terça-feira, 31 de outubro de 2017

Dia do Saci


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Dia do Saci

Amanhã, 31 de outubro, é comemorado o Dia do Saci. No estado de São Paulo, em cuja capital resido, a data foi oficializada a partir da Lei nº 11.669, de 13 de janeiro de 2004, com a clara intenção de exaltar o folclore brasileiro, em uma tentativa de oposição à comemoração do Dia das Bruxas, amplamente comemorado na maioria dos países de língua inglesa.
A festividade que homenageia o personagem folclórico tem acontecido em alguns municípios desse Brasil afora. Em São Luiz do Paraitinga, cidade do interior paulista, há uma comemoração fantástica que marca, com renovada participação de um público externo, esta certa resistência em prol do Saci - a Festa do Saci e Seus Amigos, em São Luiz do Paraitinga, está na sua 15ª edição e desenvolve-se em três dias de um banho de cultura e de entretenimento altamente essenciais para quem se preocupa com a evolução da cultura popular e com o respeito às tradições.
Claro que falar em tradição pode suscitar críticas de tratar-se de um pensamento conservador, mas se pensarmos bem veremos que um dos maiores problemas do nosso desenvolvimento cultural é exatamente a falta de uma preocupação com a memória e os valores culturais próprios. Bem sei que a cultura é uma ciência dinâmica e que se fundamenta nas trocas de referências de diversas manifestações, mas essa troca só é positiva quando o conhecimento e a tradição das raízes fundamentam-se de maneira sólida. Senão fica uma cópia destituída de princípios, balizada apenas em aspectos de modismos e de deslumbre. Foi o que aconteceu, na minha modesta opinião, em relação às comemorações do Dia das Bruxas.
Importada mais por modismo, essa comemoração ganhou escolas, clubes e condomínios, sem que ninguém soubesse exatamente o significado de alguns símbolos exaltados. Assim, teias de aranhas, abóboras e fantasias que remetem ao universo de filmes de terror foram, repentinamente, incorporadas ao cotidiano da juventude. Isso sem dizer no incompreensível (aos nossos costumes) mote repetido por crianças nas portas dos vizinhos: "doces ou travessuras".
Do ponto de vista de uma demanda pedagógica, penso que temos em mão uma interessante reflexão que vale a pena fazer, em nome de um trabalho educacional de verdade. Se a ideia é trabalhar conceitos culturais de uma língua estrangeira, a comemoração do Dia das Bruxas vem bem a calhar - escolas estrangeiras ou de idiomas devem valer-se bastante dessa referência. Mas se o caminho é discutir e apresentar referências de uma cultura nacional, o Saci pode dar conta muito bem dessa empreitada.
E olha que o Saci até não é exatamente de origem brasileira. A sua característica, sim, de travessura e de molecagem é que incorporou-se bem ao modelo de formação do nosso povo miscigenado e passou a representar nosso conceito de folclore e de cultura popular. Não à toa os movimentos de resistência cultural adotaram a figura do Saci como de oposição à comemoração das bruxas.
Não considero que seja necessária uma ideia de oposição. Tanto uma cultura quanto outra fundamentam-se em princípios comuns e relacionam-se entre si com elementos de integração. O que penso de maneira mais contundente é que somos responsáveis pelos valores pedagógicos. Se, a partir de um princípio de planejamento e de intenção pedagógica, optarmos pela valorização de uma ou outra manifestação, faz-se altamente necessário que saibamos explicar muito bem aos jovens os fundamentos que sustentam uma ou outra comemoração.
De minha parte, justamente pelos princípios de intenção pedagógica, viva o Saci!

(Obs.: O texto acima, guardadas pequenas observações de atualização cronológica, é o mesmo publicado no ano passado, em mesmo período. Sei que pode parecer falta de originalidade, mas explico a repetição pela urgência do tema e pela necessidade de mantermos vivas a preocupação e a ideia de trazer à tona esta reflexão tão fundamental.)


