segunda-feira, 14 de março de 2016

Currículo

Mais cedo ou mais tarde, a Educação precisa amadurecer as reflexões sobre as questões das grades curriculares dos espaços pedagógicos. Elaboradas ainda a partir de modelos arcaicos, as grades contemplam estudos e divisões bastante discutíveis. É cada vez mais notório o desinteresse por parte da maioria dos professores e alunos na atribuição de significados a esse modelo de aprendizagem... Vale destacar que o sistema educacional brasileiro, já há algum tempo, vem tocando as discussões sobre a Base Nacional Comum, que pretende uma elaboração de pensamentos mais apurados sobre a questão curricular nos sistemas de ensino.
Pensei em expor algumas ideias que tangenciam as discussões sobre a Base Nacional Comum, mais desenvolvidas a partir de um senso comum, descuidando-se (ainda que o respeite) dos aspectos acadêmicos e formais.
Neste caminho, penso que os referentes curriculares deveriam contemplar as variáveis de encaminhamento significativo ao que se pretenda ensinar e aprender. Deveriam os espaços escolares e seus agentes estarem comprometidos mais com a dinâmica da vida do que com as repetições de documentos e materiais de ensino, no sentido de alcançar novas motivações. Assim, seria preciso conhecer muito melhor a turma, o entorno, a realidade contextual e, a partir desses pressupostos, criar programações que dialoguem mais com a realidade... O ensino precisaria ser dinâmico e vivo, modificado ao sabor das realidades tangenciais.
Claro que haveria uma linha de controle, que poderia ser definida pelo estabelecimento de uma programação mínima de saberes, fundamentais para o desenvolvimento pessoal. É o caso, na minha opinião, de um estabelecimento comum de áreas, como as de linguagens, aqui compreendidas as de comunicação e de artes; as do raciocínio matemática, que privilegiassem as relações matemáticas no cotidiano dos alunos e dos espaços físicos em que estão inseridos; e as do desenvolvimento científico, que permitissem o surgimento de mentalidades que saibam trabalhar com projetos e com áreas de desenvolvimento, importantes para a sociedade.
Paralela a essa programação mínima de saberes, poderia existir o conceito de variáveis de saberes complementares, que seria responsável pelo suplemento na formação individual. Seria, por exemplo, vinculadas à realidade atual, as áreas de filosofia, política, empreendedorismo e de finanças pessoais.
Vencida esta reflexão programática, caberiam, ainda, duas vertentes de elaboração: a primeira, que é absolutamente essencial que os encaminhamentos das áreas do saber estejam fundamentalmente integrados - entre si, entre os agentes e entre os caminhos da realidade em que se encontram os envolvidos nos espaços escolares; e que as ideias de significação das práticas pedagógicas estejam, a todo o instante, no topo das reflexões das ações e atitudes que vierem das demandas.
Em Educação, normalmente, as discussões repercutem em tomadas de decisões que levam muitos anos para representarem alguma mudança... é um tempo dissonante das mudanças vertiginosas que se verificam nas sociedades. Essa é uma das principais razões que explicam o modelo desestimulador que acometem a maioria dos espaços escolares. A variável do currículo está no centro desse tópico e não se pode mais perder tempo nas reflexões ágeis, que encaminhem novas possibilidades de aproximar os tempos da sociedade e das escolas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário