quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Anotações - O mundo que nos cerca

Observar o mundo que nos cerca e daí tirar aprendizagens é tarefa um pouco complicada. Já partimos da variável de que, lentamente, perdemos a capacidade da observação. Quando muito, damos uma rápida olhada pelos caminhos e seguimos adiante sem nos apercebermos muito do que está ao nosso redor... sejam pessoas, sejam lições, sejam sinais, seja o que for.
A nossa capacidade de observação ficou presa na pressa dos dias. Mal temos tempo de saborear os instantes, muito menos o de estarmos atentos ao que nos acontece. E às vezes (ou será sempre?) nem precisa de muito, basta entrarmos em sintonia com o real que está ao nosso lado.
Pensei na amiga que, comemorando o aniversário, demonstrou tanta felicidade com a surpresa que recebeu e comentou, nas suas alegrias verdadeiras: "E nem precisa muito...". Dizia ela do prazer de estar entre amigos e saborear a vida.
Poderia ser sempre assim. Então, pararíamos um pouco com as nossas ditas responsabilidades sérias e nos deliciaríamos com as surpresas do viver, ou com as distrações do viver (como diria o Rosa!), em exercício primoroso da capacidade de observação.
Dessa observação que precisamos fazer do quanto nos cerca!


quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Para refletir - Rumos


terça-feira, 29 de agosto de 2017

Anotações - "Antes de partir"

O filme Antes de partir, de 2007, tem uma premissa interessante, que você já deve conhecer: duas pessoas veem-se em uma situação terminal, em um hospital; e, a partir de uma lista de realizações antes de morrer, descobrem o sentido da amizade e do amor à vida. Se ainda não assistiu ao filme, não sabe o que está perdendo... Morgan Freeman e Jack Nicholson dão um show de interpretação.
Mas para a nossa reflexão aqui, no propósito de pensarmos o desenvolvimento pessoal, tomemos a ideia de morte como uma metáfora - fracasso, vontade de desistir, cansaço etc. Nesse caminho, é quase como se morrêssemos um pouco a cada instante... morremos e renascemos!
O amor pela vida precisa ser um exercício constante. Deve-se sentir em todas as suas nuances a capacidade de enxergar tudo o que a vida nos oferece, entendendo o viés de integralidade que os caminhos nos destina.
No filme, os personagens resolvem elaborar uma lista de objetivos a serem realizados. Na minha opinião, a ideia de uma lista cabe bem em nossa reflexão. Racionalmente, a elaboração de um propósito por escrito motiva o cérebro à busca daquela realização. Escrever os objetivos tal uma lista ordena a mente aos pressupostos do que é necessário para realizá-los.
Mas a urgência é o fato interessante: no filme, é preciso concluir a lista antes de morrer. Na vida, é preciso elaborar as realizações antes que desanimemos ou percamos a confiança na capacidade de produção.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Pressupostos de desenvolvimento pessoal - a determinação

O que nos leva ao desenvolvimento? A pergunta, notadamente de característica retórica, já revela a complexidade da reflexão. Buscar o desenvolvimento é caminho espinhoso. Espinhoso, mas do qual não podemos nos desviar.
A primeira referência que se aproxima da tentativa de uma resposta diz respeito à capacidade de determinação com que nos consistimos quando pensamos em realizar algo.
A realização de algo é o fundamento básico do desenvolvimento. É o quanto podemos relacionar à nossa lista de realizações que explica os princípios do desenvolvimento. Daí a importância que se deve dar à potencialidade de estarmos determinados, de nos dispormos aos movimentos dos caminhos que levam às elaborações. E não é pouca coisa, já que, via de regra, esses caminhos quase sempre nos revelam situações de cansaços, de tortuosas vias e de vontade de desistir. A determinação é o que vence esses vieses.
Já foi conversado por aqui sobre a determinação, mas nunca é demais. Quando se atribui um significado ao que se quer, o próximo passo é municiar-se da capacidade de estar determinado às intempéries... Que serão muitas, diga-se de passagem.
E estar determinado a algo exige alguns pressupostos: preparo físico, preparo mental, capacidade de planejamento e de elaboração de estratégias, organização, estabelecimento de parcerias etc. São trilhas em que se deve olhar para si próprio, sem esquecer as relações externas que se estabelecem.
E a determinação é um caminho de esforço, de não olhar muito para as conquistas (ou fracassos); deve-se, sobretudo, aprender a enxergar-se diante desses momentos... é como nos comportamos diante dos sucessos e das derrotas que se estabelece a nossa mentalidade de determinação.
O estabelecimento dessa mentalidade vai ser o princípio fundamental dos processos de realização pessoal, em todos os níveis.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Anotações - Desenvolvimento pessoal: para além do que pode ser planejado

