Há uma música do Lenine, composição sua e do Dudu Falcão, Paciência, que nos faz pensar um pouco sobre esse turbilhão de movimentos que nos levam a correr para lá e para cá, em variáveis de pressa que nos faz parecer estar sempre atrasados. Se não conhece a música - ou se quer revê-la -, há um vídeo bom, nesse link.
Na letra, uma oposição entre a ideia de que a vida não para (então, seria bom apressar-se) e a de que essa mesma vida é tão rara (então, é preciso apender a sorvê-la com sabedoria) deixa-nos em uma contradição reflexiva. Devo correr (fingir paciência)? Ou evitar a pressa, levando os movimentos na valsa?
Não à toa, parece-me, os compositores buscaram, na letra, rimar a palavra "calma" com a palavra "alma". Na essência da vida, é preciso manifestar-se sem pressa.
O que é verdade é que perdemos a consciência do tempo - sempre estamos dizendo que tudo passou tão rápido. Como a passagem do tempo é a mesma de sempre (um minuto tem sessenta segundos, como desde que se convencionou a marcação do tempo, segundo os referenciais da física), o que nos faz perceber o tempo como mais rápido ou mais lento é a nossa consciência, a nossa percepção da passagem dos instantes. Nos dias atuais, parece-nos que tudo está correndo. E nessa correria, também somos levados a deixar de perceber a raridade da vida.
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