do ponto de vista das estruturas físicas, não vemos muitos avanços...
Poderia ser ruim, não é? Desalentador para a elaboração de novas programações e planejamentos, não é mesmo?
Não, não é. O que está posto aí acima é uma visão generalizada de uma realidade, limitada a uma zona de conforto que me impede de avançar o olhar.
O trabalho com Educação pressupõe um exercício de sensibilidade além dos limites. O Educador é alguém que navega acima das realidades superficiais que nos confundem o olhar. Além das leituras rasas que nos ensinaram a fazer. Nada está plenamente acertado, nem desalentadamente fracassado. Tudo está por acontecer. É o processo dinâmico de vida, tal respirar, tal olhar. O que devo ver está acima das mensurações simples que fazemos. O que vejo é o que está acontecendo - dinâmico e cheio de possibilidades. É o resultado das minhas ações diante desse panorama que define os próximos rumos. E até posso escolher ficar parado, mas esse estacionar precisa ser uma ação, não uma acomodação.
Buscar a sensibilidade além dos limites é fazer uma escolha pela natureza filosófica de que somos constituídos. Como na máxima que preconiza o fato de existirmos porque pensamos. Simples assim.
O pensamento, base da capacidade reflexiva do ser humano, é o principal combustível que nos ergue acima das rasas premissas. No pensar está embutida a principal referência que nos deixa a vontade de rever: se estão certas, busco replicar e compartilhar as experiências; se estão equivocadas, busco a revisão dos equívocos; se faltou algo, penso na complementação dos vazios; se sobrou, penso na redimensão das medidas... e assim por diante. Ser pensante é estar em profundo incômodo com o que não se refletiu.
Nesse caminho, havemos de lembrar que vivemos em sociedade e que, certamente, existem outros pensantes, também dispostos a modificarem as realidades em que vivemos. É com esse grupo que vou direcionar minha energia. Energia na troca de informações, nas solidariedades de compartilhamento, nas audições entusiasmadas de ideias, na divisão de forças necessárias às transformações.
E é na prática desse exercício de sensibilidade que vislumbro o desenvolvimento positivo de qualquer trabalho. Em Educação, esse pensamento é a mola mestra das realizações.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Anotações - "Conhecimento não tira férias"

Tudo bem, vai parecer provocação, mas uma propaganda que vi recentemente, trazia essa mensagem, tão em consonância com as ideias publicadas aqui: "O conhecimento não tira férias".
A Educação, tão logo, promove as sonhadas férias dos professores e agentes pedagógicos. Claro que é bom pensar em um descanso - tão merecido. O corpo e a mente pedem esse relaxamento e as baterias, como nos ensina o senso comum, precisam ser recarregadas.
Entretanto, temos uma responsabilidade que não nos deixa outra saída senão conciliar a necessidade de descanso com a máxima de que o conhecimento não tira férias. Talvez a saída seja pensar que aprender algo novo não implica, necessariamente, algo chato, nem que tenha vinculações formais. Podemos exercitar nossas percepções para que o espaço de aprendizagens esteja sempre sintonizado com as vivências e experiências que retemos nos cotidianos da vida, esteja ela nas ocorrências que acontecerem. Assim, é possível aprender caminhando nas areias de uma praia, extasiando-se em uma cachoeira, vivendo uma experiência gastronômica diferente, visitando espaços turísticos os mais diversos, e assim por diante.
O que determina a nossa capacidade de transformar as vivências em aprendizagens é a percepção exercitada das experimentações que acontecem conosco. É precisamos que estejamos despertos e atentos a todas as variáveis de vida que nos chegam. Assim, aprender passa a ser uma rotina nos rumos da nossa evolução, onde quer que estejamos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Anotações - Outro plano

Em entrevista recente ao jornal Folha de São Paulo, o ator Marco Ricca fala de sua carreira e de sua visão sobre a arte de representar (F.S.Paulo, 06/12/2015, Pág. C2). Em meio a sua exposição, uma das respostas chamou-me a atenção: "Minha cabeça está sempre preparada para um outro plano. E não é plano B. É só outro plano.".
Pensei na ideia da necessidade de adaptação às eventuais mudanças que nos acontecem e o quanto precisamos estar preparados para essas situações. Às vezes, a referência de reinventar-se frente às intempéries ganha dimensões de alto valor significativo; reinventar-se exige um posicionamento consciente sobre as mudanças.
E não é, como nos ensina a cultura comum, apenas ter um plano B (como se houvesse uma hierarquia valorativa de planos a nos socorrerem - o plano A é melhor do que o plano B, que é melhor do que o C, e assim por diante). "É só outro plano.", diz o ator, chamando a atenção reflexiva para a questão das alternativas que precisamos ter em nossos caminhos. O nosso planejamento de vida exige que tenhamos alternativas, a serem aplicadas conforme o soprar dos ventos. Ter alternativas (ter repertório) é o que importa, na variável de empreendimento. Quanto mais repertório de atuação temos ao empreender nossos caminhos, tanto mais possibilidade de desenvolvimento podemos vislumbrar.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Fechamento de Ano