A busca do desenvolvimento pessoal pressupõe um estado de domínio e controle sobre as relações entre competências e habilidades, na busca de realizações pessoais e profissionais. Assim, o sujeito estaria sempre em domínio de suas particularidades na busca de novas evoluções. Mas não é sempre assim.
Vez ou outra, escorregamos e deslizamos pelas imperfeições. A vida vai ser sempre dinâmica, criando movimentos próprios de condução dos nossos caminhos.
Nesses momentos, é preciso entender que os pontos de fragilidades, criados pelas perdas de controle, devem tornar-se motivações para a necessidade de revisar preparos e determinações nessas trilhas.
Claro que há um componente, aqui, psicológico. A ideia da consciência de pontos de fragilidades revela um estado de vulnerabilidade que não queremos ter... O senso comum determina - e pede! - que sejamos sempre fortes. E admitir um estado de vulnerabilidade é confessar fraquezas. Ninguém quer confessar fraquezas. Ninguém quer assumir fragilidades.
Entretanto, pensemos. Nas situações de fraqueza, pode até ser que caiamos... Mas, antes da queda, podemos tomar decisões. Vamos prostrar-nos frente ao que nos torna frágeis ou vamos reagir? Se decidirmos reagir - e esse é o movimento que interessa nesta reflexão -, nossos processos mentais reúnem-se na seguinte questão: "... é preciso fazer alguma coisa!".
E é, justamente, quando pensamos ser necessário fazer algo que os nossos movimentos descobrem alternativas e caminhos não imaginados. Para além do que pode ser planejado, há uma imensa rota a ser descoberta e valorizada.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Anotações - Dia do Folclore

Comemora-se, hoje, dia 22 de agosto, o Dia do Folclore. E é importante que aproveitemos a data para refletirmos, principalmente nós, de Educação, sobre essa comemoração.
De minha parte, ficava incomodado quando via os trabalhos escolares de minhas filhas, nesta data, com o título "Faça uma pesquisa sobre o Folclore". Pensava que, assim, dito de maneira geral, uma pesquisa sobre o Folclore levaria, certamente, um bom tempo (coisa de três, quatro anos, talvez...). Outra situação que me incomoda é quando vejo, em jornais e revistas, ao ser dito de alguém de comportamento fora do normal, o rótulo "folclórico" para se referir ao sujeito... Ou, ainda, quando há aquelas comparações sobre alguma informação ser verdadeira ou "folclore"...
O Folclore, em justa medida, é uma ciência que estuda o comportamento cultural de um povo, em que se retratam suas manifestações significativas (linguagem, culinária, usos e costumes, aspectos religiosos, moradias, vestimentas etc.). E nesse estudo é que damos a conhecer aquele povo... Conhecimento de um povo é o que diz a origem do nome (folk = povo, gente; lore = conhecimento, sabedoria).
Nesse sentido, as manifestações folclóricas são o depositário mais representativo das culturas e tradições de um povo. Quando nos dispomos ao conhecimentos dessas manifestações, estamos nos aproximando das referências de constituição daquele povo. O conhecimento das manifestações folclóricas abre-nos o caminho para o respeito e tolerância entre as culturas.
Difundir e levar a sério o estudo desse aspecto é a responsabilidade de todo Educador.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

