segunda-feira, 15 de maio de 2017

Formação, informação e conhecimento

O processo de desenvolvimento profissional dos educadores, de uma maneira geral, é o caminho que se exige mais cuidado, na minha opinião, em relação ao de outros trabalhadores. Vou apoiar meu pensamento em uma máxima que já ficou clichê, mas não vejo outra ideia mais forte: é o educador que trabalha com o desenvolvimento humano e contribui, significativamente, para a formação das pessoas. Está nas mãos dos educadores a variável de lapidação, semelhante à do ourives, que incentiva a constituição de uma joia preciosa.
Nessa questão, essas três palavrinhas aí do título servem-me de explanação de conceitos a serem refletidos, cotidianamente, por esses profissionais. Formação, informação e conhecimento.
A ideia de formação fornece, ao menos, dois caminhos de análises: o da formação profissional e técnica, e o da formação vivencial. O primeiro é de compreensão acadêmica, no plano de sistemas e operações que nos subsidiam de ferramentas e conceitos técnicos. E é muito importante: é aqui que aprendemos sobre os teóricos que já se debruçaram sobre ideias e modelos que, certamente, vão nos ajudar na constituição do nosso estilo de trabalho.
É o estudo da Teoria que nos aproxima das vertentes de elaboração prática das operações do trabalho, oferecendo-nos reflexões apuradas sobre os modos de fazer determinadas tarefas. É preciso, apenas, que tenhamos desenvolvido um senso crítico quando se estudam as teorias: às vezes, elas também servem para dizer-nos como não fazer determinadas tarefas.
De uma maneira geral, e por tratar-se de uma variável sistemática, esse caminho de formação, em nosso país, é dado pelas instituições universitárias.
O outro caminho de análise, o da formação vivencial, não guarda reflexões com os processos teóricos. Aqui, o que conta é como as experiências vividas - em seus aspectos significativos - formou-nos como pessoas e como essa formação contribui (ou não) para o desenvolvimento profissional. A formação de sua personalidade interfere, e muito, no seu desenvolvimento profissional. É preciso, por assim dizer, ficar atento a essa questão.
Há várias leituras a serem feitas, mas algumas devem ser constantes. No caso do trabalho com a Educação, por exemplo, é preciso que o profissional seja alguém curioso, com espírito crítico e predestinado aos estudos constantes (já que essas características precisam ser refletidas nos alunos). Assim, cada educador, além de sua formação técnica, precisa rever esse corolário: gosta de estudar? É curioso? Sabe desenvolver o espírito crítico e racional frente às turbulências dos aspectos da sociedade? Essas e outras questões vão contribuir para os pressupostos do desenvolvimento profissional.
Também é preciso que se dê um pouco de atenção às referências de desenvolvimento emocional. O educador, seja em que instância estiver trabalhando, vai defrontar-se com situações de tensões cotidianas. E é preciso que se saiba caminhar, de uma forma estável, por essas situações.
Ainda, sobre o aspecto vivencial, há um ponto importante, ainda que óbvio: o trabalho do educador é, o tempo todo, com o ser humano. É preciso, assim, que os aspectos de humanidade (alteridade, sensibilidade e por aí vai...) estejam o tempo todo na constituição profissional, para que as programações tenham êxito.
As questões de informação e conhecimento combinam-se sempre. O profissional de Educação precisa ser alguém que busque essa combinação o tempo todo. O processo de informação está atrelado à ideia de que as aprendizagens renovam-se a todo o instante; é preciso buscar, o tempo todo, informações sobre todos os objetos do trabalho (sistemas escolares, desenvolvimento mental, sociedade, metodologias disponíveis etc). A partir dessa busca, entra em jogo o caráter científico da questão: é necessário transformação essas informações em conhecimento. O educador deve saber filtrar todas as informações disponíveis que lhe chegarem para, em uma via de formação, transformá-las em referências de conhecimento.
Sei que tudo aí acima assemelha-se com a variável trabalhosa e desgastante... E é! Mas não é por esse caminho que se deve pensar essa exposição. O desenvolvimento profissional do educador é o caminho através do qual se vislumbram todas as mudanças necessárias à evolução das sociedades.

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