Praticamente, o ano letivo nas escolas está concluído. Enquanto uma parte dos alunos faz conta para determinar o quanto precisa de nota para fechar na média de aprovação, é tempo para que os  atores pedagógicos busquem a ampliação das reflexões que movimentaram os espaços neste ano. Neste espaço de reflexão, podem surgir demandas pedagógicas a contribuírem para as atividades e ações do novo ano.
E não faltaram temas para suscitarem pensamentos. Desde as crises política e econômica enfrentadas pelo país, passando pelos desastres ecológicos (movidos pela ganância humana?), incluída aí a movimentação dos estudantes paulistas que ocuparam escolas em um clamor de defesa da qualidade na Educação. Assunto é que não faltou, fiquemos certos disso.
Cabe a nós, pensadores, transformarmos cada um desses assuntos em propósito filosófico. E daí, aumentarmos o repertório (nosso e o dos alunos), em um movimento de desenvolvimento do saber.
A ideia de conclusão de um trabalho - no nosso caso, de um ano letivo -, no processo de desenvolvimento pessoal, deve ser encarado como uma oportunidade para a elaboração de uma variável analítica de o quanto deu certo, de o quanto não deu. Dessa análise, espera-se o nosso posicionamento na correção de rumos, na consolidação de acertos, na renovação de propósitos, na evolução de projetos.
Esse é o movimento mais natural de evolução. A cada ciclo de trabalhos, analisam-se todos os pressupostos que movimentaram o fazer daquele ciclo. E, com esse material, estudam-se as possibilidades de transformações que podem positivar os resultados futuros. Aliás, aquele planejamento de que falamos nos inícios só podem ser levados a bom termo após as leituras analíticas que fizermos das experiências desenvolvidas. O bom profissional de Educação entende que o desenvolvimento de seu trabalho exige mesmo essa entrega e disposição.
O resultado mais visível é a evolução profissional que conduz à evolução dos trabalhos. Em Educação, essa conta é a das mais importantes e significativas.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Anotações - Sobre o entendimento da vida: lições de Câmara Cascudo

O saudoso Mestre Luís da Câmara Cascudo tinha uma máxima, lembrada pelo jornalista Osair Vasconcelos, que bem vale uma reflexão: "O segredo da vida está no entendimento. Se você não entende a vida, torna-se um desajustado.".
Vivemos tempos em que, além de entender a vida, precisamos, também dar significado e entendimento ao que a vida nos reserva. Não podemos, simplesmente, deixar a vida nos levar, como na canção.
Dar entendimento e significado ao que chega é perceber-nos nos movimentos em que nos colocamos. Em que nos colocamos ou nos que somos colocados, já que um pouco de metafísica não faz mal a ninguém. Há um dinamismo todo em viver que, se não tomamos cuidados, acabamos sendo levados nas rodas vivas de que reclamamos tanto, deixando-nos em um limbo de acomodação e de cotidiano rotineiros, nos quais pensamos pouco, sentimos menos ainda e cegamo-nos demasiadamente às percepções necessárias. Acho que é o tal "desajuste" de que fala o Mestre Cascudo.
A ideia de entender algo é referência complexa e elaborada, nos caminhos do desenvolvimento e do aperfeiçoamento. Entender a vida, por sua vez, é o maior exercício a realizarmos, se não quisermos ficar desajustados nos rumos que nos chegam e nos que devemos alcançar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Anotações - A questão do julgamento crítico

Recente matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo aborda o pensamento do físico e professor da USP André Martins, segundo o qual os nossos mecanismos mentais fazem com que sejamos tendenciosos nos raciocínios lógicos e de julgamentos críticos. É um estudo interessante, sobretudo porque mostra como funciona o nosso cérebro quando precisamos fazer análises sobre questões que nos acomete o cotidiano em que vivemos. Nesse conceito, diz o professor que a neutralidade não existe e que, via de regra, assumimos posturas e posições parciais, segundo uma série de elementos que a nossa mente adota como raciocínio. (A matéria saiu na Folha de S. Paulo no sábado, dia 28 de novembro de 2015, pág. B10).
O tema é interessante para pensarmos em como conduzimos os nossos raciocínios diante das necessidades de julgamentos por que passamos em nosso cotidiano - o estudo do professor André Martins propõe alguns caminhos seguidos pelo nosso cérebro: o primeiro deles é o que ele chama de "viés de confirmação", a partir do qual minha análise fundamenta-se na adequação dos fatos às posições que escolho assumir; o segundo, é o que ele denomina de "pensamento de grupo", bem reconhecido na sociedade: o meu posicionamento ajusta-se ao posicionamento do grupo em que estou inserido; o terceiro, chamado pelo estudioso de "viés da autoconveniência" é o que determina o meu posicionamento conforme o interesse e os ganhos que tenho dos fatos críticos; o quarto, que recebe a denominação de "problema de calibração", está relacionado à tendência que temos a considerar que sabemos mais e temos mais domínio de conhecimento do que os outros; o outro caminho, chamado de "simplificação do problema" é o que responde pelos julgamentos rápidos e desprovidos de algum estudo; por fim, a "ilusão de controle" deixa-nos com o problema de que o nosso julgamento é o caminho da resolução inabalável dos conflitos que mediamos.
Penso que o assunto é significativo para ampliarmos nossas reflexões sobre como nos comportamos diante da necessidade de elaboração de julgamentos críticos. 

