quinta-feira, 27 de abril de 2017

Anotações - Autorias de pensamento e o problema das notícias falsas

A partir do momento em que sabemos pensar e que temos a habilidade de elaborar textos (escritos ou não) para expressar esses pensamentos, é possível refletir sobre a ideia de autorias de pensamento. Quando nos expressamos - seja por qual via for -, estamos sendo autores da dita expressão. Quanto mais interações formos capazes de fazer em relação às leituras que subsidiam os nossos pensamentos, tanto mais prestigiosos os nossos textos (falados, escritos etc) serão.
Nos caminhos de modernidade em que vivemos, os alcances dos meios digitais subverteram um pouco esse pressuposto do prestígio em elaborações de textos proporcional às capacidades das interações de leituras reflexivas; hoje, muita gente se aventura nas produções de textos, hajam vista as diversidades de vídeos e de textos que proliferam os portais multidimensionais, propondo-se um caminho positivo de aprendizagem para essa ou aquela questão.
Penso que foi nessa esteira que vieram os textos que disseminam as notícias falsas. Dada as facilidades de acolhimento e de transmissão das elaborações textuais que nos permite o meio digital, ficou simples propagar os ditos conhecimentos. De quebra, essa realidade produziu uma outra: leitores que não se dão ao trabalho de questionar aquelas autorias de pensamento. O escritor Cristovão Tezza, em sua coluna de estreia no jornal Folha de S.Paulo, do último domingo, disse isso assim: "... Num estalo, milhões de pessoas que jamais leram ou escreveram nada estavam lendo ou escrevendo alguma coisa em milhões de telinhas e teclados. Um potencial civilizatório gigantesco, (...). Mas, em pouco tempo, comecei a perceber que havia alguma coisa errada na minha equação mecânica: aparentemente, todos leem o tempo todo, mas nada além de manchetes, pedaços de frases e caixas de comentários. (...)". (Literatura, internet e silêncio - Folha de S. Paulo, 23/04/2017, Pág. C6). Ou seja, uma superficialidade que grita!
A ideia de autorias de pensamento pede que sejamos mais conscientes e reflexivos nas elaborações dos nossos textos para que os nossos leitores exercitem-se em um meio de informações mais positivas.


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