segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Dos difíceis caminhos de um trabalho positivo em Educação

Desenvolver um trabalho positivo em Educação não é dos caminhos mais fáceis. Há vários entraves e percalços a serem vencidos no trilhar dos rumos.
Há o problema da formação e da desmotivação na busca de estratégias e tecnologias que pudessem ajudar. Há a questão da falta de envolvimento das famílias. Há, também, a falta de reconhecimento dos sistemas e dos empregadores. Há, ainda, os entraves naturais das estruturas precárias. Há o problema da inexistência de uma integração entre os próprios colegas. Há, nessa linha, uma falta de diálogo entre o pessoal do corpo diretivo das escolas e os professores. E há, ainda, o próprio desgaste físico e mental dos atores, que precisam dividir-se em mais de uma unidade escolar, para o desenvolvimento sustentável de suas necessidades.
Nesse quadro, falar de qualidade em Educação parece até cruel. Mas é preciso falar.
Ainda que nos custem tempo e disposições, é preciso que os agentes pedagógicos incluam a questão das melhorias de qualidade no trabalho pedagógico nas discussões que ocorrem. De quebra, a inclusão da pauta pode representar também melhorias para os entraves e percalços aí expostos.
O problema da formação guarda em si uma referência cultural de maneira generalizada e, neste caso, de identidade profissional. Os professores, de uma forma geral, entendem-se como profissionais que sabem e que, por isso mesmo, não têm como elemento principal a busca de seu aperfeiçoamento - são poucos os professores que destinam tempo e recursos para o processo de formação continuada. E em um trabalho que se destina à promoção do desenvolvimento humano, torna-se capital a busca de reformulações de saberes e de diversificadas estratégias e tecnologias que favoreçam o trabalho.
Quanto ao problema da falta de envolvimento das famílias no âmbito das atividades escolares, é preciso que ampliemos a reflexão de o quanto a própria escola contribui - ou contribuiu - para esse caminho. Na maior parte das vezes, há falta de diálogo e de integração. Normalmente, as famílias são chamadas às escolas para resolver problemas de falta de disciplina dos filhos ou para participar de festas ou comemorações cujos roteiros são repetidos à exaustão. Isso pode mudar, quando pensarmos em uma forma de aproximação com as famílias de uma maneira mais positiva e que possibilite integrações mais qualificadas.
A questão das faltas de reconhecimento está mais atrelada aos problemas de comunicação e de postura. De um lado não se tem claros as metas e os objetivos, de caráter pedagógicos, a serem alcançados - cada indivíduo parece fazer o que acha melhor -; o problema revela o quanto os agentes não sabem comunicar-se em relação ao problema. De outro lado, identificamos posturas e atitudes que, nem sempre, parecem vir de profissionais preocupados com o desenvolvimento dos alunos.
No que diz respeito aos problemas das estruturas, nem sempre é possível interferir. Mas o desafio maior é criar um espaço racional de discussão em que esta questão seja constantemente pensada e debatida. O que acontece, em várias ocasiões, é a aceitação das precariedades, quando não a contribuição para que o problema se perpetue.
A ideia da falta de integração entre os próprios colegas torna-se o caminho mais inaceitável. Não se pode atribuir ao espaço de atuação dos professores algo parecido com um campo de batalha, em que se instalem rinhas de combate. Um professor contra o outro, em movimentos de confrontos sem que se pesem os referenciais ideológicos - simplesmente se colocam em campos opostos por questões as mais birrentas possíveis. Os professores, em seu cotidiano de trabalho, devem buscar aparar diferenças sem valor e concentrarem-se no trilhar de caminhos positivos que propiciem um trabalho mais qualitativo. Enquadram-se aqui, naturalmente, as questões das inexistências de diálogos entre os professores e o corpo diretivo. É preciso que se pense na ideia de união e parceria como algo a constituir-se em pontes de desenvolvimento.
Por fim, o desgaste natural por que passam os agentes escolares poderia ser um pouco mais minimizado se as referências racionais de desenvolvimento do trabalho fosse o principal caminho dos planos que se discutem nas escolas.

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