sexta-feira, 29 de abril de 2016

Para refletir - Força interior e força de vontade


quinta-feira, 28 de abril de 2016

Anotações - Observação e conhecimento

Aprender a observar tudo o que está ao nosso redor talvez seja um dos principais pressupostos de aquisição e construção de conhecimentos.
Estamos acostumados a passar pela vida, pelas pessoas, pelos caminhos... E, para alguns, é uma passagem destituída de atenção. Estamos envolvidos com as nossas coisas de tal forma que todos os sinais externos não são captados, e muito menos observados. Às vezes, até, nem mesmo enxergamos as pessoas com que nos deparamos pelos rumos.
No processo de desenvolvimento pessoal, toda e qualquer referência pode ser uma variável de transformação de conhecimentos... Lembre-se de que o que nos chega de forma mais clara são dados, informações, sinais. Compete-nos o exercício, às vezes trabalhoso, de processar todos esses referentes - em alguns casos, muitas das variáveis que nos chegam não nos servem, é preciso descartar.
Já no descarte, gastamos alguma energia, pois de nossa característica humana vem o instinto da acumulação. É quando guardamos elementos, mesmo que não nos sirvam para nada.
Vencida a coragem do descarte, passamos para o processo de identificação e de elaboração de conhecimentos que intencionamos serem importantes. É fase necessária, pois, dependendo da quantidade de informações e dados que processamos, nossa mente precisa ser lógica, racional: qual - ou quais - dessas variáveis são importantes para o meu caminho? E aí, estabelecemos prioridades, emergências, em um processo contínuo e determinado de construção de conhecimentos.
Quando são estabelecidos princípios de atenção - aos caminhos, às pessoas, à vida -, em uma prática de observação constante e positiva, o conhecimento é o destino dos rumos que tomamos.


terça-feira, 26 de abril de 2016

Anotações - O silêncio

O blog Conti Outra publicou, recentemente, sem identificação do autor, o que foi chamado de "As 10 Regras do Silêncio". Achei interessante... Pensei nessa sociedade moderna em que vivemos, que, em grande parte de ocasiões, nos impele a dizer algo, a fazer-se presente. Se for preciso, não devemos ter cerimônias para atropelar a fala dos outros; o que conta é o fato de marcarmos presença e dizer algo, mesmo se ninguém nos ouvir.
A publicação discorre sobre 10 preceitos reflexivos sobre a questão de nos calarmos, no sentido de aguçar a nossa capacidade interior de perceber melhor o que nos ronda. Aliás, o primeiro preceito (Devemos ficar em silêncio se não tivermos nada de válido a dizer) já foi exposto aqui, em necessária mensagem a partir de frase do escritor Jorge Luis Borges (clique aqui para rever nossa publicação). Não vou me debruçar sobre as ditas 10 regras, mas se você quiser acessar a publicação integral do Conti Outra, clique aqui.
Escolhi deter-me em duas assertivas, para explorar, por outro viés, a questão do silêncio:
  • Devemos ficar em silêncio quando nos falam, para que fique na nossa mente o que nos é dito
Não é fascinante isso? Se não percebermos o que nos é dito, como vamos reter a mensagem?... O problema é que é essa, exatamente, a questão. Na maior parte das vezes, uma conversa é proclamada com o sentido contrário ao que ela deveria - não se conversa para ouvir o outro; conversa-se para falar, simplesmente. Como chegamos a isso? Fingimos que estamos dialogando com o outro, quando na verdade estamos apenas com a intenção de dizer de nós e de nossas coisas. Ironicamente, o outro, também, está com a mesma intenção... O resultado é que ninguém se conhece ou se entende...
  • Devemos ficar calados quando nos sentimos tentados a ferir com palavras ou a criticar negativamente
De outro movimento, algumas pessoas especializaram-se em falar mal dos outros ou das ideias dos outros... simples assim! Quando aprendermos esse preceito, vamos entender que nossas manifestações não têm importância se não for para o desenvolvimento, seja de ideias, de atos ou de pessoas.
A ideia do silêncio guarda, entre tantas reflexões, a perspectiva do autoconhecimento.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

