Já reparou que há um movimento humano de acompanhar tudo por um monitor? Se vamos passear, assistir a um show ou acompanhar as crianças nas brincadeiras, a principal preocupação é ligar a câmera dos aparelhos celulares para registrar tudo. Deixamos de acompanhar os momentos reais e dinâmicos da vida para deter-nos no que aparece pelas telinhas.
É um verdadeiro fenômeno sócio-tecnológico. O que quer que estejamos fazendo, se surgir um acontecimento qualquer, lá estamos nós gravando e registrando tudo com os nossos aparatos tecnológicos. E sentimo-nos bem, e até importantes!
O que mal sabemos é o efeito colateral desse movimento. Tornamo-nos reduzidos ao que o monitor dos nossos aparelhos nos demonstra. E ficamos à mercê do ato de recuperar esses registros para termos a percepção da vida que encerramos naqueles vídeos ou fotografias. Percepção pequena, diga-se de passagem, porque o interesse em recuperar os registros é inversamente proporcional ao prazer de registrar. Registramos demais, recuperamos muito pouco do que está registrado.
E, assim, vamos perdendo a vida, deixando de aproveitar as sutilezas dos acontecimentos, inclusive a vivência dos frios vídeos e fotografias, até porque aqueles registros todos serão em grande parte esquecidos.
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