segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Um pouco de conversa sobre o uso do lúdico no contexto pedagógico

Eu gosto de pensar no referencial lúdico como uma estratégia de valor muito positivo, a ser inserida nas variáveis pedagógicas. Entretanto, acredito, ainda, que há muito de preconceito e desentendimento sobre a utilização do lúdico nos espaços escolares.
O que imagino como plausível e possível é a visualização de uma Escola, em que o lúdico, o imaginário e a felicidade estejam na ordem do dia para o desenvolvimento de um trabalho de formação que prime pela qualidade positiva. Para sustentar meus pensamentos, é bom que se diga que tanto o lúdico, quanto o imaginário e a felicidade devem ser pensados como ricas estratégias de redimensionamento do fazer pedagógico.
De saída, qualquer estratégia a ser utilizada como subsídio nos processos pedagógicos deve ser realizada com responsabilidade, seriedade, com planejamento e com domínio técnico. As estratégias dizem respeito a um conjunto de ações reflexivas, estruturadas para tornarem mais efetivo e positivo o trabalho. Com a ludicidade, não é diferente.
Do ponto de vista de uma mentalidade científica - para entender racionalmente o problema -, quaisquer ações reflexivas demandam um conjunto de preparações especialmente elaboradas: melhora do embasamento intelectual; aperfeiçoamento da leitura e conhecimento de mundo; desenvolvimento de competências técnicas e sócio-relacionais; cuidado nas fases de planejamento do trabalho, principalmente as que dizem respeito às variáveis de revisão e de tomada de decisão.
É possível, assim, visualizar que há muito de preparo e estudo para que uma estratégia de trabalho - no nosso caso, a utilização do lúdico - busque um processo de modificação e de transformação, em que o binômio "fazer melhor / ser melhor" seja o principal combustível das atuações.
Sem contar que, em paralelo, as instituições sociais e profissionais passam por discussões constantes e renovadas de novos conceitos e/ou temas que as modifiquem. Em Educação, como era de se esperar, não poderia ser diferente. Hoje, às reflexões sobre metodologias e estruturas curriculares somam-se as percepções desses novos temas/conceitos, dos quais, aqui, é possível destacar: a questão do protagonismo; a questão do ensino colaborativo; a necessidade do desenvolvimento de uma capacidade maior para a resolução de conflitos; e por aí vai. É com essa premissa que surge a necessidade da busca de uma formação de um novo ser humano, que assimile e apreenda as bases desses novos conceitos/temas. E essa formação precisa ser entendida em via de mão dupla: é preciso buscar a nova formação de um professor e a nova formação de um aluno.
Como vivemos um tempo em que se acentua a dicotomia entre o âmbito racional e o emocional - como se fôssemos segmentados sem ser -, vale a constatação de que falta mesmo uma visão poética do mundo, a partir da qual seja possível reconhecer a magia e os mistérios que norteiam os saberes. Descontada toda a necessária leitura acadêmica, na minha opinião está aqui a síntese do entendimento do lúdico: buscar a visão poética do mundo. Antes que atribuam à minha síntese uma pecha subjetiva, já que me vali  da palavra "poética", preciso ressaltar que a palavra aqui está utilizada no seu sentido clássico, o de sentir. Poesia, para os gregos, remetia ao instante dos sentimentos. Então, falta uma visão de mundo, em que os sentimentos diante dos estímulos sejam exercitados e colocados à mesa.
A ludicidade, assim, está relacionada ao estabelecimento de uma visão de educação mais humanizada, em torno da qual possamos acreditar que o jogo, a festa, o brinquedo, o lazer e a poesia sejam verdadeiramente entendidos como variáveis formativas.

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