quinta-feira, 23 de junho de 2016

Anotações - Sobre tristeza e alegria

Há um belo poema do Drummond (Uma hora e mais outra), que nos traz uma reflexão interessante sobre a ideia de tristeza e alegria. No poema, o eu-lírico nos adianta a chegada de uma hora triste, sem dizer claramente qual é essa hora. Lá pelas tantas, depois de explicitar alguns momentos de nossa vida aos quais poderia ser atribuída a pecha de tristeza, o poema nos ensina a reviravolta da alegria: "...pois a hora mais bela surge da mais triste.". Um passo de esperança havia sido anunciado um pouco antes do final do poema: "Amigo, não sabes que existe amanhã?".
Essa, talvez, a marca dos caminhos da nossa vida: enfrentaremos todas as tristezas que puderem chegar, porque sabemos da existência de um amanhã.
Sobretudo, porque podemos construir novos amanhãs. Todos eles oriundos da aprendizagem dos caminhos de tristezas que enfrentamos. Claro que nada disso pode ficar ao sabor do acaso, do despreparo. No mesmo poema, um outro conjunto de versos nos aponta a reflexão: "Venceste o desgosto, / calcaste o indivíduo, / já teu passo avança / em terra diversa.".
Quando entendemos a vida um caminho dinâmico e propenso a novas experimentações, a ideia de tristeza pode ser relegada ao que ela é: um momento... um momento que pode ser vivido com meandros de aprendizagem. Até porque podemos "avançar em terra diversa".
E é quando conseguimos pensar a vida com o dinamismo que ela é, que podemos vislumbrar as modificações necessárias ao nosso entusiasmo, até porque é isso mesmo: "a hora mais bela surge da mais triste.".

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