segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A cultura da aprendizagem

Retomo ideia já publicada por aqui em outros tempos. É que o assunto, pelo menos para mim, é de uma necessidade recorrente: a ideia de abordar as formas como aprendemos - e a relação com nossa vida - persegue-me, reflexivamente, em meus caminhos. Penso que é absolutamente preciso refletir sempre nos caminhos de aprendizagem. Isso, porque, somos sujeitos que estamos, o tempo todo, propensos a diversos meios pedagógicos. E é essa propensão cotidiana, e às vezes imprevista, que me remete ao conceito de cultura.
Os elementos culturais a que somos submetidos, em grande parte, é de natureza implícita - está em nossa interioridade, nem sempre pensamos sobre eles; fazem parte do nosso instinto. Esse pressuposto até poderia dar margem à ideia de que, se está no âmbito da naturalidade, então não representa um grande problema, já que nem preciso pensar muito sobre as ações concretas que me acometem.
É, poderia ser. Grande parte das nossas referências culturais, simplesmente, são assimiladas por, digamos, uma espécie de osmose, em que não são necessárias interferências concretas. Basta deixar fluir.
Acontece que, no que diz respeito aos processos de aprendizagens, ocorrem elementos de distorção que podem comprometer os conceitos finais. Um desses elementos é o que baliza minha retomada deste tema: a questão da pressa que temos em chegar aos destinos finais.
Somos arautos da pressa... Na verdade, estamos com pressa sempre! Vimos acostumando-nos com a corrida dos dias, deixando de perceber nuances da vida que se expressam nos ambientes ao meu redor e nas pessoas que compõem esses ambientes. Levamos a dimensão da pressa para todos os espaços ao redor: temos pressa de chegar, temos pressa de falar, pressa de ouvir, pressa de ler, pressa de relacionar-se, pressa de aprender.
Ora, existem instâncias em nossa vida que não podem ser adiantadas, as quais precisam ser absorvidas nos valores artesanais de que são constituídas: ouvir o outro, aperceber-se do outro, conviver com o outro. E é aqui em que se inserem os conceitos de aprendizagem - de minha convivência com o outro (físico ou não). É desse outro que absorvo as informações a serem transformadas nos conhecimentos que fundamentarão meu desenvolvimento. A tal aprendizagem: um conjunto de absorção de informações, que me chegam por um outro (tangível ou não), referendadas pelas variadas leituras com que as processo, na produção de conhecimentos. Não dá para vivenciar esse processo em um caminho desvairado de pressas.
A aprendizagem vai ocorrer em um espaço artesanal. Espaço a que tenho que me submeter, reflexiva e cuidadosamente, exatamente como o fazemos nas experiências culturais que me tornam o que sou.

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