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Anotações - Pensar em coisas lindas

É tão importante, quando não esquecemos dos movimento racionais do nosso processo de evolução, apegarmo-nos aos referenciais poéticos que nos chegam... Na verdade, é preciso que haja um equilíbrio preciso entre a técnica e a poética nos caminhos do nosso desenvolvimento.
Pensei nisso ao ouvir o poema "Pensar em coisas lindas", do Oswaldo Montenegro. A letra faz parte do espetáculo Vale Encantado. Para se ter uma ideia, clique aqui e espere a parte falada da música... acho que vai gostar!
E é tão incrível que associamos os referenciais poéticos da nossa vida ao universo da infância! Está na infância o pressuposto de sabermos enxergar as magias e as poesias da vida, para não nos sucumbirmos às tristezas da vida... (Na letra, há um pedido para que guardemos a tristeza em nome da capacidade de pensar em coisas lindas... "Quando vocês estiverem tristes, pensem em coisas lindas...", diz o verso.).
E há, no poema, uma lista de coisas (algumas absurdas, mas extremamente divertidas e sensíveis) que servem para nos aguçar o universo das tais coisas lindas. Vejam lá... acrescentem outras referências. E quando não conseguirem ver beleza nos seus rumos, pensem em coisas lindas...

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Anotações - Boatos e notícias falsas

É cada vez mais incrível a quantidade de notícias veiculadas nas redes sociais e/ou transmitidas por aplicativos de mensagens, sem que tenhamos a mínima preocupação de constatar serem aquelas informações reais ou fantasiosas.
Confesso que até entendo um pouco esse movimento: ele está fundamentado na urgência que temos... bom, para alguns, é brincadeira mesmo, como quem ver o circo pegar fogo. Na questão da urgência, a pessoa, talvez até imbuída de boa vontade, vê o aviso luminoso de que se deve compartilhar aquela história com o maior número possível de pessoas e, pronto, nem se dá conta de que tudo aquilo pode ser um boato ou notícia falsa.
Mas, alertemo-nos, algumas histórias nem mesmo são críveis... basta uma olhada mais cuidadosa, que já pescamos um ou outro sinal de que algo está errado. Um dos principais sinais é mesmo o do aviso luminoso para espalharmos para o maior número possível de pessoas. No mais, devemos exercer, digamos, uma postura de cidadania virtual: antes de espalhar uma notícia, certifique-se, minimamente, de que aquilo é real.
Da mesma forma que o mundo digital permite esse fenômeno, a mesma tecnologia ajuda-nos na constatação da veracidade do que recebemos. Se não houver veracidade, não repassemos... simples assim!
Claro que vamos ter um pouco mais de trabalho, mas estaremos no papel pleno de cidadãos.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Conceitos - Uma aventura reflexiva sobre definições de ideias para o desenvolvimento pessoal

É preciso criar um propósito reflexivo nos caminhos do desenvolvimento pessoal. O pensamento, base para esse propósito, pode ser exercitado – constantemente! – em direção ao estabelecimento de uma série de conceitos que fundamentarão a construção do conhecimento. Mas não devem ser conceitos adquiridos de forma pasteurizada, decorados de apreensões rápidas. Eles devem ser trabalhados de maneira artesanal, sempre em construção, para a internalização dos saberes ali contidos.
É uma via de mão dupla: quando nos preocupamos com a definição dos conceitos, estamos nos prontificando para o saber dos conceitos. É o que, verdadeiramente, importa, no plano do desenvolvimento pessoal.
Este blog, por exemplo, foi constituído para contribuir com essa referência, a de apontar conceitos que precisam ser definidos, de maneira reflexiva, para o aprimoramento das variáveis intelectuais. Veja que foi dito que “os conceitos precisam ser definidos”, o que nos leva a um dos objetivos aqui sempre em discussão: não se pretende fechar definições. A ideia é a de criar um roteiro reflexivo sobre os temas abordados, de forma que cada um de nós busque o melhor caminho para as conceituações. Assim, planeja-se que cada indivíduo sinta-se responsável pelo trilhar do seu caminho.
Para o que se pretende, se você recorda as publicações por aqui mostradas, foram levantados – levando-se em consideração a experiência do autor – conceitos-chave, pensados como significativos na jornada da evolução pessoal. Mas não é uma lista fechada e é bem provável que, ao longo das leituras, você tenha sentido vontade de suprimir algo ou acrescentar outro tema para sua reflexão; é tarefa muito bem vinda, acredite. Fique à vontade para essas revisões. Um professor que tive, de quem sinto muitas saudades, dizia: “Ler um livro é escrevê-lo outro à margem.”.
No mais, fico preocupado com a conotação que a palavra “aventura”, lá do subtítulo, possa suscitar em alguns pensamentos, já que a ideia nem sempre é positiva. Aqui, a variável de aventura diz respeito ao caminho dos heróis, um processo que quase sempre exige muita determinação e considerável esforço para chegar ao pretenso fim, no preparo de intermináveis outras missões.
Que seja assim! A jornada do seu desenvolvimento pessoal tem o mesmo valor do processo heroico. Busque os seus conceitos, defina-os, reflita incansavelmente sobre eles. O caminho da evolução pessoal já está traçado!


