segunda-feira, 17 de abril de 2017

Degradação política - O papel da Educação

Diante das recentes notícias políticas que assolaram os noticiários, com ênfase nos descalabros das corrupções e ilegalidades várias, envolvendo uma diversidade de nomes dos variados escalões, a certeza é a de que vivemos em um sistema de degradação política como nunca se viu. Claro que a transparência das informações virou nossa maior arma de conhecimento, mas, em princípio, gera um sentimento de raiva e tristeza incontidas. Dependemos dos sistemas políticos, precisamos acreditar nas instituições - incluídas aí os políticos que elegemos - e vemo-nos em um cenário de total incredulidade. E agora, o que fazer? Não podemos, simplesmente, afundar-nos nessa incredulidade toda. Mas precisamos ser racionais, em um momento como esse.
É preciso que entendamos, primeiro, que a questão não é de fácil resolução. O problema é muito crônico e reflete uma variável sistemática. O princípio da corrupção - como a que estamos assistindo, cotidianamente - fundamenta-se em elementos muito sérios: a impunidade, o enriquecimento, os privilégios. Todos os acusados, cujas notícias nos apresentam, trazem, em si, esses elementos. Como a riqueza está latente, e a oferta é tentadora, em um espaço de consciência falha, cresce a situação em que se corrompem os valores morais. Findo esse aspecto, só a questão da punição é que salvaria o cenário; mas não, os agentes nesse tópico são banhados, exatamente, pelo sentimento de impunidade. O que alimenta a ganância e a desonestidade. Está feito o círculo que conclui o problema maior.
Minha crença de solução está em um aspecto que até poderia soar ingênuo, mas não é. Está na Educação o fundamento da salvação desse descalabro.
Os agentes pedagógicos precisam incluir em seus quadros curriculares um pouco de exercício de consciência política para a juventude que está por aí. E é importante, muito importante, que esse exercício de consciência política não esteja atrelado aos simplismos de agremiações partidárias. A consciência, como exercício de evolução pessoal, precisa da substância dos processos de reflexão racional. E, nesse sentido, o princípio fundamental da Educação, o de proporcionar transformações nas pessoas e nas sociedades, é o que deve balizar todas as ações e programações. Precisamos de uma transformação muito séria. Transformação dos sistemas, das atitudes, das consciências. E a formação reflexiva e racional dos jovens pode ser o pressuposto destas transformações.
Para tanto, há de haver uma nova mentalidade dos processos de formação, já que as ações pedagógicas devem estar fundamentadas de uma visão muito elaborada nesse sentido. Se os professores não entenderem essa necessidade, muito pouco poderá ser feito. Assim, a visão do professor precisa ser redimensionada para um outro espaço crítico-reflexivo: não importa em nada a concepção político-partidária, o que deve valer é a leitura da necessidade de uma transformação plena.
E é preciso que se some a essa ideia uma outra referência de suma importância: não vai haver espaço para mágicas quaisquer. O que quer que façamos, nesse sentido, vai exigir muito trabalho e é muito possível que o resultado dessas transformações não vai alcançar nossas gerações. Estaremos trabalhando para a transformação de um mundo que deve representar algo positivo para as gerações que virão.
Apesar disso, não podemos ficar parados ante a tantos absurdos que nos chegam pelas notícias.


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