segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Educação, um exercício de sensibilidade

Como é difícil empreender um trabalho positivo e carregado de significados em Educação. Na análise de tudo o que aconteceu este ano, sobram incertezas e um pouco de desilusão. Do ponto de vista político, caminhamos para uma realidade em que deixamos de acreditar nas esferas públicas; do ponto de vista privado, enxergamos visões mercenárias de quem quer apenas ganhar dinheiro com o ramo pedagógico; do ponto de vista dos alunos, ficamos confusos em saber o quanto estão, de fato, comprometidos com a melhoria de qualidade na Educação; do ponto de vista dos professores, não conseguimos dimensionar, realisticamente, o quanto estão comprometidos com um trabalho mais positivo; do ponto de vista das estruturas físicas, não vemos muitos avanços...
Poderia ser ruim, não é? Desalentador para a elaboração de novas programações e planejamentos, não é mesmo?
Não, não é. O que está posto aí acima é uma visão generalizada de uma realidade, limitada a uma zona de conforto que me impede de avançar o olhar.
O trabalho com Educação pressupõe um exercício de sensibilidade além dos limites. O Educador é alguém que navega acima das realidades superficiais que nos confundem o olhar. Além das leituras rasas que nos ensinaram a fazer. Nada está plenamente acertado, nem desalentadamente fracassado. Tudo está por acontecer. É o processo dinâmico de vida, tal respirar, tal olhar. O que devo ver está acima das mensurações simples que fazemos. O que vejo é o que está acontecendo - dinâmico e cheio de possibilidades. É o resultado das minhas ações diante desse panorama que define os próximos rumos. E até posso escolher ficar parado, mas esse estacionar precisa ser uma ação, não uma acomodação.
Buscar a sensibilidade além dos limites é fazer uma escolha pela natureza filosófica de que somos constituídos. Como na máxima que preconiza o fato de existirmos porque pensamos. Simples assim.
O pensamento, base da capacidade reflexiva do ser humano, é o principal combustível que nos ergue acima das rasas premissas. No pensar está embutida a principal referência que nos deixa a vontade de rever: se estão certas, busco replicar e compartilhar as experiências; se estão equivocadas, busco a revisão dos equívocos; se faltou algo, penso na complementação dos vazios; se sobrou, penso na redimensão das medidas... e assim por diante. Ser pensante é estar em profundo incômodo com o que não se refletiu.
Nesse caminho, havemos de lembrar que vivemos em sociedade e que, certamente, existem outros pensantes, também dispostos a modificarem as realidades em que vivemos. É com esse grupo que vou direcionar minha energia. Energia na troca de informações, nas solidariedades de compartilhamento, nas audições entusiasmadas de ideias, na divisão de forças necessárias às transformações.
E é na prática desse exercício de sensibilidade que vislumbro o desenvolvimento positivo de qualquer trabalho. Em Educação, esse pensamento é a mola mestra das realizações.

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