segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Sobre a ideia de urgência

A referência de urgência no processo de realização de algo suscitou-me uma reflexão contida, exatamente, na palavra "urgência", algo como o que precisa ser feito em um espaço de tempo futuro e que exige uma certa pressa. Claro que a palavra em si pode ter várias conotações, mas apeguei-me ao sentido clássico para essa reflexão.
Nesse aspecto, a ideia de urgência está associada a um elemento básico, caro ao propósito da evolução pessoal: o da falta de planejamento. É preciso resolver de maneira urgente aquilo a que faltou uma elaboração melhor de planejamento.
Até sei que muitas pessoas usam a palavra para referir-se ao que precisa ser feito logo, sem demora, mas insisto na ideia de que aquilo sobre o qual estruturou-se as fases de um planejamento bem feito não demanda pressa, já que o tempo de execução do que precisa ser feito está previsto nas rotas do que foi planejado.
Preocupa-me, principalmente nas reflexões sobre o desenvolvimento pessoal, a questão de que é necessário urgência para a realização de algo. A questão pode embutir o viés cultural de que aquele que está em correria, em atividade, pode parecer mais responsável. É por isso que vemos muitas pessoas fazendo questão de parecer aos olhos dos outros esse viés da correria, da pressa, como pressuposto de quem está fazendo algo. Se se corre, ou se está com pressa, pode parecer ser mais ativo.
Aqui, revela-se uma certa confusão. Ser ativo não tem, necessariamente, relação com a ideia de pressa. Não preciso estar correndo, nem esbaforido, para dizer que sou ativo. O que determina o fato de ser ativo é o meu portifólio de produção - seja ela intelectual ou material. E não preciso parecer aos olhos dos outros um sujeito que está em constante pressa para sustentar esse meu portifólio. A cultura nos leva ao equívoco dessa impressão. É só olhar pelas ruas - há um sem número de pessoas correndo para lá e para cá, como quem está perdendo a hora (ou o bonde, sei lá)... E essas pessoas sempre parecem mais importantes.
Mas não é assim que se balizam as importâncias da vida... ou não deveria ser assim! Já que esse aspecto, até por ter atribuído um valor cultural, faz com que algumas pessoas assimilem essa característica da urgência como um viés valorativo de desenvolvimento. E, na contramão, também pelo mesmo motivo, as pessoas calmas e reflexivas são tidas como não produtivas. As importâncias da vida devem ser planilhadas pela capacidade, competência, talento, criatividade e resultados que transformem as realidades.
Assim, se for o seu caso, repense a questão da urgência como fator de sustentação de suas habilidades. Aí, sim, com urgência!

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