A escola com que eu sonho

Constatar que a Educação caminha a passos de desmotivação e da falta de vontade em aprender não é exercício difícil. Basta estar, de alguma forma, vinculado às realidades pedagógicas. Seja como pais, como professores, como gestores ou, simplesmente, como profissional que precisa ouvir as variáveis que se relacionam com os espaços pedagógicos, chegam-nos diversas notícias que corroboram essa premissa.
De um lado é o professor cansado e sem mais energia para transformar os caminhos. Por diversas razões, ele não encontrou motivação para se preparar melhor; por diversos fatores, vestiu-se da roupagem do desacreditar (desacredita dos alunos, das instituições, das estruturas etc); por variados motivos, não vê valor nos embasamentos filosóficos do trabalho... E, exatamente por esse conjunto de negativas, toda e qualquer possibilidade de mudança esbarra na falta óbvia da predisponibilidade.
De outro lado são os gestores, também cansados e desmotivados. Por inúmeras razões, não se prepararam adequadamente para os encargos. Por inúmeros fatores, desenvolveu a estranha competência de enumerar os culpados para os principais problemas: ora são os governos (ou os mantenedores, no caso de escolas privadas); ora são os professores; ora, os pais; ora, os alunos; ora, a sociedade... e assim por diante.
Ainda há, por outro lado, os alunos, que se aperceberam da falta de significado em tudo o que experimentam nos espaços escolares e posicionam-se, quando não desinteressados, quase sempre na rebeldia que carece de fundamento.
E ainda há, só para ficar nos agentes mais representativos, os pais, que, também destituídos de fundamentação em suas obrigações, esqueceram-se da tarefa primordial da Educação - transmitir valores e preceitos sociais... E buscam relegar às Escolas essa missão.
A escola com que eu sonho, de partida, seria um espaço que garantiria uma maior integração entre as famílias e o entorno em que está inserido. Deve haver em cada entorno de todas as escolas algum manancial que possibilite a redimensão das propostas pedagógicas - deve existir famílias e cidadãos por ali que têm muito a ensinar.
E aí seria necessária uma gestão que vislumbrasse caminhos além de uma proposta pedagógica engessada e sem graça. Que, para isso, tivesse coragem e determinação de liderar novas posturas, cujo embasamento seria o pressuposto fundamental de trabalhar pelo desenvolvimento humano.
Que os professores ali envolvidos fossem valorizados e reconhecidos em sua grandeza. Na contrapartida, seriam os principais agentes da transformação: teriam a preocupação constante dos propósitos de sua formação plena e abrangente, que seria a mola mestra das competências e habilidades necessárias para encampar os rumos do desenvolvimento. E que fariam das propostas pedagógicas, distante de seu viés burocrático, algo vivo e dinâmico que contemplasse novas e renovadas significações de encaminhamentos.
Nesse cenário, os alunos seriam os detentores das possibilidades de experimentações e práticas realmente motivadoras. As crianças seriam tratadas como crianças, em sua plenitude de descobertas lúdicas; os jovens e adolescentes seriam, constantemente, desafiados na sua vontade de aprender.
A escola com que eu sonho, assim dita, parece ilusão romântica. Mas o que mais me incomoda é a variável de que, para alcançar essa dita ilusão bastaria a crença de que está na Educação todas as possibilidades de renovação de um mundo gasto e sem atrativos.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Anotações - Dos conflitos que se veem nos espaços escolares

É impressionante o quanto me chega de notícias dos intermináveis conflitos entre professores e alunos, nos espaços escolares. E não estou falando dos absurdos conflitos que se veem nas mídias, em que uma parte ou outra valem-se de expedientes violentos para resolverem problemas. Esses, não se justificam em hipótese alguma e devem ser mediados por instâncias apropriadas.
Os conflitos a que me refiro são aqueles de natureza ideológica, às vezes subjetivos, que têm como uma das variáveis a ideia de minar os esforços da outra parte. Esses conflitos se configuram na imagem clara de uma parte estabelecer posturas de anulação ao outro. É assim quando os professores defendem, inabalavelmente, a reflexão de os problemas pedagógicos estarem na razão do descaso dos alunos; ou quando os alunos, ao seu modo, posicionam-se, simplesmente, contrários aos argumentos dos professores.
De ambos os lados, veem-se posturas irracionais, desprovidas de fundamentação lógica e reflexiva; normalmente, apenas querem dizer que a culpa é do outro... Normalmente, acreditam que a culpa é do outro.
O caminho seria a criação de um espaço reflexivo, em que os pensamentos fossem estimulados e ditos sobre sua complexidade. E, obviamente, que ambos os lados, permitissem-se examinarem de outra forma seus posicionamentos, de maneira científica e racional.
Claro que a configuração das realidades não permitiriam, assim simplesmente, a modificação de posturas, mas está claro, também, que está aí uma necessidade de mudança.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Homenagem a Monteiro Lobato