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Anotações - Lições de empreendedorismo: Parcerias

No movimento de empreendedorismo, essencial para o nosso desenvolvimento profissional, uma das lições que devemos absorver dos caminhos é o das parcerias.
O estabelecimento de parcerias é essencial para qualquer realização profissional, seja ela em nível empregatício ou de empreendimento. Só um parêntese, a título de reflexão: essa divisão aqui é meramente conceitual (empregatício = ser funcionário; empreendimento = ter um negócio), já que o empreendedorismo está - ou deveria estar - no cerne de qualquer realização de trabalho. Empreender significa estabelecer parâmetros de trabalho fundamentados em percepções responsáveis de realizações de atividades, compreendidas todas as relações (sociais, materiais, econômicas etc.) estabelecidas nas diversas fases de produções.
A ideia de parceria está na concepção de que ninguém consegue fazer nada sozinho. É preciso estar antenado e conectado com colaborações externas, ao mesmo passo em que se configura também um movimento colaborativo para fora. As parcerias são - e devem ser - no sentido de mão dupla.
Os caminhos do estabelecimento das parcerias são os mais diversos. Ora, conceituais (fornecedores, clientes etc.); ora, filosóficos (amigos, familiares, mentores etc.).
Várias reflexões são suscitadas nestes caminhos, já que a mão dupla (como está dito acima) pressupõe que os movimentos devem ser coletivos. Mas o principal pensamento, no caminho do estabelecimento de parcerias, deve ser o da questão da autonomia. Na busca da consolidação das parcerias necessárias ao desenvolvimento de um trabalho qualquer, deve-se ouvir sempre o torvelinho  mental que lhe indica o quanto de autonomia está sendo beneficiado ou prejudicado com aquele movimento.


terça-feira, 17 de outubro de 2017

Anotações - A relação pedagógica

As relações que se devem estabelecer nos espaços escolares devem ser estritamente pedagógicas. A relação pedagógica é aquela cujos movimentos pressupõem um processo de desenvolvimento humano, fundamentado por mecanismos acordados em um sistema coletivo de atuação, regido por propostas e planejamentos discutidos e embasados em conceitos e metodologias aceitos pelo grupo. É um grupo que define o encaminhamento das atividades, sempre previstas as reflexões conceituais das atividades.
Digo isto porque soube de alguns casos recentes de atuações de professores, em espaços diversos, que chocam justamente o princípio da coletividade e da organização do trabalho. Foram posturas que enxergaram as conveniências e a preocupação de um desenvolvimento mais individualista, sem vínculos com os compromissos coletivos.
De verdade, não vejo problemas em situações em que alguns professores se sobressaiam das atitudes de outros do grupo. A questão maior, na minha opinião, é quando esse movimento objetiva tão somente a auto promoção, sem o mínimo de cuidado com o que se estabeleceu na relação pedagógica.
O que está em jogo é o compromisso de, em coletividade, as ações estarem referendando os caminhos de desenvolvimento do aluno. E desenvolvimento, aqui, não diz respeito, apenas, às questões técnicas e curriculares; o desenvolvimento a que se pretende chegar está nos níveis intelectual, social, emocional, cultural e por aí afora.


