segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Ferramentas - A questão de saber utilizá-las

Quem trabalha com Educação, ou conhece as rotinas por lá, já viu esse filme... e até mesmo já deve ter se posicionado a propósito: basta surgir uma "modinha" assumida pelas crianças e jovens, que grande parte dos agentes pedagógicos entende que aquilo faz mal e deve ser banida das Escolas. Foi assim, entre tantos outros, com os ioiôs, os tazos (lembra-se?, aquelas figurinhas que vinham em embalagens de batatas fritas e salgadinhos os mais diversos...), qualquer carta de imagens e vai por aí afora. Nestes tempos digitais, assumem o papel de vilão os aparelhos celulares, os de jogos de qualquer natureza, aplicativos diversos e, mais recentemente, aquela geringonça que gira nos dedos.
E aí o assunto ganha pautas e mais pautas em reuniões pedagógicas e acaba sendo estabelecido o banimento dos tais trecos, em nome do bom andamento do trabalho. A consequência primeira é que o professor assume ares de fiscais do, digamos, bom andamento dos trabalhos e, entre suas obrigações costumeiras e pertinentes, encaixam-se as de reter e guardar os dito cujos, até que os pais compareçam à Escola para uma conversa normalizadora, sob a condição de que mostre aos pimpolhos o quanto aquilo é pernicioso...
Bom, mas o mais curioso é que existem exemplos aos montes por aí de movimento exatamente o contrário. Uma parcela dos professores acabam percebendo o quanto podem sair ganhando aproveitando-se, exatamente, das tais "modinhas". E, nesse movimento, ao perceberem que a atenção dos estudantes estão voltada para aquelas parafernálias, elas viram, então, elementos de subsídios para projetos, pasmem, pedagógicos. Ioiôs, figurinhas, celulares, aplicativos e outros ganham status de coadjuvantes preciosos para o trabalho de conceitos curriculares. E, aqui, a comunicação com os pais é em outro sentido. Os pais são convidados a motivarem a utilização de tais elementos estranhos, já que eles são altamente benéficos ao desenvolvimento dos alunos...
Espera aí! Perniciosos ou benéficos?
A resposta é até bem simples... Os dois. São ferramentas, a princípio de tudo. E como ferramentas, é a forma como as utilizamos que define o quanto elas têm de aplicação. Não se pode, simplesmente, reduzir uma ferramenta ao conceito de pernicioso ou de benéfico; quando sabemos utilizá-las e definimos objetivos e metodologias positivas, seu uso ganha contornos positivos.
O problema maior, então, é o que sabemos do uso daquelas ferramentas. Ás vezes, nem entendemos o que a ferramenta é capaz de fazer e o mais fácil, se não quisermos ter o trabalho desse entendimento, é desprezá-la e creditar a marca de negativa à sua aplicação... É mais fácil banir do que saber do seu uso. Saber do seu uso exige um certo esforço, para o qual nem sempre estamos disponíveis.
O contraditório de tudo é que os espaços pedagógicos deveriam ser lugares de incentivo à descoberta de novas ferramentas para o desenvolvimento. Deveria estar ali uma fome de experimentação e de práticas alternativas para uma melhor qualidade no trabalho com as aprendizagens. E não de podar sistemas que podem ajudar, só porque eles parecem estranhos ao ambiente...
A questão de entender e saber utilizar as diversas ferramentas disponíveis - e as que vierem a ficar disponíveis -, tornando-as aliadas, é o que faz a diferença nos resultados de evolução dos trabalhos pedagógicos.

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