segunda-feira, 2 de maio de 2016

Metodologia da inspiração

Durante algum tempo, fiquei reticente às ideias de inspiração. Gostava de dizer que não acreditava em inspiração, valorizando as variáveis de esforço e do trabalho no caminho do desenvolvimento. Em minha tese, a referência de inspiração conferia uma dimensão mágica ao produto do trabalho. Até usava, para reforçar meu conceito, a imagem de alguém sentado, esperando uma luz divina acorrer-lhe à falta de ideias do que fazer... essa era, para mim, a imagem de inspiração.
Gostaria de aproveitar esse espaço para rever meus conceitos. Ainda defendo - e valorizo - as dimensões do esforço, da determinação e do trabalho. Entendo que, ainda que tenhamos habilidades e competências para determinada elaboração (e as temos!), é só na realização do trabalho árduo e consistente (e insistente!) que o desenvolvimento se sustenta.
Acontece que uma variável tomou-me os pensamentos, nestes últimos dias. Eu reconheço que me inspiro em várias pessoas, em várias ideias e em várias dimensões para o movimento do meu trabalho. Algumas pessoas fornecem-me ricos subsídios de inspiração para os meus conceitos e credos; muitas ideias acrescentam valores aos meus princípios de realização; e assim por diante. E é claro que isso é inspiração.
Valho-me desse processo de inspiração para redimensionar, para subverter, ou simplesmente para apoiar meus projetos... é um caminho consciente de evolução pessoal. Um tanto dessa inspiração cria um elemento simbiótico às minhas habilidades. E eu carrego comigo, em minhas realizações, elementos óbvios desse processo de inspiração.
Só faço algumas ressalvas: a primeira, inquestionável e inegociável, é que ainda tenho por máximas as variáveis do esforço e da determinação pessoal como pressupostos de desenvolvimento... Sem elas, não há inspiração que sobreviva; a outra, é que os valores éticos me impelem, sempre, a citar as referências de inspiração... é preciso que os meus interlocutores saibam, claramente, de onde vêm minhas referências. É uma demanda pedagógica: ao saber de minhas referências, os que me ouvem podem entender que eles mesmos podem inspirar-se em outras instâncias.
Uma outra ressalva, de caráter filosófica (e que aprendi com minhas inspirações), é que as minhas inspirações devem ser modelos para que eu as supere... Nada aí de exibicionismo, por favor não pensem nisso. O que está por trás do critério de que é necessário superar minhas inspirações é a máxima da primeira ressalva: minha preocupação não é copiar, mas sim valer-me das referências daqueles de quem admiro para subsidiar o meu esforço, o meu trabalho, na constituição de algo inovador e criativo. É assim que caminho.
Ao dizer de tudo isso, percebo que o trabalho de Educação deve ser assim: inspirar e ser inspirador!

Nenhum comentário:

Postar um comentário