segunda-feira, 25 de abril de 2016

A escola com que eu sonho

Constatar que a Educação caminha a passos de desmotivação e da falta de vontade em aprender não é exercício difícil. Basta estar, de alguma forma, vinculado às realidades pedagógicas. Seja como pais, como professores, como gestores ou, simplesmente, como profissional que precisa ouvir as variáveis que se relacionam com os espaços pedagógicos, chegam-nos diversas notícias que corroboram essa premissa.
De um lado é o professor cansado e sem mais energia para transformar os caminhos. Por diversas razões, ele não encontrou motivação para se preparar melhor; por diversos fatores, vestiu-se da roupagem do desacreditar (desacredita dos alunos, das instituições, das estruturas etc); por variados motivos, não vê valor nos embasamentos filosóficos do trabalho... E, exatamente por esse conjunto de negativas, toda e qualquer possibilidade de mudança esbarra na falta óbvia da predisponibilidade.
De outro lado são os gestores, também cansados e desmotivados. Por inúmeras razões, não se prepararam adequadamente para os encargos. Por inúmeros fatores, desenvolveu a estranha competência de enumerar os culpados para os principais problemas: ora são os governos (ou os mantenedores, no caso de escolas privadas); ora são os professores; ora, os pais; ora, os alunos; ora, a sociedade... e assim por diante.
Ainda há, por outro lado, os alunos, que se aperceberam da falta de significado em tudo o que experimentam nos espaços escolares e posicionam-se, quando não desinteressados, quase sempre na rebeldia que carece de fundamento.
E ainda há, só para ficar nos agentes mais representativos, os pais, que, também destituídos de fundamentação em suas obrigações, esqueceram-se da tarefa primordial da Educação - transmitir valores e preceitos sociais... E buscam relegar às Escolas essa missão.
A escola com que eu sonho, de partida, seria um espaço que garantiria uma maior integração entre as famílias e o entorno em que está inserido. Deve haver em cada entorno de todas as escolas algum manancial que possibilite a redimensão das propostas pedagógicas - deve existir famílias e cidadãos por ali que têm muito a ensinar.
E aí seria necessária uma gestão que vislumbrasse caminhos além de uma proposta pedagógica engessada e sem graça. Que, para isso, tivesse coragem e determinação de liderar novas posturas, cujo embasamento seria o pressuposto fundamental de trabalhar pelo desenvolvimento humano.
Que os professores ali envolvidos fossem valorizados e reconhecidos em sua grandeza. Na contrapartida, seriam os principais agentes da transformação: teriam a preocupação constante dos propósitos de sua formação plena e abrangente, que seria a mola mestra das competências e habilidades necessárias para encampar os rumos do desenvolvimento. E que fariam das propostas pedagógicas, distante de seu viés burocrático, algo vivo e dinâmico que contemplasse novas e renovadas significações de encaminhamentos.
Nesse cenário, os alunos seriam os detentores das possibilidades de experimentações e práticas realmente motivadoras. As crianças seriam tratadas como crianças, em sua plenitude de descobertas lúdicas; os jovens e adolescentes seriam, constantemente, desafiados na sua vontade de aprender.
A escola com que eu sonho, assim dita, parece ilusão romântica. Mas o que mais me incomoda é a variável de que, para alcançar essa dita ilusão bastaria a crença de que está na Educação todas as possibilidades de renovação de um mundo gasto e sem atrativos.

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