O blog O SABER EM PAUTA reverencia, na data de seu nascimento, a figura de Monteiro Lobato. Lobato, na extensão de suas ações e criações, representou comprometimento com avanços e determinações de vanguarda à sua época. Em que pesem as opiniões e posições contrárias ao homem Monteiro Lobato, é preciso reconhecer em suas atitudes e posicionamentos um sujeito que se movimentou ao desenvolvimento.
No mais, a evolução da infância deve muito a Monteiro Lobato... até hoje!


Espaço artesanal de desenvolvimento

Do ponto de vista conceitual, a busca de uma referência de trabalho e de posicionamento movimenta o Educador para o estabelecimento de seus propósitos e de sua crença. E tem que ser assim, independente das estruturas sistemáticas com que ele vai deparar. É necessário definir um conceito de trabalho e movimentar-se inerente às suas visões e posturas de mundo.
Nestes tempos de entrega a esse trabalho emocionante de possibilitar e estimular o desenvolvimento humano, percebo que me posicionei por uma linha mais humana de realização... Sobretudo, no sentido de acreditar nas potencialidades do ser humano e entender que todo o campo de conhecimento não é um pressuposto de privilégios e de dons metafísicos. Para mim, o conhecimento está ao alcance de quem quer que seja: bastam aquelas variáveis defendidas, a todo o momento, por aqui: muita determinação, muita disciplina e muito esforço. Em sendo assim, é possível aprender tudo o que se queira.
Aos educadores, sabedores dessa premissa, fica interessante pensar em um trabalho pedagógico que propicie o alcance do desenvolvimento. O aluno está pronto para aprender, mas precisa ser devidamente estimulado; é preciso apresentar-lhe significado concreto dos tópicos e itens que fazem parte dos programas pedagógicos... Sem o bendito significado, não se acredita nas aulas! Sem a crença nas aulas, não há respeito nos processos educativos... Sem esse respeito, não há Educação que se sustente!
De minha parte, e até para estabelecer um viés filosófico ao meu jeito de trabalhar a Educação, resolvi cunhar o termo "Espaço artesanal de desenvolvimento" para nomear o meu pressuposto de trabalho. De saída, não nos enganemos com a palavra "artesanal" aí no meio. A ideia de artesanal veste-se de uma complexidade de elaborações, de tal forma que não enxergamos seu alcance. Até enxergamos, na sociedade, um pouco de valor pejorativo às instâncias artesanais, haja vista que associamos aos processos artesanais algumas características negativas (improviso, algo mal feito etc), mas os reais valores artesanais não correspondem a essas características.
Do outro lado, alguns trabalhos artesanais de primeiríssima qualidade reacenderam os debates reflexivos sobre o fazer artesanal. E isso fez bem ao conceito. Hoje, o artesanato pressupõe uma série de tópicos que pode (e deve!) ser dimensionada a toda instância de trabalho, na medida em que propõe um olhar mais humano e competente às variáveis de evolução pessoal.
Relacionando com a Educação, penso que as ideias a seguir, relacionadas ao fazer artesanal, sugerem um bom manancial de reflexão sobre o posicionamento ideológico de trabalho:
  • Respeito às potencialidades individuais;
  • Estímulo e motivação às variáveis de evolução pessoal;
  • Valorização do bem estar;
  • Fundamento de integração social;
  • Valorização dos conceitos de estudos e pesquisas - desenvolvimento do espírito científico, fundamentado na experimentação reflexiva;
  • Estímulo à criatividade e à inovação;
  • Proposição de desafios constantes;
  • Desenvolvimento de mentalidade empreendedora - trabalho com projetos e metas estabelecidas.
Em publicações futuras, vamos voltar a esses tópicos, discorrendo-os em elaboração às variáveis pedagógicas.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Anotações - Educação para o consumo

