Em uma dessas rápidas olhadas pelos canais de televisão, uns dias atrás, chamou-me a atenção uma breve entrevista com o fotógrafo americano Edward Keating, vencedor do Prêmio Pulitzer, em 2002. A uma pergunta do entrevistador sobre as facilidades das câmeras digitais, principalmente as dos aparelhos de telefones celulares, Edward Keating deu uma resposta interessante: "O problema das câmeras nos aparelhos celulares é que todo mundo começa a tirar fotos antes de olhar para o objeto a ser fotografado...".
A máxima é pertinente: primeiro, o fotógrafo aprende a olhar; a olhar e a observar todas as variáveis que compõem a cena que ele quer registrar - incluem-se aí cores, equilíbrios de formas, luzes, paisagens, pessoas, possibilidades etc. Esse exercício da observação é o pressuposto do fotógrafo, que desenvolve, com o tempo, a habilidade de enxergar o que nós não vemos. É desse desenvolvimento que saem as belíssimas fotos que podemos apreciar por aí.
Primeiro, devemos olhar bem. Olhar o entorno, captar suas nuances, perceber as sintonias, apreciar as luzes e formas. Dessa apreensão, devemos fazer - e bem - o exercício de entender as imagens que nos chegam aos olhos - em justa medida, este é o exercício da contemplação... E só depois - e bem quando estivermos familiarizados com as percepções da imagem - é que podemos pensar em fotografá-la.
A queixa do fotógrafo é a base de uma reflexão sobre os processos de desenvolvimento pessoal: não há atalhos. É preciso apreender - e bem - as referências do nosso entorno de evolução (variáveis culturais, sociais, profissionais etc), para que delas possamos tirar o melhor registro.
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