segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Uma questão de humanidade

Fiquei com a frase do Chaplin martelando em minha cabeça. O filme é de 1940 e bem sei que a referência girava em torno da questão da guerra e das ideias das máquinas que ceifavam a vida.
Não sei se você assistiu a "O Grande Ditador", mas certamente já deve, em algum momento, ter tido contato com o famoso discurso da personagem do filme. Lá pelas tantas, neste discurso, é dito: "... Mais do que de máquinas, precisamos é de humanidade!". É uma frase que me acompanha, a mim e às minhas exposições, de maneira constante.
A necessidade de retornamos ao proceso de humanidade fica mais gritante a cada instante que evoluímos nos nossos tempos. Tempos em que nos distanciamos do outro sem a menor cerimônia. Em que, às vezes, na correria dos dias, sequer nos damos conta da presença do outro.
É nesse contexto que coloquei-me a imaginar a ideia, poética até, de um encontro entre as pessoas. Um encontro para, na contramão desse movimento frenético que se tornou a vida, jogar conversa fora... Isso mesmo, nada de seriedade, nada de pauta responsável sobre tarefas inadiáveis, apenas para jogar conversa fora.
Imagine-se neste encontro. Você chegaria com o seu melhor sorriso e sua fala mais solta. Encontraria outras pessoas com disposição parecida; poderia até rever rostos antigos que há muito não via. E passaria o tempo em um espaço de confraternização que parecia impossível de existir. Alguém poderia trazer algumas fotografias; outros trariam alguns quitutes para forrar o estômago naqueles momentos; outros, ainda, poderia juntar-se para cantar uma canção que há muito não se escutava; alguém ficaria com vontade de declamar um texto de que se lembrava e logo seria seguido por outros; certamente, existiriam aqueles que, por terem a habilidade, trariam lembrancinhas artesanais para o grupo... E assim se passaria o tempo, sem ninguém conseguir explicar aquela felicidade.
Na verdade, a felicidade estava no encontro em si. Pessoas reunindo-se, sem aparente razão, para falarem da vida e, sobretudo, para vivenciarem a vida, em uma plenitude tremenda. O que faz a imagem desse encontro girar em torno da ilustração de felicidade é a demonstração da frase de Chaplin, lá no filme - mais do que de máquinas, precisamos é de humanidade.
A vivência desse fator de humanidade - pessoas juntas gastando o tempo em um ganho de vida - retoma-nos a importância de sermos humanos. De podermos perceber o outro... de podermos tolerar o outro... de podermos valorizar o outro. De podermos enxergar-nos nos outros. E é isso que anda em falta hoje em dia. A humanidade.
Nos processos de desenvolvimento humano, a percepção da humanidade é quem me veste das relacionais emocionais de que me valho para compreender os caminhos a que preciso me submeter. E, ainda mais importante, a ideia desse encontro - e sua possibilidade de realização - é da mais viável natureza de realização.

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