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O Dia do Professor


Ontem, comemoramos o Dia do Professor. Fico pensando nos grandes professores que tive (em espaços formais ou não) e reconheço que está aí um encargo dos mais honrosos. Transmitir ensinamentos (formais ou não), no desejo puro de que haja uma transformação de desenvolvimento, é uma das missões mais nobres que eu conheço... Penso que em relação à nobreza das missões, ser professor só perde para a de ser mãe; bom, se você for mãe e professora, então, sinta-se duplamente reconhecida na grandeza de seus trabalhos!
Bem sabemos todos nós que a Educação não é das áreas mais valorizadas em nosso país. E que, por isso, a profissão de Professor não ganha muito prestígio nos dias de hoje. E que é bem possível que poucos (talvez muitos poucos...) jovens não a tenham como carreira a ser seguida. Mas não vamos nos lamentar.
É preciso que todos os Educadores, em sua interioridade, sintam-se determinados e confiantes no seu trabalho. Não há desenvolvimento sem a mão de um Professor. E só por aí já teríamos uma vasta dimensão para comemorações.
O Professor é responsável pela condução dos pensamentos de uma criança ou de um jovem. É pelas ações e atitudes de um Professor que os alunos moldam seus caminhos. Se pensarmos nas crianças pequenas, o Professor não é só um condutor; é uma espécie de herói ou de deus.
E é justamente pela ideia mítica do caminho do herói que me vêm os melhores simbolismos de homenagem aos rumos desta profissão. Também o herói não é uma figura reconhecida em sua missão, já que cabe ao herói não o fazer bonito, mas o fazer que se deve ser feito. Por isso, os heróis não agradam todo mundo... Os heróis não esperam reconhecimento em suas missões; simplesmente, suas demandas - que se tornam verdadeiras aventuras - são o combustível de suas vidas. E ao herói não é dado o beneplácito do descanso; tão logo uma missão é completada, outra - mais emergente - é iniciada.
Caro amigo Professor, não se desvincule de suas conexões políticas, nem de suas ambições terrenas. Mas não perca de vista que escolheu um trabalho que encerra, mais do que a transmissão de conceitos técnicos, a determinação de provocar a transformação àqueles que lhe circundam.
Ainda que fique chateado com as dificuldades que lhe chegam, saiba que seu trabalho é de suma magnitude na vida dos jovens que lhe são destinados como aprendizes.
Ainda que o desânimo lhe pegue, sem sobreaviso, nas esquinas da vida, jamais deixe de acreditar que o seu movimento - real, honesto e modelar - vai elevar outras tantas esquinas de vida.
Gosto de pensar sempre naquelas situações extremadas, em que os grandes Professores pareceram tirar uma carta mágica qualquer e reverteram trilhas que pareciam perdidas. É assim com as Professoras que trabalham a alfabetização, por exemplo... Mas também o é com o Professor que fez rebrilhar os olhos daquela criança esquecida na sala de aula... Ou com aquele que envolveu a sala de aula inteira na realização de um projeto que, nos bastidores, todos diziam parecer maluquice... Ou, mágica das mágicas, com aquele que, contrariando todas as lógicas possíveis, fez com que alguns jovens quisessem ser professores também.
Que o dia de ontem - e todos os demais dias dessa empreitada de beleza sem igual - tenha sido vivido com a alegria de quem, nos dissabores de sua profissão, saiba da grandeza de sua determinação. E que, com isso, tem feito cada caminho espinhoso transformar-se na mais frondosa árvore.



terça-feira, 10 de outubro de 2017

Anotações - Quando a chuva nos dá algumas lições

Sábado passado, choveu muito por aqui em São Paulo, de onde produzo essas reflexões. E pensei na ideia de que ficamos idealizando tudo em nossos caminhos. E que, nesse processo de idealização, de uma maneira geral, um dia de chuva sempre é visto como algo que atrapalha nossa programação.
Bom, até pode ser, dependendo da programação, mas o problema não é a chuva em si.
Na verdade, estamos tão presos ao nosso pressuposto de coisas ideais, que vivemos à margem das coisas reais. Não sabemos lidar com a realidade dos momentos.
E, se a realidade nos obriga a repensar rotas e trajetos e orientações (como é o caso de um dia chuvoso), ficamos mesmos sem saber o que fazer. Parece que não há alternativas... ou, se elas existem, parece-nos, ainda, que os caminhos de busca dessas alternativas exigem muito de nós e o melhor mesmo é ficar parado... É assim que estamos.
Uma das preciosas lições vindas com um dia de chuva é aprender aguçar a nossa competência de estabelecimento de rotas outras. Somos dotados de inteligência e de criatividade, basta acrescentarmos alguma dose de determinação e de vontade de realizar algo.
Agora, quando podemos rever o propósito, de tal modo que ele passe a ser o de molhar-se na chuva, outra grande lição é a de que não há problema algum em molhar-se na chuva.


segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Repertório pessoal e cultural

