segunda-feira, 11 de abril de 2016

Ensino e Aprendizagem - O limite entre desafiar e constranger

Em Educação, quando se está à frente de um grupo, com a responsabilidade do desenvolvimento de atividades de interação que visem ao processo de ensino e aprendizagem, há um fator extremamente importante a ser considerado como reflexão.
Acredito que todo Professor tenha passado por esta experiência - criar elementos de significação ao seu discurso, de tal forma que o Aluno esteja sendo desafiado a todo o instante. É no desafio que o aprendizado torna-se mais consistente.
E o Aluno está preparado para o desafio; para a comodidade, não. E é aqui que cometemos os maiores erros das variantes pedagógicas: como criar situações de desafio é trabalhoso - até porque podemos perder o controle dos momentos -, levamos as propostas de uma forma rotineira e desprovida de maiores complicações, para que não percamos o controle das turmas. Este pensamento, por si só, já é falacioso, uma vez que a comodidade pode produzir uma série de resultados, mas nunca o desenvolvimento. Para o desenvolvimento - razão mestra da Educação -, é preciso que haja um pouco de mar tortuoso, em que se navegue à busca de adequar-se aos ventos que teimam em nos levar para outros caminhos.
E nessa imagem, perceba, há um pressuposto interessante de desafios: é preciso saber dos ventos para levar o barco ao seu rumo; é preciso saber do barco para adequá-lo aos ventos; é preciso saber do mar para que barco e vento afinem-se em uma proposta de sintonia; é preciso saber dos rumos que se quer alcançar para que barco, vento e mar estejam em uma simbiose de propósitos.
A grande questão, nesta variável do desafio, é o exercício da habilidade em não deixar transpor o limite entre desafiar e constranger. Às vezes, se não estivermos com a clareza das percepções, atravessamos esse limite e o que parecia um ato de desafiar alguém passa a ser uma posição de constranger esse alguém.
Procure lembrar-se: decerto, quando aluno, você já foi desafiado por alguém, no processo de aprendizagem... E, decerto também, em alguns momentos, essa ideia de desafiar, mal executada, provavelmente, constrangeu-o frente a um grupo qualquer, de tal forma que aquele aprender virou bloqueio, em uma eterna dificuldade de assimilação.
Recentemente, senti-me propenso a desafiar um jovem que não queria participar de uma atividade que estava desenvolvendo. Brinquei várias vezes com a questão de o moço não querer participar, instiguei-o por várias vezes a fazer parte do grupo e, por fim, ele aceitou participar... não sei se gostou, mas eu o vi envolvido no que estava fazendo. Meus pensamentos, depois, passearam nesta reflexão: e se eu o tivesse constrangido? Certamente, eu teria provocado uma aversão àquele trabalho e a qualquer pressuposto de vontade de aprendê-lo.
Em Educação, é preciso o tempo todo estar com os pensamentos voltados a essa ideia. É no desafio que o desenvolvimento se verifica... mas há uma linha muito tênue entre sentir-se desafiado à realização de uma tarefa e constranger-se diante da realidade de ter se envolvido em movimentos de desmerecimento de um rumo qualquer.

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