No meu processo de formação de Educador, constante como deve ser, há um livro a que retorno sempre: Professora sim, tia não - Cartas a quem ousa ensinar, de Paulo Freire (O meu exemplar é de 1993, da Editora Olho d'Água, de São Paulo - não sei se o livro ainda está editado lá...). Já no título e no subtítulo, referências provocativas ao nosso trabalho - professora, não tia... E o material do livro são cartas a quem ousa ensinar, a quem tem ousadia...
E acredito que Paulo Freire, não só nesse livro, mas em sua obra total, voltada ao questionamento constante do fazer pedagógico, quis exatamente despertar-nos a consciência de uma ousadia. De não nos prendermos às armadilhas que poderiam advir do trabalho (lá por dentro do livro, por exemplo, Paulo Freire gasta um pouco de verbo para explicar as razões que o levaram a explicitar a contraposição à tia no título - o que estava, na verdade, por trás era o que sempre norteou seu trabalho: as referências de valorização ao papel do professor).
Em várias passagens, fica explícita a importância de o professor valorizar seu processo de trabalho, incutindo-lhe respeito e amor. Respeito à variável de construção do conhecimento e amor à natureza essencial do trabalho que promove o desenvolvimento do ser humano.
É um desses livros cuja leitura não se esgota, nem se deteriora no tempo. E, como o próprio mestre cuidou de deixar na apresentação desta obra, em nossos caminhos, devemos lutar por "uma escola que, continuando a ser um tempo-espaço de produção de conhecimento em que se ensina e em que se aprende, compreende, contudo, ensinar e aprender de forma diferente..."
Qualquer hora dessas, com certeza, ainda volto a esse livro.
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