Pensei na imagem de uma jornada como metáfora para o desenvolvimento; fico pensando na ideia de uma bagagem, com suprimentos necessários, que se levaria nesta caminhada. A bagagem é a ilustração ideal para o conceito de repertório, que aparece no título desta apresentação.
Somos sujeitos que estamos sendo formados, ao longo de nossa existência.  A cada etapa da evolução, recebemos uma espécie de estampagem, que nos constitui como indivíduos. Essa constituição marca-nos, indelevelmente, aos olhos dos outros. Somos o que somos. Possuímos características específicas; leituras de mundo conforme nossas observações do mundo; comportamentos particulares; disponibilidades tais... e assim por diante, em uma complexa estrutura humana.
Esse, o conceito de repertório, aquilo que nos constitui. É um jeito de falar, de ouvir, de expressar-se, de portar-se. E somos reconhecidos por isso. Devemos respeitar essa característica... e fazer com que sejamos respeitados, também.
Nossas formações pessoal e cultural são balizadas nas aquisições e elaborações desse repertório. Aqui, abrem-se algumas linhas de pensamento.
O processo de aquisição e de elaboração de um conhecimento qualquer não se configura no plano abstrato. Há um movimento racional do sujeito, que se deve colocar, ativamente, no trilhar daquele caminho. O comportamento deve ser o de atenção constante, pois só se adquire algo em estado de despertar, de percepção. O estado de percepção consolida-se na capacidade e competência de captar sinais que a vida nos aponta, na fundamentação do que queremos realizar. Que é o que nos dá subsídios para a escolha dos melhores caminhos. Se eu não estou atento ao meu redor para captar melhor os sinais que aquele caminho me traz, eu não consigo escolher melhor os rumos que quero dar. Lembra-se da história da Alice, repetida aqui outras vezes, que, ao perder-se no País das Maravilhas, encontra o Gato? A Alice, pobrezinha, toda atrapalhada, pergunta ao Gato qual caminho tomar, ao que recebe o questionamento: “Onde você quer chegar?”. “Não sei ao certo”, diz a menina. “Se você não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve”, diz o Gato, entre sorrisos.
A ideia de aquisição e de elaboração não é automática. Entre o momento de aquisição e o de elaboração há todo um esforço a ser feito. Quando adquirimos um conhecimento qualquer, há todo um processamento de dados e de leituras, realizado em função de nossas vivências e de nossas experiências. É a saída desse processamento que se configura, de fato, o que elaboramos a propósito do nosso conhecimento. Desnecessário dizer que, se não prestarmos atenção (de novo!) nas nossas leituras, nas nossas vivências e nas nossas experiências, não teremos qualidade nesse fundamento de elaboração. As vivências e as experiências são, também, o que nos constituem.
Quando passamos pela vida, em nossa escala de evolução, vamos acumulando as mais diversas vivências e experiências. Familiares, sociais, acadêmicas, profissionais, culturais e por aí vai. Quase todas, carregadas de conhecimento; algumas delas, de precioso conhecimento. O nosso comportamento de atenção a esse processo e a competência (a ser exercitada) de assimilação do quanto nos chega é que vão determinar o quanto de positivas são essas vivências, fundamentais para todas as relações de leituras de mundo que nos vão ser úteis.
E aí, sim, constituído o nosso repertório pessoal e cultural, a jornada pode descortinar-se mais interessante e repleta de possibilidades de transformação... que, afinal, é o que todos queremos!

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Anotações - A tecnologia e as pequenas gentilezas

O aparato tecnológico que nos chega nos dias de hoje pode permitir uma série de variáveis positivas. É a sábia utilização dessas ferramentas todas que pode vislumbrar os aspectos de positividade.
E é preciso que nos preparemos para essa sábia utilização. Ou, pelo menos, entender que está em nossas mãos essa possibilidade.
Outro dia, assisti a uma interessante cena. Uma senhora conversando através do sistema de vídeos de seu aparelho de telefone celular, utilizando-se da linguagem de sinais. Imaginei que do outro lado poderia estar seu filho, deficiente auditivo talvez. E que estava ali uma imagem da comunicação moderna, conectando pessoas, derrubando barreiras e elevando pontes que até há pouco tempo seriam inimagináveis.
E imaginei, ainda, a netinha distante e saudosa de seu avô, procurando nos comunicadores de seu aparelho símbolos que correspondessem aos gostos dele, simplesmente para desejar boa noite. E a facilitação do reencontro de amigos e familiares distantes no tempo e no espaço... E aqueles enamorados que se surpreendem com corações coloridos desavisados para expressarem o amor. Vieram-me tantas imagens.
Quando a tecnologia permite pequenas gentilezas, podemos perceber o quanto somos mais ligados à humanidade.


