segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Mover-se

Pensei nas folhas caídas das árvores... Parece sofrimento, em uma remissão à ideia de morte. As folhas caídas, a árvore despida, sem flores, sem cores, a vida que se foi. Mas, como na história do Buscaglia (*), as folhas caídas são o alimento para que a árvore renasça nas outras primaveras.
E penso que há muita relação entre a visão das folhas caídas - e esse viés reflexivo - com os nossos caminhos de desenvolvimento pessoal. Sobretudo, a partir do conceito de mover-se a algum lugar.
Não se pode conceber a referência da estagnação quando se encaminham os pressupostos para os trilhos da evolução pessoal. No movimento é que se encontram todas as perspectivas e possibilidades de transformação. A grande questão é que está, também, no movimento todos os riscos e ousadias do mundo. Daí, a ideia de medo quando se pensa em mover-se em direção a algo. O movimento, de alguma forma, revela muito do inesperado. Daí, também, que parece estar contida, na ideia de movimento, a referência do perigo... E, assim, para alguns pensamentos, mover-se parece atrelar-se a um rumo desconhecido, em que pairam todos os temores do mundo. Na mesma história do Buscaglia, a folha tinha medo de morrer... E é amparada, por uma máxima filosófica: "Todos temos medo do que não conhecemos...". Mas é preciso enfrentar o desconhecido, nesta aventura que se chama "conhecimento".
O conhecimento é um dos resultados do mover-se para algo. Faz-se necessário preparar-se para o tal do inesperado, do desconhecido. E é aí que se revela importante o quanto de energia se transferiu para a busca do conhecimento. Repita-se: esse movimento, esse gasto de energia traz à tona todo o cansaço possível. Às vezes, quando faz parecer que não suportaremos, a vontade é a de encostar-se a um canto, em um estado de quase morte, como quem não consegue dar mais um passo. Nessa hora, pense, também, nas folhas caídas das árvores: não é um fim; é um revelar-se de outro caminho, sabe-se lá com que configuração, que se demonstra necessário para a retomada da vida.
É assim que é o movimento: a busca de uma configuração que transforma a vida! E aí, damos mais um passo... alargamos mais o horizonte, na busca de outras contemplações... enxergamos outras possibilidades... estabelecemos novos aprendizados... vislumbramos rotas não previstas... e damos outros passos. Quando percebemos, a quase morte transfigurou-se em uma nova vida. Afinal de contas, a ideia de morte, de fim, está mais associada à estagnação do que ao movimento.

(*) A história de uma folha, Leo Buscaglia.

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