Sempre gostei da prosaica metáfora de evolução contida no ato de atravessar a rua. De saída, tem o óbvio significado de atravessar um espaço físico, que lhe apresenta eventuais obstáculos, e cujo significado concreto é o de chegar, são e salvo, ao outro lado. Há um sentido de direção aí. E também um senso de sobrevivência - chegar são e salvo. E, normalmente, fazemos uso de expedientes personalizados para garantir a travessia: correr, ser mais prudente, negociar com os carros, escolher o melhor lugar para atravessar e por aí vai.
A ideia de travessia guarda vários simbolismos. Um deles atrai-me mais a reflexão por aqui: o fato de que o lugar em que estou não me reserva desafios ou conquistas; ao buscar atravessar os caminhos para chegar ao outro lado, a perspectiva é de mudanças. Vou buscar do outro lado novas expectativas. Há uma energia de esperança contida aí, e é com base nessa energia que nos movemos. Aliás, há no propósito de uma travessia o elemento concreto, também, do movimento. É preciso movimentar-se para chegar do outro lado.
Fiquei pensando nesses torvelinhos quando me vi paralisado, talvez, pelos medos e angústias que nos acometem pelas trilhas. O problema é que ficar paralisado não pressupõe desenvolvimento. O jeito é atravessar essa rua!
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