Alguns temas transversais devem, constantemente, fazer parte de uma pauta pedagógica. A questão do consumo e suas variáveis colaterais é um destes temas.
Recentemente, vi uma propaganda de uma grande loja de departamentos, que nos fornece material reflexivo interessante sobre o assunto. Na propaganda, uma moça vai acrescentando mais itens à sua compra, à medida em que uma amiga vai desfilando uma série de "facilidades" que se tem com o uso do cartão de crédito da loja... Tudo em um clima de muita felicidade, a moça, que ia levar apenas uma peça, acumula na proporção das "facilidades" um conjunto de itens na sua sacola de compras.
As relações pedagógicas, que primam pelo referente de desenvolvimento pessoal, precisam estar preparadas para tornar os temas emergentes das realidades sociais verdadeiras aulas de preparo para o mundo.
É sabido que o consumo desenfreado e sem planejamento tem sido a causa de muitas situações de endividamento, que acomete pessoas de variadas classes sociais, além de instituições também variadas. Em diversas instâncias, o consumo é estudado até como uma doença.
Motivado por uma propaganda concebida estrategicamente para vender a ideia de posse do bem ou do serviço, esse consumo tem prejudicado muita gente. É aqui que as variáveis pedagógicas poderiam entrar - ao transformar a discussão, inserindo-a em trabalhos curriculares, os professores ampliariam o alcance das aulas, ao preparar os alunos até para multiplicar às famílias as reflexões sobre o problema.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Anotações - "Gambiarra pedagógica"

Estou emprestando para essa postagem o título de um editorial do jornal Folha de S.Paulo (03/04/2016, pág. A2), já que ele é bem pertinente para refletirmos um dos problemas cruciais sobre as discussões de melhoria em Educação: a questão da formação do professor.
Lá no editorial, o termo "gambiarra", na minha opinião, não poderia ter sido melhor empregado, uma vez que a questão da formação, em sua deficiência, é bem uma solução bastante improvisada, que parece arrumar um problema aparente. E que, aliás, ganha uma dimensão mais grave quando pensamos que estamos falando em Educação, justamente um espaço que pretende-se ser o caminho de desenvolvimento do ser humano. Fica irônico: proponho-me a trabalhar o desenvolvimento de alguém, sem estar plenamente desenvolvido para aquela potencialidade.
Claro que há vertentes que desestimulam e desmotivam os profissionais interessados em especializar-se para fazer um trabalho bem feito. O salário de professor é uma dessas vertentes, bem apontada lá no editorial; as estruturas de trabalho e os aspectos de planejamento são outros. Tudo é muito difícil para o professor. Mas quando identificamos alguns trabalhos que ilustram performances exemplares, de experiências bem sucedidas - muitas, até de vanguarda - de trabalhos pedagógicos diversos, pomo-nos a perguntar o porquê daqueles sucessos... As dificuldades - estruturais e de apoio - são as mesmas; as carências são as mesmas... e por aí vai.
A resposta vai estar na vertente de que, naqueles casos, sobraram planejamentos e estudos, em detrimentos das ações de improvisos e de arranjos pouco técnicos e precisos.
Quando nos afastamos das gambiarras, podemos deslumbrar melhor um espaço de Educação positiva.


