quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Anotações - Carroça vazia

Tenho me cansado do barulho que fazem as muitas pessoas que não têm nada a dizer. São pessoas com que venho me deparando nessa caminhada, de quem até esperaria algo. O incrível é que, quase sempre, suas falas são vazias. Mas, além do vazio, há também um barulho ensurdecedor, como quem disfarça a falta de conteúdo.
Penso que essas pessoas são assim mesmo: é preciso fazer muito barulho para chamar a atenção, já que não há outro pressuposto para prender a atenção. Penso, ainda, que, por mais que não me considere um modelo, jamais cogitei ganhar a atenção de alguém pelo grito ou pela imposição de um discurso.
É preciso darmos atenção ao conteúdo que vamos acumulando ao longo de nossa vida, cuidando dos saberes e das práticas que vamos desenvolvendo, para que não nos transformemos em carroças vazias... Conhecem a história? A do menino que ouviu de seu pai, em um dia de passeio, a indagação sobre o que ele escutava quando passaram por um bosque. O menino respondeu que, além dos sons naturais, ele escutava o barulho de uma carroça. O pai confirmou e ainda completou: "É... é uma carroça vazia!". O menino ficou curioso, pois ainda não tinham avistado a tal carroça. "Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?". E é aqui, na resposta do pai, que venho encontrando o alento para suportar esse barulho que fazem as pessoas que não têm nada a dizer... Disse o pai:

"É muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho.
Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que ela faz.".


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