O sonho de uma Escola possível

A ideia de pensar e idealizar uma escola e, na consequência, um modo de fazer a Educação, deveria ser o combustível de todo profissional que se envolve pelos caminhos pedagógicos.
Dia desses conheci a Beth, uma pessoa idealista que me contou seu sonho. O de criar uma escola em que os professores fossem selecionados por possuírem conduta ilibada. De tal forma que preparassem as crianças com relevada referência ética, que nada ou coisa alguma os corromperia. Que as crianças fossem preparadas para não sucumbirem aos apelos do que é inadequado a uma formação moral.
Ao ouvi-la, pensei que seus desejos deveriam fazer parte de todo corolário dos profissionais de Educação... Pensar na preparação da criança, para que nenhuma distração imoral a desviasse de um propósito de formação positiva, como um desejo absolutamente nobre. Desses que movem nosso trabalho aos destinos de um trabalho comprovadamente qualitativo.
E que, nesse rumo, todas as nossas ações (e também nossas atitudes e comportamentos) deveriam ser padrões... Daí, no sonho da minha recente amiga, ela ter destacado que os professores seriam selecionados pela conduta irrepreensível.
Vivemos em um tempo e realidade em que a corrupção e a violência são assuntos cotidianos. Estamos nos acostumando a esse pressuposto. E do processo de acostumar-se ao viés, passamos a um entendimento de aceitação do que se nos apresenta... A corrupção e a violência, então, passam a ser aceitáveis. E da aceitabilidade do que está aí, a tendência é vivermos de tal maneira sob esse signo que já nem ligaríamos de proceder, também, nossas ações àquelas situações.
Por isso, o sonho da minha amiga Beth é interessante: um tempo e um local em que os mestres se comportariam de forma moralmente positiva, no propósito de motivar as crianças em seu desenvolvimento pessoal. Um conjunto de ações e pensamentos e atitudes e comportamentos que fariam uma representativa mudança nos padrões que nos chegam.
Sonho difícil de ser realizado? Sim, sabemos dessa dificuldade. Mas aí conversamos, também, sobre a questão de os sonhos serem difíceis mesmo... De que os sonhos existem, não necessariamente para serem realizados, mas para nos movimentar nos caminhos dos desejos. E que é esse movimento que nos faz perceber a importância que temos na modificação das realidades.
Falamos, também, da questão das oportunidades.... E da ideia da integridade (estar inteiro), no reconhecimento da essência do que somos constituídos.
E penso que seja isso. Que os sonhos sejam difíceis é assim mesmo. Mas que a nossa integridade possa nos movimentar para que os caminhos ofereçam oportunidades de transformações.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Anotações - Sobre quem fala e quem faz

Não é impressionante que, em relação ao que é necessário fazer, encontramos bem mais os que gostam de falar sobre o que é preciso do que aqueles que realmente botam a mão na massa para desincumbirem-se da missão? Pois é, é clássico: fazer que é bom demanda a emergência de poucos...
E tudo resume-se à questão do esforço. Para falar, o esforço é pequeno; para fazer, o esforço é grande. Simples assim.
E é uma espécie de tendência. Vamos encontrar por aí muito mais aquele grupo que se especializou nas conversas, os ditos especialistas. São as pessoas que têm conversa e palpite sobre tudo e todos; sabem discorrer sobre todas as áreas do conhecimento e têm sempre uma determinação sobre o que é preciso ser feito... mas tudo isso na fala!
O fazer exige um pouco mais. Exige a determinação de nadar contra a corrente; exige a disposição física de ir atrás do que é preciso; exige a paciência de nem sempre acertar; exige as competências necessárias para a realização do que precisa ser feito... E a ideia do desenvolvimento de competência, por si, exige um sem-número de atribulações (estudar - pesquisar - realizar - analisar - rever...)... Exige um olhar preocupado com as possibilidades de realização e sua consequente leitura; exige uma série de retomadas de propósitos, fundamentados nas observações do que se realizou; exige algumas noites de perda de sono, na busca de soluções que parecem não chegar... e por aí vai.
Pensei nisso quando li a entrevista do ex-jogador Mauro Silva, que foi campeão mundial com a seleção brasileira, em 1994, e que hoje é dirigente de uma federação de futebol. Lá pelas tantas, ele veio com essa, que deve nos fazer pensar bastante: "No Brasil, quando é para reclamar tem fila de 200. Quando é para colocar a mão na massa... Como a gente vai mudar o país se não participar, tanto na questão esportiva quanto política?  Como vamos construir se não participarmos?... Se cada brasileiro acordar de manhã e pensar no que pode fazer para melhorar o país, o Brasil será uma maravilha.".