segunda-feira, 11 de abril de 2016

Ensino e Aprendizagem - O limite entre desafiar e constranger

Em Educação, quando se está à frente de um grupo, com a responsabilidade do desenvolvimento de atividades de interação que visem ao processo de ensino e aprendizagem, há um fator extremamente importante a ser considerado como reflexão.
Acredito que todo Professor tenha passado por esta experiência - criar elementos de significação ao seu discurso, de tal forma que o Aluno esteja sendo desafiado a todo o instante. É no desafio que o aprendizado torna-se mais consistente.
E o Aluno está preparado para o desafio; para a comodidade, não. E é aqui que cometemos os maiores erros das variantes pedagógicas: como criar situações de desafio é trabalhoso - até porque podemos perder o controle dos momentos -, levamos as propostas de uma forma rotineira e desprovida de maiores complicações, para que não percamos o controle das turmas. Este pensamento, por si só, já é falacioso, uma vez que a comodidade pode produzir uma série de resultados, mas nunca o desenvolvimento. Para o desenvolvimento - razão mestra da Educação -, é preciso que haja um pouco de mar tortuoso, em que se navegue à busca de adequar-se aos ventos que teimam em nos levar para outros caminhos.
E nessa imagem, perceba, há um pressuposto interessante de desafios: é preciso saber dos ventos para levar o barco ao seu rumo; é preciso saber do barco para adequá-lo aos ventos; é preciso saber do mar para que barco e vento afinem-se em uma proposta de sintonia; é preciso saber dos rumos que se quer alcançar para que barco, vento e mar estejam em uma simbiose de propósitos.
A grande questão, nesta variável do desafio, é o exercício da habilidade em não deixar transpor o limite entre desafiar e constranger. Às vezes, se não estivermos com a clareza das percepções, atravessamos esse limite e o que parecia um ato de desafiar alguém passa a ser uma posição de constranger esse alguém.
Procure lembrar-se: decerto, quando aluno, você já foi desafiado por alguém, no processo de aprendizagem... E, decerto também, em alguns momentos, essa ideia de desafiar, mal executada, provavelmente, constrangeu-o frente a um grupo qualquer, de tal forma que aquele aprender virou bloqueio, em uma eterna dificuldade de assimilação.
Recentemente, senti-me propenso a desafiar um jovem que não queria participar de uma atividade que estava desenvolvendo. Brinquei várias vezes com a questão de o moço não querer participar, instiguei-o por várias vezes a fazer parte do grupo e, por fim, ele aceitou participar... não sei se gostou, mas eu o vi envolvido no que estava fazendo. Meus pensamentos, depois, passearam nesta reflexão: e se eu o tivesse constrangido? Certamente, eu teria provocado uma aversão àquele trabalho e a qualquer pressuposto de vontade de aprendê-lo.
Em Educação, é preciso o tempo todo estar com os pensamentos voltados a essa ideia. É no desafio que o desenvolvimento se verifica... mas há uma linha muito tênue entre sentir-se desafiado à realização de uma tarefa e constranger-se diante da realidade de ter se envolvido em movimentos de desmerecimento de um rumo qualquer.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Anotações - Terapia do Papel

O trabalho manual com o papel revela-se uma fonte interessante para as atividades em que se busca o bem estar (social, emocional, de desenvolvimento de habilidades etc.).
A minha experiência refere-se às técnicas do Origami e aos trabalhos conceituais da Papelaria Artesanal. E não só às variáveis de produção, mas também as de formação e de treinamento. Na primeira variável, em que me valho da aplicação para melhorar minhas percepções - de mundo, estética, do outro, de minha visão interior, das potencialidades etc. -, já é possível valorar para positivo essa premissa; mas é com a segunda referência, a de estimular nos mais diversos participantes o envolvimento com esse trabalho, que mais me gratifica em relação a essa ideia.
Quando as pessoas estão felizes em um trabalho que desenvolvo, claro que tenho uma satisfação muito grande. Mas o que mais percebo é que a razão dessa felicidade é o quanto todos percebem que podem produzir trabalhos fantásticos. E o desenvolvimento de cada fase de meu trabalho é para atestar cada vez mais essa questão: todos podem envolver-se em uma atividade de criação, em que o resultado de um trabalho enche as vistas de cores, de formas, de bem estar.
Normalmente, meus trabalhos são feitos em grupos heterogêneos e que, em grande parte das situações, as pessoas não são velhas conhecidas. O que se vê, entretanto, é uma integração bastante acentuada: pessoas trocando ideias, trocando experiências, falando da vida, jogando conversa fora... Como isso é bom!
A ideia de terapia, cujos princípios respeito muito, aplica-se bem a esses trabalhos: as pessoas participantes, eu inclusive, expressam o encantamento de terem feito parte de um momento em que a tônica foi o sentir-se bem.
Se você desenvolve alguma tipo de trabalho manual com o papel (claro que isso pode estender-se aos demais materiais e técnicas), deve perceber o quanto de nosso envolvimento com o fazer redimensiona nossa sensibilidade e nossa percepção para as variáveis boas do mundo. Pode haver romantismo aqui, é bem verdade, mas também é igualmente verdadeiro que sentir-se bem é uma marca poderosa para as transformações dos caminhos.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Anotações - Desacelerar