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A Formação Prática

A questão da importância da formação prática do professor veio à tona em fala do nosso Ministro da Educação, por esses dias. Mas, confesso, que a vontade de escrever sobre esse tema não me foi motivada pela fala do ministro; já há algum tempo, percebo a lacuna que a formação prática representa na carreira dos educadores. A bem da verdade, na carreira de qualquer profissional.
Em Educação, como o princípio de trabalho é o desenvolvimento do ser humano, a questão ganha contornos de maior complexidade. Em sendo o ser humano uma instituição dinâmica e suscetível às variadas interferências, o trabalho torna-se mais elaborado.
O problema da formação prática é que o seu desenvolvimento pressupõe um encaminhamento bastante diferente dos estudos teóricos... ou melhor dizendo, os estudos teóricos serão elementos tangenciadores daquela formação. Para a elaboração do desenvolvimento da prática, são exigidas algumas características particulares do profissional: criatividade, inovação, senso apurado de reflexão e crítica e percepção do entorno em que está inserido.
A percepção do entorno determina a consciência de todos os elementos (físicos ou não) que refletem na atuação; as variáveis de criatividade e inovação serão os conceitos que provocarão modificações - extremamente pensadas - acerca dos princípios teóricos das formações básicas; o senso apurado de reflexão e crítica é que será responsável pelos desenvolvimentos das competências e habilidades para uma boa organização prática do trabalho.
De saída, podemos perceber, até por questões óbvias, que não se pode pensar em uma formação prática institucionalizada - algo como uma disciplina ou um curso que promova este viés da formação profissional. As instituições deveriam criar laboratórios em que o profissional em desenvolvimento possa ter acesso constante a grupos de estudos e/ou de reflexões valorativos às questões de ordem prática.
Por outro lado, o próprio profissional deve ser agente autoral de seus processos de desenvolvimento. Assim, tanto o aspecto teórico quanto o prático devem ser objetos de preocupação e de críticas nos caminhos de evolução profissional.
Do que precisamos é de uma visão holística de formação para que o trabalho em Educação tenha um alcance pleno e integral, em relação à transformação das sociedades.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Anotações - Entusiasmo

Transformar em entusiasmo a vontade de ensinar e de aprender é o movimento de maior significação, tanto para mestres quanto para aprendizes. Para alguns dicionários, o sentido da palavra "entusiasmo" remete à ideia de paixão viva, de alegria, de exaltação criadora. Podemos, ainda, pensar a referência de entusiasmo como algo que nos dá sentido para a realização de algo, de forma viva e contagiante.
Em relação ao propósito de desenvolvimento pessoal, a possibilidade de realizar algo com entusiasmo já significa uma grande vantagem. Trazer alegria e paixão viva ao que se pretende, ainda que tenha o seu caráter metafísico, são características notadas de várias realizações. Quem já entra em campo com entusiasmo percorre o caminho com energia redobrada.
É preciso que tenhamos cuidado para não deixar as agruras do cotidiano e as mazelas perdidas pelos caminhos sugarem nossa força e a vontade de alcançar os objetivos. E é um cuidado constante e atento, já que as mazelas e as agruras estão soltas em todas as esquinas e quadras dos nossos rumos... aliás, uma de suas missões mais bem sucedidas é, justamente, a de fazer com que desistamos de nossos propósitos.
O entusiasmo, ao contrário, não está solto por aí. Mas, se olharmos bem, não será difícil também encontrar as mais variadas experiências que o fazem desabrochar em nossas intenções e ações.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Anotações - Sobre a ética e a moral

Vivemos tempos de crise, é verdade. A questão é que não penso na crise econômica e financeira, como todos propagam. Meus pensamentos voltam-se para a crise política, que faz balançar a esperança de uma transformação social. E, no entorno dessa crise política, sobressai a questão da ética e da moral, valores distorcidos de há muito.
Enquanto mergulhamos nas nossas questões de consciência frente os problemas que enfrentamos no dia a dia, nossos ideais de valores vão se perdendo nas relações de conveniência que estabelecemos, de maneira frágil, flutuando aos ditames do que interessa e do que não interessa, no correr da carruagem.
Não pode ser assim. É preciso que estabeleçamos princípios éticos e morais, independentes de vantagens que possamos receber, para não sucumbir às intempéries que nos chegam. Sobretudo, porque esses princípios são o sustentáculo dos nossos posicionamentos.
E é preciso, também, que saibamos enxergar as doenças que acometeram a modernidade e a transformaram nesse desvirtuar de valores e de qualidades.
Penso que a Educação, em sua instituição privilegiada de formar cidadãos, pode - e deve - aproveitar o mote, para incorporar os conceitos de ética e de moral em seus componentes curriculares. E que consiga levar esse tema como aspecto reflexivo constante, ideal para o aprimoramento das pessoas.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A questão do analfabetismo social - Parte 2