terça-feira, 15 de agosto de 2017

Anotações - Um pouco mais de crítica à lição de casa

Falei, aqui, na semana passada de minhas críticas à lição de casa, prática adotada por alguns professores. E resolvi acrescentar mais algumas reflexões, espero que vocês não se importem com minhas divagações contrárias a essa prática.
Minha filha está no primeiro ano do ensino médio e acompanho seu sofrimento na realização das ditas tarefas... E é sofrimento mesmo! Mas, além do sofrimento, o que mais me chama a atenção é a percepção da perda de tempo... da perda de tempo e da desmotivação. Minha filha, que é até uma boa aluna, verbaliza bem essa questão da falta de significado em realizar aquela atividade, o que, na minha opinião, cria um aspecto desmotivador para a realização daquilo. Em minha última observação, ela estava realizando uma lição de casa, que se desdobrava no preenchimento de algo em torno de 7, 8 páginas de papel almaço, que seriam entregues à professora, à guisa de trabalho a ser avaliado... Ufa, só de imaginar o trabalho que a professora vai ter em corrigir esse trabalho, fico pensando em um outro trabalho, talvez do mesmo quilate, mas que poderia trazer resultados mais significativos: a professora, em vez de estimular as realizações individuais e desestimuladoras das lições de casa, juntaria a turma na sala de aula e criaria situações de debates reflexivos em torno de cada questão... ou de questões previamente selecionadas. Consegue visualizar?
Seria bom que os educadores percebessem o valor dessa prática pedagógica dos debates reflexivos, em que não interessam muito os acertos e erros, mas a construção do pensamento nos questionamentos importantes. Que valorizaria - e muito! - o papel do professor como mediador... Coisa que nunca veremos na prática das lições de casa.



segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Da responsabilidade do trabalho pedagógico

Quem trabalha em Educação sabe do quão desgastante é essa empreitada. Os níveis de relações em que se tem que ter cuidado redobrado é impressionante.
Em uma Escola convivem diversos agentes, em cujas responsabilidades de ações residem caminhos que podem provocar grandes transformações. Assim, só para ficar nos que são considerados principais, temos as ações do Diretor, as do Coordenador Pedagógico e as do Professor. E, ainda que não devesse ser assim, os caminhos desses agentes, quase sempre, se conflitam em terrenos pedregosos.
Sei que é difícil imaginar um espaço de harmonia, em que se sucedem comportamentos humanos, mas em um ambiente pedagógico deveria ser diferente.
Professores, Coordenadores e Diretores deveriam estar imbuídos do princípio básico da condução de seus afazeres condicionados aos processos de desenvolvimento humano. É o tal trabalho pedagógico... E só por esse princípio básico é que deveriam nortear-se as ações. Todas as ações.
Quando ocorrerem controvérsias e desequilíbrios, a primeira questão a ser levantada deveria estar atrelada a esse princípio: "Meu comportamento e minha atitude colaboram para o trabalho pedagógico?", deveria ser a primeira pergunta refletida. E as respostas sinceras a essa pergunta fundamentariam toda e qualquer decisão.
Conheço situações e ocorrências, em uma Escola, em que a ideia de trabalho pedagógico nem é aventada como pressuposto para o solucionamento dos conflitos. Aqui, quase sempre, imperam eventos de pura vaidade e de conveniência própria. Olham-se para os próprios umbigos e a natureza principal do trabalho de Educação vai para as cucuias.
Existe uma responsabilidade imensa na elaboração de um trabalho pedagógico, seja em que instância for. Uma responsabilidade que reside no fundamento essencial de promoção do desenvolvimento humano. E é exatamente essa responsabilidade que exige dos agentes pedagógicos uma entrega e uma disponibilidade para suplantar desavenças e plantar possibilidades de transformações positivas.


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Anotações - Uma crítica à lição de casa

Perdoem-me os colegas que são favoráveis, mas eu sou contra essa prática da Lição de Casa, amplamente utilizada em quase todas as Escolas... pelo menos, sou contra a forma como ela é tratada. Ou melhor dizendo, não vejo nenhuma razão pedagógica na prática.
A lição de casa é instrumento antigo, consagrado por todos os sistemas e referenciais pedagógicos. E que quase sempre não guarda em si nenhum (ou muito pouco!) aspecto de aprendizagem. E que, na maior parte das vezes, é realizada por aquele aluno que já se destaca, naturalmente, em notas e comportamento - esse aluno nem precisaria desse instrumento...
Os defensores da prática sustentam que, assim, os alunos têm uma ferramenta de treino e de exercícios de conceitos. Até poderia ser, mas, via de regra, as lições de casa são mera repetições de exercícios e conceitos já estudados em sala de aula, o que torna a prática uma sistematização mecânica de decorar fórmulas e padronizar respostas.
A lição de casa que defendo é a que propicia o pensar, a partir de experimentações e pesquisas e desenvolvimento de senso científico. Aquela que motivaria os alunos a pensarem sobre o que estão aprendendo e que os tornaria autores de seu processo de aprendizagem.


