segunda-feira, 5 de março de 2018

Educar para o presente

Uma máxima constante nos espaços de Educação é a proposição de que devemos preparar os alunos para o futuro. E aí, termos como "vestibular", "faculdade" e "carreira" são incorporados nos rumos dos caminhos, como se pudéssemos antever os tempos que estão por vir. Nessas trilhas, os alunos saem das escolas e vão para casa carregados de incertezas, de confusões e de falta de percepção.
Sim, quando estamos impregnados da pretensa vidência de antever o futuro, deixamos de perceber o presente que está ao nosso redor.
E é tão somente nessa habilidade da percepção do aqui e agora que se desenvolvem todas as oportunidades. Mas estamos distantes, no ali e no longe.
Pois os propósitos reais da Educação deveriam se consolidar no tempo presente. É preciso que tenhamos uma análise e leitura da vida presente, do aluno presente, da família presente, da sociedade presente. E é só assim que podemos vislumbrar, com entusiasmo, o que pode estar a vir.
A Escola deveria estar preparada, em todas a suas instâncias, para saber enxergar essa variável - só trabalhando, e bem, o presente é que podemos pensar em um futuro melhor.
Pense, antes de qualquer coisa, que um dos objetivos primordiais da Educação é promover o desenvolvimento do ser humano. E esse desenvolvimento virá com instâncias de transformações, de modificações.
Sim, vai ser altamente necessário promover algum tipo de modificação. Mas estas modificações precisam estar avalizadas nas ocorrências que se enxergam no presente. Sem fórmulas prontas, sem padronizações, sem pasteurizações.
E viver o tempo presente parece-nos uma grande dificuldade. Já começa que somos constantemente bombardeados pela criada circunstância de que somos seres a construírem um futuro, em um movimento que se desconecta das situações presentes. Precisamos chegar em algum lugar; precisamos alcançar alguma coisa; precisamos conquistar algo; precisamos ser alguém... E nem percebemos que já somos, que já estamos em algum lugar, que já alcançamos alguma coisa.
Se pudéssemos estar preparados para essa capacidade de leituras, talvez a construção dos caminhos pudesse ter outro sentido, outro significado. Como eu estou sendo alguém? Como está o meu lugar, o lugar em que estou? O que significa tudo isso que estou alcançando?... Essas e outras perguntas que trazem significado ao momento presente poderiam ser o melhor senso crítico para que a busca do futuro não estivesse desconectada do que vivo no aqui e agora.
Assim, a ideia de futuro não viria de forma alegórica, fantasiada, com marcas de despreparos às minhas crenças e desejos. A ideia de futuro viria como uma extensão do que vivo no presente, a partir das leituras necessárias para as devidas e necessárias transformações.
Um modelo de Educação para o presente, em que o significado dos momentos vividos ganhasse altos contornos, poderia ser uma base altamente consolidada para o tal desenvolvimento a que nos propusemos.
Nesse caso, sim, o futuro seria enxergado com o entusiasmo e a personalização de cada movimento presente.

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