Volto ao tema do analfabetismo social, que vigora em nossos tempos, responsável pelo afastamento dos vínculos sociais reais. E o que é mais impactante em minha observação é a naturalidade com que o fenômeno ganha dimensão.
Nos dias de hoje, o "isolacionismo" (desculpem-me pela invenção do termo, se ele não existir...) ganha contornos de sofisticação e de estilo. Mas o que está em jogo é a questão do distanciamento das coisas e das pessoas reais. É preciso que se repita: vivemos em sociedade e dela retiramos nossas experiências de convivência, de formação intelectual e de aprimoramento dos traquejos emocionais frente às vicissitudes que devemos enfrentar no processo de evolução pessoal.
Quanto mais nos afastamos dos caminhos reais de convivência, menos nos aprimoramos nas habilidades de que precisaremos para a formação humana ideal.
Os aparatos tecnológicos de que nos valemos, em nome do conforto moderno, acabaram sendo os principais vilões, responsáveis pelo afastamento dos vínculos reais. Mas é bom que se diga que eles não guardam, por si, essa responsabilidade. Os aparelhos tecnológicos são mera ferramentas; o uso que fazemos delas é que estabelecem esse padrão de distanciamento social.
Assim, se eu não sei usar o aparelho de telefone celular, o problema está comigo e não com o equipamento. E cito o telefone celular, pois, em minha opinião, ele acabou sendo a principal ilustração desse viés de analfabetismo, sobre o qual temos que refletir. Os deslumbres e os desvios de condutas acabaram transformando algumas pessoas em distanciadores do mundo real.
Já começa no aspecto visual de quem se entrega aos cliques da maquininha iluminada: a cabeça baixa e o olhar absorto no equipamento. Assim, o mundo real - cheio de experiências e de caminhos de aprendizagens - passa ao largo da compreensão e das sensações.
A utilização de uma ferramenta, seja ela qual for, precisa passar por um viés de consciência, em que o operador entenda que o usufruto dos benefícios daquela ferramenta deve estar atrelado a um conjunto de competências - desenvolvidas ou a serem. A leitura de que o melhor aproveitamento daqueles benefícios será tanto mais elaborado depende de quanto as experiências sociais e emocionais estão mais exercitadas. Quanto mais tenho repertório de convivências (sociais, emocionais, intelectuais etc.), tanto mais estou capacitado ao desenvolvimento das competências que me facultam ao desenvolvimento pessoal.
O analfabetismo social, penso, ainda não é uma tragédia, mas é preciso que estejamos alertas a esses processos silenciosos que privilegiam o afastamento das reais convivências. No plano principal de quem pensa a Educação e o Desenvolvimento Pessoal está a preocupação em que os sujeitos não se distanciem, fisicamente, das relações humanas e sociais.



quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Feriado - Dia Nacional da Consciência Negra


Anotações - Como você vê a vida?

Estava conversando com amigos sobre a maneira com que nossa mente direciona a visão da vida, das coisas que acontecem ao nosso redor ou conosco. Chegamos ao ponto em que concordamos com a observação de que há um prestígio da variável negativista da vida, por parte da maioria dos seres humanos. É assim, por exemplo, que nos debruçamos mais em lamúrias do que em comemorações de conquistas... Curiosamente, e a bem da verdade, temos mais motivos para comemorações do que para lamúrias.
Há uma tendência admirável para a percepção negativa da vida. Se temos uma lista de 10 tarefas, das quais em nove verificaram-se conquistas, nosso cérebro vai registrar em maior dimensão, justamente, aquela uma em que fracassamos... E vai tomar essa dimensão como verdade: "Puxa, fracassei!..."... "Caramba, nada dá certo!"...
É preciso que exercitemos, sempre, a transformação desse pensamento e que sejamos mais honestos com as nossas ações. Precisamos valorizar as conquistas e os sucessos, sobretudo, para trazer à nossa mente as percepções de o quanto somos capazes e batalhadores. E, ainda, para treinar a nossa mente à consciência dessas percepções.
A cultura do negativo é uma espécie de armadilha que o nosso cérebro prepara, visando com que nos sabotemos em nossas potencialidades. Se eu acredito, tomando por ilustração o exemplo acima das 10 tarefas, que aquela única variável que não deu certo é a medida do meu desempenho, aí nada mais vai adiantar. Mas se eu coloco na balança, em proporções de significação, as medidas do que alcancei sucesso e as do que não consegui realizar, começo a enxergar com mais racionalidade meus propósitos e as energias que preciso dispender para realizá-los.
Nesse caminho, o processo de desenvolvimento pessoal terá um rumo mais positivo de atitudes e realizações.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Anotações - A formação cultural

Recentemente, li algo sobre a questão da formação cultural dos educadores. O artigo versava sobre a deficiência deste aspecto de formação no desenvolvimento dos profissionais de Educação. Mencionando as variáveis de consolidação da bagagem cultural, na ideia de formação de um repertório, o texto expunha a necessidade do conhecimento das diferentes representações artísticas e manifestações culturais nos processos de evolução pessoal. Referenciando-se aos educadores, a premissa básica era a de expansão da realidade, o que propiciava maior positivação do aprendizado. O pressuposto geral já é nosso velho conhecido: não se pode ensinar o que não se conhece.
Acredito que é possível expandir a reflexão para todos os profissionais - investir na formação cultural é base para um desenvolvimento profissional mais positivo e seguro quanto às variações da vida.
Ao constituir-se de uma referência cultural ampla e diversa, a pessoa vê-se melhor preparada para as intempéries que surgirão.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A questão do analfabetismo social