terça-feira, 8 de agosto de 2017

Anotações - Trabalho em equipe

Para quem gosta de esporte e acompanha a seleção brasileira feminina de vôlei, deve ter ficado feliz, neste domingo passado, com a conquista das meninas do 12º título no Grand Prix, torneio mundial daquela modalidade.
Ao final, o repórter empolgado perguntou ao técnico José Roberto Guimarães (o maior vencedor mundial desse esporte, como técnico) o que ele tinha para comentar sobre as alterações que fizera ao longo das partidas. O repórter referia-se ao movimento do técnico em mexer no time, em momentos dramáticos, o que resultava, quase sempre, em novas reorganizações (vitoriosas!) da partida.
José Roberto foi simples na resposta: "O que resolve é o time...", disse. E aí passou a dissertar sobre a importância do trabalho em equipe, muito visível nos sistemas esportivos. Não cabia, ainda que pudesse ser, exaltar esse ou aquele talento individual. Os talentos individuais são importantes, mas o que resolve é o trabalho em equipe.
Deveria ser esse o mantra de todo o desenvolvimento profissional. Reconheçam-se os talentos individuais, mas valorizemos as evoluções em equipe.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Ferramentas - A questão de saber utilizá-las

Quem trabalha com Educação, ou conhece as rotinas por lá, já viu esse filme... e até mesmo já deve ter se posicionado a propósito: basta surgir uma "modinha" assumida pelas crianças e jovens, que grande parte dos agentes pedagógicos entende que aquilo faz mal e deve ser banida das Escolas. Foi assim, entre tantos outros, com os ioiôs, os tazos (lembra-se?, aquelas figurinhas que vinham em embalagens de batatas fritas e salgadinhos os mais diversos...), qualquer carta de imagens e vai por aí afora. Nestes tempos digitais, assumem o papel de vilão os aparelhos celulares, os de jogos de qualquer natureza, aplicativos diversos e, mais recentemente, aquela geringonça que gira nos dedos.
E aí o assunto ganha pautas e mais pautas em reuniões pedagógicas e acaba sendo estabelecido o banimento dos tais trecos, em nome do bom andamento do trabalho. A consequência primeira é que o professor assume ares de fiscais do, digamos, bom andamento dos trabalhos e, entre suas obrigações costumeiras e pertinentes, encaixam-se as de reter e guardar os dito cujos, até que os pais compareçam à Escola para uma conversa normalizadora, sob a condição de que mostre aos pimpolhos o quanto aquilo é pernicioso...
Bom, mas o mais curioso é que existem exemplos aos montes por aí de movimento exatamente o contrário. Uma parcela dos professores acabam percebendo o quanto podem sair ganhando aproveitando-se, exatamente, das tais "modinhas". E, nesse movimento, ao perceberem que a atenção dos estudantes estão voltada para aquelas parafernálias, elas viram, então, elementos de subsídios para projetos, pasmem, pedagógicos. Ioiôs, figurinhas, celulares, aplicativos e outros ganham status de coadjuvantes preciosos para o trabalho de conceitos curriculares. E, aqui, a comunicação com os pais é em outro sentido. Os pais são convidados a motivarem a utilização de tais elementos estranhos, já que eles são altamente benéficos ao desenvolvimento dos alunos...
Espera aí! Perniciosos ou benéficos?
A resposta é até bem simples... Os dois. São ferramentas, a princípio de tudo. E como ferramentas, é a forma como as utilizamos que define o quanto elas têm de aplicação. Não se pode, simplesmente, reduzir uma ferramenta ao conceito de pernicioso ou de benéfico; quando sabemos utilizá-las e definimos objetivos e metodologias positivas, seu uso ganha contornos positivos.
O problema maior, então, é o que sabemos do uso daquelas ferramentas. Ás vezes, nem entendemos o que a ferramenta é capaz de fazer e o mais fácil, se não quisermos ter o trabalho desse entendimento, é desprezá-la e creditar a marca de negativa à sua aplicação... É mais fácil banir do que saber do seu uso. Saber do seu uso exige um certo esforço, para o qual nem sempre estamos disponíveis.
O contraditório de tudo é que os espaços pedagógicos deveriam ser lugares de incentivo à descoberta de novas ferramentas para o desenvolvimento. Deveria estar ali uma fome de experimentação e de práticas alternativas para uma melhor qualidade no trabalho com as aprendizagens. E não de podar sistemas que podem ajudar, só porque eles parecem estranhos ao ambiente...
A questão de entender e saber utilizar as diversas ferramentas disponíveis - e as que vierem a ficar disponíveis -, tornando-as aliadas, é o que faz a diferença nos resultados de evolução dos trabalhos pedagógicos.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Anotações - Ver, falar e ouvir: as ferramentas do ser humano