terça-feira, 3 de outubro de 2017

Anotações - É preciso estar atento e forte

Na música "Divino maravilhoso", de Caetano Veloso, há uma série de oposições que nos remetem ao exercício da consciência. ("Atenção para as janelas no alto; atenção ao pisar o asfalto...")... E que, ao mesmo tempo, tudo é perigoso, tudo é divino maravilhoso. Não sei se você conhece a música; se não, dê uma olhada aqui.
Só a ideia de estarmos atentos a tudo, já que tudo pode ser perigoso e maravilhoso ao mesmo tempo, é um ótimo exercício de nos descobrirmos ao que nos ronda. E até exatamente para aprendermos a distinguir entre o que é perigoso e o que não é. Ou melhor, de estarmos conscientes às percepções dinâmicas da vida.
Não à toa o refrão da música (a própria letra da música pede-nos que estejamos atentos ao seu refrão) reverbera: "É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte...".



segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A felicidade

Não sei se você já reparou que a ideia de felicidade é transmitida como algo fácil e presente em todos os momentos de nossa vida. Pelas propagandas de televisão, vemos o mundo feliz em filas de bancos, nos transportes públicos, nos supermercados, nas rotinas da vida e por aí afora. Quando passamos desse universo onírico para o mundo real, demoramos a encontrar essa tal felicidade.
O que aconteceu? Onde estão aqueles sorrisos fáceis e contagiantes?
Como na música, "a vida é real e de viés...". Não existe essa felicidade fácil e contagiante nas esquinas à nossa espera. É preciso que construamos um espaço de energia e sintonia que permita situações de felicidade, isso sim.
Então, precisamos conversar sobre isso, para o bem do nosso desenvolvimento. Como construir esse espaço?
Em primeiro lugar, é preciso que nos afastemos daquelas imagens das propagandas da televisão. Não que haja nada errado com a televisão, mas há algo errado com algumas coisas que as televisões nos mostram. E o interessante é que essa mostra toda até tem uma função, já explorada em diversos estudos sobre o poder das mídias - de uma maneira geral, o propósito da alienação é o que se pretende com esse bombardeio de imagens oníricas que nos afastam, sobretudo, de nossas potencialidade.
Sim, e aqui chegamos ao segundo lugar, é preciso que nos demos conta das nossas potencialidades. Daquilo que somos verdadeiramente capazes de fazer. Ou da possibilidade de sermos verdadeiramente capazes de fazer. E, veja, entre o fazer e a possibilidade do fazer está, tão somente, a nossa determinação de realizar algo, nada mais.
O problema da alienação é que somos treinados a acreditar que a nossa realização está consoante ao alcance daquela situação imagética que nos é apresentada (se eu não usar aquele tipo de creme dental, não terei jamais prestígio... esse é o mantra que a propaganda da televisão nos passa). Isso quando, na verdade, a capacidade de realização está, internamente relacionada, ao propósito que me atribuo de determinação e de crença nas minhas potencialidades. Façamos um alerta, por favor: a ideia de potencialidade não está vinculada à questão da natureza; os potenciais podem ser desenvolvidos.
Visto por esse ângulo, é até mesmo mais fácil encontrar, enfim, a felicidade. Ela vai estar nos momentos em que você se permitir enxergar suas possibilidades e determinar-se a realizá-las. Tenha a dificuldade que tiver, a capacidade de buscar a realização daquilo a que você se pretender trará as percepções necessárias para enxergar o mundo com outros olhos.
Certamente, você vai descobrir que a ideia de felicidade é mais abrangente do que possamos imaginar. Uma série de eventos e ocorrências que, talvez eu nem os percebesse, vai ser responsável por diversos momentos de alegrias e satisfações.
A busca da felicidade não está nos externos dos meus caminhos; antes, ela está na percepção da minha interioridade e nos rumos que atribuo à minha determinação de modificar as trilhas espinhosas que me chegam.