Volto ao tema dos analfabetismos que acometem a modernidade. Desta vez, queria discorrer um pouco mais sobre ao analfabetismo social. É questão que considero de relevada reflexão, haja vista que a busca de um caminho de desenvolvimento em que aprendamos a nos relacionar com o outro configura-se um grande desafio. Sobretudo, porque grande parte de nós vive os caminhos dos frágeis relacionamentos digitais.
O relacionamento digital permite-nos uma superficialidade, um descompromisso, que aparenta certa tranquilidade. Viver uma interação social de verdade exige certos pressupostos: melhora da intercomunicação, socialização, disponibilidade, paciência, senso de alteridade, respeito, colaboração... É essa exigência toda que confere aos contatos digitais a aparência de leveza e descompromisso. Relacionar-se de verdade dá trabalho... e muito!
Vivemos tempos em que desconhecemos os aspectos sociais de trocas e/ou de colaboração para o crescimento mútuo e interpessoal. Em alguns casos, a simples possibilidade da necessidade de se relacionar com o outro causa estranheza, senão medo. Conversar com o outro, às vezes em situações corriqueiras como pedir informações, vira um contexto de pavor.
A ideia de desenvolvimento pessoal traz uma referência de coletividade, a partir da qual o contexto social torna-se uma premissa significativa: é necessário estar com o outro; é necessário aprender com o outro; é necessário ensinar o outro. É o pressuposto da convivência. Viver com.
Nesse espaço de troca, há uma facilidade muito grande para o enriquecimento das reflexões. O que pode representar uma maior consistência das aprendizagens. E é quando as aprendizagens são consistentes que podemos falar de um processo de evolução positivo.
Exercitemos, pois, os mecanismos reais de interação social, a partir do estabelecimento de encontros. A ideia de encontrar-se guarda uma relação de sentidos nas trocas. Trocas de informações, trocas de posicionamentos, trocas de conteúdos, trocas de aspectos valorativos a propósito das formações culturais, e por aí vai.
Encontrar-se é o caminho mais natural de estarmos juntos, de verdade. E é preciso tanto que estejamos juntos, criando teias de relacionamentos reais em que todos ganhem algo. Nesse movimento, o propósito de evolução ganha contorno mais significativo.
Se pensarmos que a variável de analfabetismo social é uma questão cultural, resultado da modernidade que nos relegou aos cliques de uma ação mecânica, podemos acreditar que é possível mudar esse panorama. Toda referência cultural deve ser objeto de reflexão constante, para que, se não estiver sendo positiva, possamos buscar alterações de rotas nos caminhos de desenvolvimento. A arte do encontro, como disse o poeta, é uma dessas alterações de rotas no combate do analfabetismo social.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Anotações - Mais um pouco de poesia (A sensibilidade)

Em Educação, exercitar a sensibilidade traz um certo conforto de pensamentos. É quando estou com a minha sensibilidade aguçada, que posso entender melhor as dificuldades que circundam os meus caminhos de atuação.
Conversando com uma professora, recentemente, ela abordou a questão da dificuldade em integrar a família nos problemas de desenvolvimento dos filhos. Questão comum a vários professores, não é mesmo?
Por um lado, não é possível fechar os olhos às tentativas de correção dos rumos de evolução das crianças; por outro, nem sempre é fácil contar com a cumplicidade dos pais, que, ao invés de buscarem a promoção do desenvolvimento dos filhos, consideram mais eficiente castigá-los (quase sempre, castigos físicos).
A tentativa de busca de uma solução que, ao mesmo tempo, preserve a criança destes castigos ineficientes e integre a família aos caminhos de desenvolvimento parece colocar-nos em um fio de navalha, de sustentação frágil. E precisamos caminhar nesse fio de navalha, exercitando constantemente a nossa sensibilidade para uma realidade que, quase sempre, nos impele a pensamentos não muito claros de atuação.
A atuação do professor, comprometido com o senso de desenvolvimento humano, precisa estar acima dos procedimentos técnicos e rasos, que parecem soluções fáceis dos grandes problemas que enfrentamos em nossos caminhos pedagógicos.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Anotações - A família na Escola

Penso que, dada a dimensão que esse assunto traz, a ideia de trazer a família para o ambiente da Escola mereça um pouco de reflexão.
Recentemente, participei de uma atividade integrante desse evento - trazer a família para a Escola e fiquei admirado. Claro que não tive condições de julgar melhor os caminhos de organização e de elaboração, pois fui apenas convidado para uma programação. O que me causou admiração foi a percepção de o quanto se desenvolveu naquele dia. A Escola estava toda permeada de atividades - todas com uma aparência de elaboração muito bem organizada e, para mim (visitante) reinava um clima de felicidade e de integração.
Quando se pensa em trazer a família para a Escola, considero que é necessário que haja algo significativo; que apresente a Escola como um espaço que propicia, além do desenvolvimento intelectual e técnico, variáveis de experimentação criativa e emocional, em que as relações ganhem subsídios para novos entendimentos sobre a evolução pessoal. Assim, a música pode ser um componente para que os pais vejam os filhos como realizadores de uma nova vivência; a arte pode ser outro caminho desses; a literatura, idem. E os componentes curriculares ganham releituras, tanto por parte dos professores, quanto dos pais e dos alunos. E a comunidade do entorno pode ver a Escola como um espaço real de aprimoramento pessoal.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A importância da Educação Infantil

