Nos aspectos culturais, via de regra, o trabalho assume um conceito de sacrifícios pesarosos. Para ajudar, a etimologia da palavra "trabalhar" remete ao significado de torturar. Derivado do latim vulgar tripalium (instrumento de tortura, composto de três paus), o ato de trabalhar passou da ideia inicial de "sofrer" para o conceito de "esforçar-se", "lutar". Isso, etimologicamente. No inconsciente das formações da cultura, ficou mesmo a ideia de sofrimento associada ao ato de trabalhar, em um plano geral.
Quando pensamos em desenvolvimento pessoal e nos estágios de evolução pessoal, a ideia de trabalho permeia todas as instâncias a serem cumpridas no processo. Só pode ser por intermédio do trabalho que alcançaremos as fases de crescimento. É através do trabalho, em suas diversas variáveis (intelectual ou físico), que o ser humano evolui.
Ao refletirmos sobre a dimensão cultural que enxerga o trabalho como sofrimento, então, deparamo-nos com a incongruência àquela premissa. O ato de trabalhar precisa ser compreendido como algo de formação, de crescimento.
É claro que, para alcançarmos essa ideia, precisamos aprender a valorizar o trabalho - como conceito e como referência de desenvolvimento. Quando conseguimos enxergar no ato de trabalhar as variáveis de evolução e de paixão ao que fazemos podemos avançar nesse sentido. Alguns profissionais conseguem isso de forma natural; outros, não. Em algumas referências profissionais, iremos encontrar não só os desânimos óbvios do contexto em que se insere (uma empresa não muito boa, chefes incompetentes, falta de sentido nos processos operacionais etc), como também a questão de que nem todas as pessoas trabalham naquilo que gostam.
Por necessidade ou por falta de oportunidades, alguns profissionais dedicam grande parte de suas vidas ao desenvolvimento de um trabalho sem que se verifiquem, além do significado, quaisquer envolvimentos emocionais. A principal consequência é o desgaste emocional de quem fica contando as horas que faltam para o fim do expediente.
A mudança é a busca de uma reflexão mais apurada ao posicionamento de uma carreira profissional. Há de se pensar bem em qual direcionamento caminharão os esforços profissionais. Não devemos imaginar que a questão resume-se a apenas termos a sorte de encontrarmos uma empresa justa nas recompensas das competências e metacompetências. O nosso movimento é o mais importante - devemos nos formar, satisfatoriamente, nos principais parâmetros: emocionais, intelectuais, das competências e habilidades, Quando conseguimos entender que a nossa formação tem um alcance incomensurável nos processos que ditam a evolução, havemos de perceber melhor o nosso papel nos caminhos que se nos descortinam.
Encontrar o melhor trabalho e dedicar paixão e significado a ele são rumos que, conscientemente, direcionamos ao nosso desenvolvimento pessoal. Nesse sentido, colher os melhores frutos desse movimento (alegria, prestígio e recompensas) não é uma questão de sorte.
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