Vivemos tempos de correria desabalada... A questão é: porque corremos tanto? Parecemos inseridos em um movimento de pressa constante, como se tivéssemos perdido o tempo de um compromisso. Por outro lado, a pressa denota um outro significado: corremos tanto para mostrarmos aos outros que somos responsáveis... e aí, o outro também corre para nos mostrar o quanto são responsáveis, também.
É uma correria sem sentido, trazendo até a percepção absurda de que se você não corre, você está atrapalhando.
Experimente, nem que seja por um momento, desacelerar. Andar um pouco mais lento, dar um pouco mais de volta, fazer um caminho mais longo. Nesse propósito, não se esqueça de observar tudo o que há ao redor. Aproveite, que está submetido à desaceleração, para permitir-se enxergar coisas que, até há pouco tempo, não via... Você vai surpreender-se.
A desaceleração traz consigo a capacidade ampliada de percepção - do espaço, dos outros, de si mesmo... Isso, você pode ampliar a percepção de tudo o que está ao seu redor. E é nessa ampliação dos sentidos que se capta, a fundo, esta dimensão. Desacelerar significa perceber mais, sobretudo perceber-se mais! Conhecer suas potencialidades e reconhecer seus limites ajuda no entendimento mais positivo da evolução pessoal!

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Temperança - A palavra de ordem

Vivemos tempos eufóricos, é verdade. Seja por causa da crise política que atravessamos, ou em virtude mesmo das outras crises pouco ditas (sociais, familiares etc). E, nesses momentos, é muito comum encontrarmos ilustrações de posicionamentos e/ou de atitudes pouco ou nada moderados.
O exercício mais sensível de quem busca positividade nos processos de desenvolvimento pessoal é, justamente, o da moderação, do equilíbrio.
Há alguns dias, um grande jurista, em um desses programas de televisão, interrogado a propósito desta crise política que atravessamos, soltou a palavra "temperança" como a designar a marca que devemos ter nestas situações: "Não se pode, assim, fazer julgamento a favor dessa ou daquela posição... é preciso temperança!". O equilíbrio, nos momentos de crises, é fator essencial para fundamentar posições. E ao que assistimos, reiteradas vezes, são as manifestações passionais, justamente desprovidas de equilíbrio, de moderação, de temperança, enfim.
O problema maior é que os lados que se contrapõem, nas contendas, alcançam situações de manipulações as mais diversas, a buscarem influenciar o maior número de "torcedores" favoráveis aos seus propósitos... É preciso temperança!
Essa e todas as crises que atravessamos em nossas vidas não são casos de disputas simplificadas ou passionais. Temos que buscar o equilíbrio e a moderação, que devem nortear, racionalmente, os posicionamentos...
Isso, para ficar no "eu", no "meu" posicionamento. Agora, se minha posição ou minha profissão tornam de mim um agente de comunicação, um influenciador de posições, é preciso mais temperança. A responsabilidade de meus atos fazem de mim um agente cujas ações repercutem no posicionamento de uma coletividade, de um grupo, tornando maior e em dimensão ampliada os conflitos e as resoluções. Nesse caso, meu equilíbrio e minha moderação precisam estar acompanhando, constantemente, meus atos.
O Professor está nesse caso... Ele é um agente de comunicação, que, através de seus pensamentos e de suas ações, pode influenciar outros pensamentos e ações; é preciso, então, cuidado nas atitudes: toda manifestação de pensamento e de ações precisam ser seguidas de reflexões redobradas e de cuidados ideológicos. O Professor, ao se valer de sua característica profissional, jamais pode manipular grupos e ideias em favor de uma ou de outra posição. A temperança nos prepara para que meus encaminhamentos sejam privilegiados pela referência de oferecer reflexões a propósito de todas as vertentes de que se constituem os conflitos. A tomada de decisão, a favor de um ou de outro caminho, deve ser exclusivamente do sujeito, fundamentado por suas análises críticas... E jamais por movimentos de manipulações, como esses a que assistimos comumente.