Nos caminhos da evolução pessoal, é consenso entender que as variáveis estimuladoras no desenvolvimento humano, ocorridas nos primeiros anos, é de fundamental importância para a concretização de um adulto melhor.
Assim, conforme as motivações de aprendizagens a que as crianças têm acesso nos primeiros anos (principalmente de 0 a 6 anos), a tendência de aprimoramento dos referenciais de aprendizagens acentua-se de maneira inquestionável.
Do ponto de vista da escolarização, essa é a fase do que convencionamos chamar de Educação Infantil. Nessa fase, via de regra, independente do sistema metodológico a que esteja jurisdicionada, a Escola oferece um conjunto de práticas e de motivações bastante interessantes para relevar a importância desse momento.
É aqui que a criança experimenta os maiores níveis de felicidade em relação aos processos de aprendizagens e de convivência social; é aqui que a criança está mais suscetível às apreensões mais variadas; é aqui que a criança está mais disponível para o entendimento das diversas regras sociais que enfrentará ao longo da vida; é aqui que a criança está mais pronta para os diversos movimentos facilitadores do seu desenvolvimento motor; e a lista ainda pode ser bem maior.
Não é demais, então, dizer que a Educação Infantil tem uma importância altamente significativa como base principal do desenvolvimento humano. A maneira como a criança for estimulada neste período influencia, sobremaneira, os rumos de evolução pessoal por que ela passará ao longo de sua vida. Assim, o entendimento dos estímulos, das motivações, dos comportamentos, das atividades desenvolvidos nesses tempos propicia uma reflexão mais apurada sobre o aperfeiçoamento e as habilidades desejados no processo de transformação da criança.
Consequência imediata dessa análise é a necessidade de valorização e de reconhecimento das atuações dos profissionais de Educação Infantil, tão bem entendidos em locais mais evoluídos. Os profissionais desse ciclo, de uma maneira geral, são altamente comprometidos com as ideias básicas da Educação: promover o desenvolvimento integral do ser humano. Lamentavelmente, a nossa formação cultural inverteu o reconhecimento dos patamares educacionais: os professores dos níveis universitários são mais valorizados e reconhecidos do que os da Educação Infantil. Nada contra esse reconhecimento dos professores universitários, mas é preciso que a sociedade reconheça a dimensão e a responsabilidade das atuações dos profissionais que lidam com as crianças pequenas.
E que também se perceba o nível de elaboração que permeia as atividades, por mais simples que pareçam, programadas para aquele nível. É o que acontece com o brincar, por exemplo... As crianças da Educação Infantil não brincam por brincarem - no brincar, há todo um pressuposto de conceitos científicos altamente pertinentes que facultam melhores compreensões dos processos de evolução pessoal - a questão do protagonismo, o entendimento de regras e disciplinas (principalmente, sobre as dinâmicas das convivências sociais), a evolução psicológica etc.
Na outra esteira, faz-se importante, também, que os profissionais da Educação Infantil reconheçam-se, constantemente, como agentes de alta significância, criando para si mecanismos positivos de auto valorização: melhora da consciência política e profissional, aperfeiçoamentos recorrentes, reelaborações das leituras críticas do mundo e de si e por aí vai.
É quando enxergamos a possibilidade de pensarmos em adultos melhores, que vemos a Educação Infantil - tomando por base o viés pedagógico - como uma das instituições que merecem todo o nosso respeito.


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Anotações - Iniciação científica

Sempre achei a ideia de que ser cientista trazia em si algumas das reflexões mais interessantes para se pensar o desenvolvimento humano: pesquisar - testar - experimentar - analisar.
No caminho de evolução pessoal, tomando como parâmetros os conceitos científicos, a busca pelo desenvolvimento ganha um contorno didático passível de apreensão. Se eu me vir como um cientista de meu conhecimento (seja ele qual for), passo a enxergá-lo por um viés racional e metódico na busca tanto da formação, quanto do aperfeiçoamento.
De saída, a característica principal dos cientistas é a habilidade de fazer perguntas em relação ao seu objeto de estudo. É a partir das perguntas elaboradas que surgem as hipóteses a serem testadas, para validar eventuais confirmações de respostas. Tanto as hipóteses, quanto as validações, são objeto de incansáveis análises, em que se verificam possibilidades de incorreções e/ou inadequações. Só a partir dessa teia complexa de perguntas-hipóteses-análises é que surgem conceitos que vão determinar a ocorrência de soluções para aquelas perguntas.
Ao viver a variável de ser cientista, o sujeito desenvolve uma série de habilidades que vão facultar posicionamentos para as mais diversas problemáticas que surgem nos caminhos da evolução. Quando a Escola apropria-se dessa referência e busca inserir um trabalho de boa qualidade que pressuponha trabalhos de iniciação científica, a possibilidade de busca de resultados mais positivos na formação do sujeito ganha contornos concretos e de positiva realização.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Anotações - Educação pelos sentidos

A ideia de se pensar os ditames da Educação pelo viés de um trabalho que explore os sentidos do ser humano parece boa para refletir.
Vivemos tempos em que ou deixamos os nossos sentidos dormentes para as vivências externas, ou exploramos um dos sentidos mais do que os outros. A consequência principal é a falta de sensibilidade para estímulos os mais diversos que recebemos ao longo da nossa jornada; na maior parte das vezes, os tais estímulos representam orientações e lições para situações do dia a dia.
Principalmente, da Educação Infantil, temos as lições mais interessantes da importância de um trabalho da Educação pelos sentidos. Professores dali desenvolvem atividades com as crianças que exploram bastante os exercícios pelos sentidos: cantigas, brincadeiras sensoriais, destrezas manuais etc.
Nós, seres humanos, temos a compleição fisiológica dos movimentos pelos sentidos: olhamos as coisas, sentimos cheiros, ouvimos estímulos, apreendemos sabores, realizamos percepções pelo tato. Não podemos perder de vista a referência de cuidar das vivências por todos os sentidos - perceber, experimentar, aguçar. Assim, o nosso desenvolvimento completa-se na plenitude.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Anotações - A questão dos analfabetismos

