segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Mestres de ofícios - O saber fazer

A ideia dos antigos mestres de ofício estava fundamentada na capacidade do saber fazer. Penso que seria interessante resgatar esse conceito.
O saber fazer é uma competência desenvolvida através da relação do trabalho pelo domínio de ferramentas largamente experimentadas e conhecidas. Os mestres de ofício herdavam - ou desenvolviam - exatamente esse domínio. Normalmente, esse domínio é o resultado de 
inúmeras vivências e experiências no manejo do trabalho, geralmente associadas aos aspectos manuais de realização.
Mas não só. Vários mestres de ofício debruçaram-se em estudos teóricos de longas datas para o aperfeiçoamento do fazer.
Todos que trabalham com as variáveis pedagógicas precisariam espelhar-se nesse modus operandi.
As relações de ensino e aprendizagem devem estar atreladas ao desenvolvimento desses princípios de competência: estudar, compreender o seu objeto de trabalho, aprender novas referências, desenvolver ferramentas, saber ensinar etc.
Precisamos preocupar-nos com a era da superficialidade em que nos vemos. Em grande parte dos espaços escolares, tanto professores quanto alunos veem-se confusos em relação ao que ensinam e ao que aprendem. Uns não dominam muito bem o que estão transmitindo; outros não entendem muito bem o que estão aprendendo. E uma máxima que já conhecia muito bem ("Você finge que ensina e eu finjo que aprendo.") ganha contornos maiores.
E aí corta para o mercado de trabalho (ou para as relações sociais, de uma maneira geral). E estamos diante de pessoas com falta de iniciativa, de atitude e de criatividade. E com falta de paixão por aprender!
Os antigos mestres de ofícios sabiam despertar e motivar os aprendizes... e por algumas razões bem simples: o que eles ensinavam tinham uma utilidade prática; o que eles ensinavam eram produto de uma relação de saber fazer; quando eles não sabiam ensinar algo, os mestres estimulavam a busca de soluções práticas, normalmente em conjunto; o ambiente de aprendizagem era constantemente estimulador de descobertas e de realizações de potencialidades.
Quando pensamos nos espaços escolares de hoje, de uma maneira geral, desculpem-me, não enxergamos muita motivação para descobertas e realizações daquelas potencialidades. E talvez não seja tão complicado assim transpor aquele cenário para as escolas, respeitando-se todos os sistemas e realidades em que estão inseridas.
E a ideia de pensar em uma mudança assim só está refletida na realidade de que o nosso compromisso maior é o da promoção do desenvolvimento dos nossos alunos.

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