segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Reflexões sobre o Planejamento Escolar - 3

3.       CULTURA DA APRENDIZAGEM
Nos processos de ensino e aprendizagem, é preciso levar em conta o quanto de compreensão das variáveis de aprendizagem o sujeito internalizou em sua vida. A cultura da aprendizagem está relacionada com os propósitos de movimentos a que o indivíduo precisa submeter-se em seu processo de evolução.
Nesse sentido, há um dado relevante que se contrapõe ao que convido a refletirmos. A cultura a que estamos acostumados fez-nos acreditar nas relações de satisfações imediatas, de curto prazo. Normalmente, o indivíduo até quer aprender algo, mas não quer se submeter aos esforços que gerem a aprendizagem. Sempre penso na imagem da pessoa que pensa em escrever um livro, por exemplo - normalmente, essa pessoa concentra seus pensamentos na melhor capa, na melhor editora, na melhor noite de autógrafos, na melhor caneta para essa melhor noite de autógrafos etc. Os esforços estão sempre direcionados no produto acabado, realizado. E aí lembramo-nos de que o livro, como produto, precisa passar por um processo de elaboração. E, normalmente, esse processo de elaboração é trabalhoso. É preciso criar uma consciência de exercício do olhar para que se tenha uma ideia original, no mínimo; é preciso que se tenha passado por uma experiência intensa de leituras para que as referências de escrita estejam internalizadas; é preciso que haja uma disponibilidade para o registro das ideias (no papel ou no computador); é preciso que se busque criatividade para que esse registro seja diferenciado; é preciso que cada registro passe por um sem número de reescritas, até que se apure o texto; é preciso, se o interesse for de publicar o livro por uma editora, que esse texto seja submetido a um crivo externo - quase sempre não muito justo, diga-se de passagem, e, na maior parte das vezes, fundamentado mais por interesses comerciais do que por genialidade no texto; é preciso submeter-se a reuniões várias para ajustes no texto, quase sempre causando descontentamento em relação à produção; é preciso submeter-se a revisões, também diversas, que podem interferir nesse ou naquele caminho do texto… Aí, o livro está pronto. Agora, é só o tempo de aprovações de capa, de diagramação, de planejamento de lançamentos, de contratos e, sim, podemos pensar na melhor caneta para a melhor noite de autógrafos - que será realizada a contento da editora, é bom que se diga.
Desculpe-me se o parágrafo acima foi cansativo. Só quis expor o quanto o processo é custoso e demanda uma carga de energia muito grande. É preciso preparo e muita determinação. Normalmente, quando penso nessa questão, lembro-me do livro Fernão Capelo Gaivota, do Richard Bach. Não sei se você leu ou se conhece, mas tem lá um tema bastante propício para refletirmos, futuramente, de forma mais apurada sobre a cultura da aprendizagem.
O que é bom destacar agora, neste cotidiano de planejamento escolar, é que se a Escola estiver atenta a esse processo de cultura da aprendizagem por que todos nós passamos, talvez o direcionamento das variáveis pedagógicas possam ter caminhos mais interessantes, principalmente na ideia do necessário esforço para o desenvolvimento pessoal.

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