Pensei, no propósito de ampliar reflexões sobre o processo de evolução humana, discorrer sobre a referência dos múltiplos analfabetismos que presenciamos (ou de que somos acometidos) nestes tempos em que atravessamos. Como são múltiplos, não será possível desenvolvê-los em uma única publicação. Assim, ao longo dos conteúdos expostos aqui, futuramente, voltarei a esse tema.
O tema veio-me em uma ocasião de viagem, lá pelos tempos atrás. quando encontrei um guia turístico extremamente consciente de seu trabalho. Sua preocupação era de tornar acessíveis todas as informações (desde as mais básicas às mais complexas) sobre os locais visitados a nós, turistas. Imediatamente, pensei em sua atuação como a de um alfabetizador; nós, ali, estávamos na situação de um analfabetismo característico - desconhecíamos todos os códigos daquela região e precisávamos de um alfabetizador (alguém que decifrasse os tais códigos e permitisse que enxergássemos as leituras variadas que os lugares poderiam nos agraciar, para podermos bem usufruir de tudo o quando pudéssemos). Fiz questão de parabenizar o guia e dizer exatamente isso para ele - que, naquele momento, ele estava nos alfabetizando, estabelecendo o paralelo pedagógico ao trabalho dele. Sua reação positiva e concordante com minhas colocações tornaram-nos amigos e deixaram-me a ideia de reflexão de o quanto somos - e podemos ser - analfabetos em determinados temas.
E, o mais importante, é só quando reconhecemos esses analfabetismos, que podemos nos movimentar para as necessárias transformações que nossos processos de evolução precisam atravessar.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Anotações - A Educação e a Cidadania

A ideia de buscarmos uma leitura reflexiva sobre o tema da cidadania no contexto pedagógico precisa ser sempre repetida.
Este mundo em que vivemos, que prioriza os avanços tecnológicos em detrimento dos relacionamentos humanos, vem levando-nos ao paradigma inaceitável de que pouco precisamos nos relacionar com o outro ser humano. Consequência imediata desse pressuposto é a falta de reconhecimento do valor das pessoas com quem nos relacionamos, relegando-as às instâncias da conveniência ou do interesse, perpassando, mesmo, pelos referenciais de desrespeito e desprestígio. Parece-me que caminhamos para um momento em que, até, deixaremos de enxergar o outro ser humano... Bom, na verdade, isso já acontece em diversas situações.
A Educação bem pode apropriar-se desse pressuposto em que vivemos e criar estruturas integradas às disposições curriculares (sem que sejam necessárias grandes mudanças nas grades), nas quais a cidadania passe a ser tópico que valorize aquelas discussões.
O lugar no mundo é um lugar coletivo, em que as atitudes, ações ou comportamentos de um interferem, diretamente, no posicionamento do outro. Assim, a ideia de cidadania pode ser ampliada em seus propósitos da busca de um ser humano melhor.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Um pouco de conversa sobre o uso do lúdico no contexto pedagógico

Eu gosto de pensar no referencial lúdico como uma estratégia de valor muito positivo, a ser inserida nas variáveis pedagógicas. Entretanto, acredito, ainda, que há muito de preconceito e desentendimento sobre a utilização do lúdico nos espaços escolares.
O que imagino como plausível e possível é a visualização de uma Escola, em que o lúdico, o imaginário e a felicidade estejam na ordem do dia para o desenvolvimento de um trabalho de formação que prime pela qualidade positiva. Para sustentar meus pensamentos, é bom que se diga que tanto o lúdico, quanto o imaginário e a felicidade devem ser pensados como ricas estratégias de redimensionamento do fazer pedagógico.
De saída, qualquer estratégia a ser utilizada como subsídio nos processos pedagógicos deve ser realizada com responsabilidade, seriedade, com planejamento e com domínio técnico. As estratégias dizem respeito a um conjunto de ações reflexivas, estruturadas para tornarem mais efetivo e positivo o trabalho. Com a ludicidade, não é diferente.
Do ponto de vista de uma mentalidade científica - para entender racionalmente o problema -, quaisquer ações reflexivas demandam um conjunto de preparações especialmente elaboradas: melhora do embasamento intelectual; aperfeiçoamento da leitura e conhecimento de mundo; desenvolvimento de competências técnicas e sócio-relacionais; cuidado nas fases de planejamento do trabalho, principalmente as que dizem respeito às variáveis de revisão e de tomada de decisão.
É possível, assim, visualizar que há muito de preparo e estudo para que uma estratégia de trabalho - no nosso caso, a utilização do lúdico - busque um processo de modificação e de transformação, em que o binômio "fazer melhor / ser melhor" seja o principal combustível das atuações.
Sem contar que, em paralelo, as instituições sociais e profissionais passam por discussões constantes e renovadas de novos conceitos e/ou temas que as modifiquem. Em Educação, como era de se esperar, não poderia ser diferente. Hoje, às reflexões sobre metodologias e estruturas curriculares somam-se as percepções desses novos temas/conceitos, dos quais, aqui, é possível destacar: a questão do protagonismo; a questão do ensino colaborativo; a necessidade do desenvolvimento de uma capacidade maior para a resolução de conflitos; e por aí vai. É com essa premissa que surge a necessidade da busca de uma formação de um novo ser humano, que assimile e apreenda as bases desses novos conceitos/temas. E essa formação precisa ser entendida em via de mão dupla: é preciso buscar a nova formação de um professor e a nova formação de um aluno.
Como vivemos um tempo em que se acentua a dicotomia entre o âmbito racional e o emocional - como se fôssemos segmentados sem ser -, vale a constatação de que falta mesmo uma visão poética do mundo, a partir da qual seja possível reconhecer a magia e os mistérios que norteiam os saberes. Descontada toda a necessária leitura acadêmica, na minha opinião está aqui a síntese do entendimento do lúdico: buscar a visão poética do mundo. Antes que atribuam à minha síntese uma pecha subjetiva, já que me vali  da palavra "poética", preciso ressaltar que a palavra aqui está utilizada no seu sentido clássico, o de sentir. Poesia, para os gregos, remetia ao instante dos sentimentos. Então, falta uma visão de mundo, em que os sentimentos diante dos estímulos sejam exercitados e colocados à mesa.
A ludicidade, assim, está relacionada ao estabelecimento de uma visão de educação mais humanizada, em torno da qual possamos acreditar que o jogo, a festa, o brinquedo, o lazer e a poesia sejam verdadeiramente entendidos como variáveis formativas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Anotações - Uma reflexão sobre o erro

