segunda-feira, 22 de junho de 2015

"Na sala de aula, mas sem aprender"

O título está entre aspas, porque não é meu. Essa é a denominação de uma análise que saiu no The New York Times International Weekly, publicação semanal de excertos do famoso jornal americano, publicado pela Folha de São Paulo. A matéria é do dia 06 de junho passado e disserta sobre referências de alguns problemas de Educação, citando, principalmente a África do Sul e o México.
Apesar do título estar em um veículo de comunicação distante e não referir-se diretamente ao Brasil, não são distantes as variáveis reflexivas sobre um dos maiores problemas da Educação, que enfrentamos por aqui. E o problema tem sua reflexão baseada em dois pilares principais: o popular "você finge que aprende e eu finjo que ensino"; e a outra ponta, fundamentada em uma preocupação do ensino justificado pela necessidade, apenas, de se tirar uma boa nota nos sistemas de avaliação que por aqui reinam.
E a questão maior fica mesmo resumida no título da análise: as crianças e jovens até estão na sala de aula, mas aprendem bem pouco. E é grave isso. Se formos nos atentar, nos detalhes, às duas principais metas que corroborariam o prenúncio de um ensino de qualidade - domínio fundamental dos mecanismos de leitura e de escrita; e aprofundamento do raciocínio matemático -, já teríamos, e muito, com o que nos preocupar.
Em consequência, a questão fica bem mais delicada: em uma ponta, os professores comprometidos estão desmotivados a ensinar; na outra extremidade, e como era de se esperar, os alunos não atribuem significados ao ato de aprender.
A mudança de paradigma dessa realidade vai exigir uma nova leitura de posturas e atitudes. É preciso rever caminhos e planejamentos. Acredita-se que a referência de quantidade até está bem encaminhada; vamos ter que concentrar esforços na variável da qualidade.
A busca de uma melhoria na qualidade da Educação não é tarefa das mais simples, já que exige uma mudança de visão, mas é empreitada que precisa ser encaminhada. Para isso, talvez o início da caminhada seja a de nos revermos como profissionais - quanto estamos investindo em nosso papel nesse propósito de transformação de que precisamos? Quanto estamos colaborando com a nossa experiência e a nossa ciência para subsidiar a mudança? Quanto sabemos da dimensão dessa mudança? Quanto estamos investindo na coletividade de ações?
A verdade é que temos tantas respostas para buscar, nos mais variados níveis de atuações em que estamos envolvidos. E à busca dessas respostas, precisamos acrescentar a transformação de nossas posturas - esquecer a visão negativista de que estamos acostumados; assumir protagonismo de comportamentos e ações; assumir os papéis colaborativos de que os tempos modernos estão constituídos; entender o papel da tecnologia, tanto na nossa formação, quanto nas atuações; saber ler as transformações das sociedades em que estamos inseridos; e, sobretudo, resgatar os princípios mais fundamentais da arte de ensinar e de aprender.
Quando estivermos plenamente inseridos nesses propósitos, é bem possível que enxerguemos melhor novas rotas por onde caminhar nossos objetivos de transformação da tão discutida melhor qualidade em Educação.


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