O exercício da contemplação é necessário, sobretudo, para as pessoas que desejam colocar criatividade em suas realizações. Em uma definição rasa, a ideia de criatividade está em como nos colocamos diante da observação das coisas - se as observamos em sua correspondência concreta e superficial, pouco absorvemos do que vemos; se conseguimos abstrair e enxergar além do que se aparenta, aí o resultado é uma leitura mais rica e proveitosa.
Pensei no Quintana e em seu poema O milagre... Aquele que ele diz da graça gratuita das nuvens. Há uma graça nas nuvens, que nos permitem enxergar, como no olhar da criança, as mais variadas formas e figuras.
O exercício da contemplação exige de nós um certo desprendimento na observação do que o nosso olhar alcança. E essa observação precisa de uma necessária calma. Vai ser nessa calma que a graça gratuita das coisas acontece.
Outro dia, pesquei uma conversa de uma artista dizendo de seu método de criação, que a ensinou a ver padrões pessoais nas imagens que a vida lhe trazia. E podia ser qualquer coisa: um anúncio que chegava através da janela; a geometria dos prédios, a estampagem das roupas das pessoas ou mesmo as nuvens do Quintana. Desses padrões nas observações, nascia sua arte. Achei fantástico! Fantástico, mas difícil de realizar, já que vivemos tempo de pressa... quase não conseguimos enxergar as coisas, quanto mais o que elas escondem.
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