Nesse domingo que passou foi interessante ver o jornalista Caco Barcellos sendo convocado para ensinar um grupo de jovens, que foram incumbidos de realizarem um documentário sobre o atendimento a crianças em situação de vulnerabilidade. Caco Barcellos é um jornalista que contribui, tremendamente, na minha opinião, para essa profissão responsável por trazer informações que nos fazem estar antenados com o que está acontecendo ao redor. Ele, normalmente, vai além da notícia para trazer-nos o lado humano do que está sendo retratado. Parece um contador de histórias...
Pois bem, nesta ocasião, os jovens receberam lições valiosas para a realização do tal documentário. Lá pelas tantas, Caco Barcellos soltou essa sobre o uso de três ferramentas essenciais para contar uma boa história: saber ver o que está ao redor; saber falar para se comunicar; e, importante, saber ouvir. E ilustrou com gestos apontando para os olhos, para a boca e para os ouvidos. São as ferramentas que todo ser humano possui.
Pensei que a ideia dessas ferramentas transcende a apropriação para o jornalismo e cabe bem para qualquer estágio de desenvolvimento pessoal, seja no âmbito das relações sociais, seja no das relações profissionais.
Saber ver, saber falar e, sobretudo, saber ouvir devem ser mantras repetidos à exaustão para que possamos apreender a referência do outro. E, assim, aprender que os nossos caminhos na rota de evolução está permeado dos caminhos de todas as outras relações com que nos defrontamos.


terça-feira, 1 de agosto de 2017

Anotações - Uma questão de opinião pessoal: saber ensinar

Quando estamos na função de educadores, com a responsabilidade de transmitir informações que podem ser convertidas em conhecimentos, é preciso que tomemos muito cuidado com o nosso discurso. Sobretudo, quando o material com que estamos trabalhando possa ser compreendido como uma verdade inabalável.
A posição de educador reflete, na maioria dos educandos, uma leitura de alguém que detém a verdade, sobre a qual não se pode haver discussões. Bom, essa é a visão clássica do par professor-aluno, perpetuada pelo inconsciente coletivo de muitas gerações.
Vez ou outra, deparamo-nos com algumas relações em que se pressupõe um posicionamento mais reflexivo. É quando essa visão clássica deixa de existir e os aprendizes sentem-se motivados a até contestarem alguns posicionamentos do educador. Mas é preciso que este crie e mantenha esse ambiente para que aqueles sintam-se nessa disponibilidade.
De minha parte, gostei de ver aquele posicionamento do profissional que respondia às indagações do jovem estudante, ansioso por descobrir maneiras e vieses do trabalho. Em quase todas as respostas, em que se podia pressupor divergências, o profissional começava a resposta com "na minha opinião..." e dizia o que queria dizer. E considero que esse é o caminho mais justo e honesto para ensinar. Determinadas questões, inclusive as técnicas, não privilegiam uma ou outra resposta apenas; em grande parte, a questão era, sim, de opinião pessoal... claro, fundamentada por experimentações e vivências, mas sempre opinião pessoal.
Quando o educando ouve uma resposta assim, ele consegue entender que não está diante de uma verdade absoluta e pode desenvolver o entendimento de que ele, também, é capaz de formular suas próprias opiniões. E presumo, ainda, que, certamente, ele vai entender que essa formulação vai ser fruto, exatamente, de estudos e realizações.
Na minha opinião, é assim que o ensino ganha positividade.