Quando pensamos em poesia, normalmente, pensamos em um texto escrito em versos ("Você leu aquela poesia do Drummond?", dizemos). Aqui, gostaria de explorar um pouco mais o sentido da palavra. Para isso, recorro à sua origem grega, que encerra o significado de "sentir". Por esta via, quando dizemos "poesia", queremos estabelecer uma relação com os sentimentos advindos daquele texto... Bom, para ser mais sincero, não é necessário que seja exclusivamente de um texto. Qualquer referente que desperte os meu sentidos, posso categorizar como um referente poético. É assim com uma pintura, com uma música, com uma fotografia, com uma imagem qualquer, com um aroma etc. Mas fiquemos, por enquanto, no texto.
Há um poema do Manoel de Barros, O apanhador de desperdícios (se não conhece, clique aqui para ver uma antologia especial do Manoel de Barros, em que consta esse poema), que brinca bem com essa referência dos sentimentos. O poeta já começa com um paradoxo interessante ("Uso a palavra para compor meus silêncios."), em torno do qual tece imagens fantásticas ao longo do texto, para encerrar na mesma variável: Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Em uma leitura livre, a ideia de compor silêncios remete ao processo de introspecção por que devemos passar quando das situações de reflexões que o cotidiano exige de mim. Essas reflexões não podem ser aleatórias, nem irresponsáveis; é preciso conteúdo (palavras) para firmar o processo de reflexão (meus silêncios) - conteúdo esse fundamentado nas leituras e apreensões que fiz ao longo de minha vivência.
O poema apresenta-nos, ainda, variadas imagens, que nos deleitam o olhar, à medida em que me permito ampliar o conceito de poesia. Experimente sorver essas imagens.
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