Ninguém gosta muito de errar, é verdade... Acontece que é exatamente da forma como administramos os nossos erros (e os nossos acertos, também) que podemos pensar em desenvolvimento.
Lembrei-me de uma atividade de Origami que desenvolvi, há algum tempo, em uma Escola, em que quase tudo deu errado: a programação foi feita em um pátio aberto, em que se juntou várias turmas, eu perdi as estribeiras no meio da atividade, não havia muito apoio por parte da organização da Escola e por aí vai... Depois de tudo, fiquei com o incômodo que os erros me proporcionaram.
Pois, para mim, é isso. Este incômodo que ficaram com os erros geraram em mim diversos pensamentos que balizaram o que eu deveria fazer, em uma próxima ocasião, com a sedimentação das variáveis acertadas e a correção das que não saíram como esperadas. Aprender com o erro, então, ganha uma nova dimensão reflexiva: é preciso aprender com a leitura filosófica do erro - tomar do erro a consciência do que se acertou e a do que não se pode validar. Tangenciando a tudo, está a postura reflexiva de quem não se acomoda diante do que foi realizado.



terça-feira, 20 de outubro de 2015

Anotações - O Conformismo

As variáveis do impacto das mudanças em nossa vida também são temas recorrentes, aqui, nestas publicações. Acreditamos que a tese do conformismo - normalmente na instância de quem quer ficar na zona de conforto - é um dos grande males que prejudicam o desenvolvimento humano.
Dia desses, deparei-me com uma propaganda inteligente do canal de televisão Futura, cujo mote é "Conforme-se e o mundo será sempre igual". Se você não viu a propaganda, dá uma olhada aqui, nesse link.
No meu posicionamento de quem busca a evolução, não posso considerar que as coisas fiquem como estão... é preciso incomodar-se um pouco (senão bastante!) daquilo que não evolui.
Nossa tendência, justificada exatamente pela tranquilidade do que se reputa como confortável, é acomodar-se diante das trilhas da nossa vida. O que não é visto, na medida das leituras necessárias, é que esse dito conforto encobre as falhas da evolução; na verdade, nem se pode falar de evolução em relação àquilo que se conformou, que se deixou como estava.
É até compreensível que as mudanças exigem um pouco de coragem e de disposição em desbravar caminhos desconhecidos. E isso vai nos levar a patamares de enfrentamentos os mais variados. O que não se pode compreender é a falta de confiança na capacidade de transformar o mundo em que vivemos.


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A essência de ser Educador

Ser professor é a minha essência. Não porque saiba mais do que ninguém - até porque não sei mesmo -, mas pela oportunidade de entender e de participar do desenvolvimento do ser humano (inclusive o meu desenvolvimento). A ideia de estar inserido em um processo que pode transformar o desenvolvimento é minha maior motivação de querer sempre ser educador.
Quando se pensa em um trabalho em que suas ações, atitudes e reflexões estão diretamente relacionadas com a possibilidade de representar mudanças - seja em sua vida ou na de outras pessoas -, é que se toma a medida da dimensão deste fazer.
Ser educador é, exatamente, participar de um movimento de transformação. Cabe a nós, educadores que somos, na busca dessa essência, preparar-nos para as variáveis que nos permitirão a positividade do nosso trabalho. E esse caminho exige uma determinação incansável na busca do aperfeiçoamento pessoal.
Não nos esqueçamos que tudo isso é um trabalho: exige uma formação técnica que nos municie das estratégias melhores a serem tomadas diante das dificuldades; exige um conhecimento de mundo, a ser constantemente revisado, que nos prepare para todas as alternativas que forem necessárias; exige uma vivência humana altamente elaborada, que nos complete de percepções as mais diversas sobre as referências pessoais; exige um conhecimento do sistema ao qual estamos inseridos; exige uma consciência política e cidadã que transcenda nossas relações individuais e parciais...
Não nos esqueçamos, também, que tudo isso é uma convicção: exige de nós um posicionamento quase missionário de quem não se desvirtua dos objetivos maiores da evolução humana.
Ser educador é estar constantemente incomodado das coisas que não evoluem. É não se contentar com respostas prontas, nem com fórmulas desgastadas. É não se acomodar nas fáceis apreensões da vida. É buscar, insistentemente, tirar o melhor de si e daqueles que o cercam. É não esmorecer diante das leituras desestimulantes que nos chegam. É aprimorar-se, sempre, nas consciências política e humana, que fazem parte da evolução pessoal. É saber ouvir e saber falar e saber calar-se diante do que não se sabe...
O educador, em sua essência, sabe refletir sobre seus erros, para que dali surjam rumos de mudança - de comportamento, de leitura, de realizações.
A busca da essência no caminho de ser educador é o que pode mobilizar forças e variáveis para que a formação seja a mais positiva possível. É com isso que a Educação pode ser transformadora... e transformada!