segunda-feira, 20 de junho de 2016

Da imaterialidade das coisas - Reflexão poética da vida

Em nossa sociedade e em nosso tempo, de uma maneira geral, é quase certo que as pessoas atribuam um valor muito mais significativo às coisas materiais, às posses, ao que se vê ou ao que se pode pegar... Gostaria, na contramão desse senso, de propor aqui uma reflexão sobre a imaterialidade das coisas.
Como atribuir uma dimensão de valor material a um silêncio? Sobretudo, se o silêncio estiver sendo contemplado às margens de um regato ou de uma queda d'água, que cria uma contraposição - o silenciar de tudo, mesclado ao barulho da água... Já sentiu isso?
Já esteve sentado à escadaria de uma igreja de uma cidadezinha, quando o tempo parece suspenso? À frente da escadaria, uma dessas praças - com coreto e tudo - que parece ter sido desenhada, que convida os passantes a circular por sua calçada, em um jogo de sedução quase infantil... já viu isso? Já brincou, na confusão do sol e chuva, de caçar arco-íris pelo céu?... Já inventou seres fantásticos e nomes atrapalhados em brincadeira com as crianças?... Já parou, em sua caminhada séria e responsável, para admirar pequenos detalhes do dia?... 
Que dimensão de valor material atribuir a essas sensações?
Na imaterialidade das coisas o que conta é exatamente isso: as sensações. Já andou por uma estradinha, à noite, sem luz artificial, só o brilho da lua a banhar o caminho? E, para completar, ser agraciado por uma revoada de vagalumes, que cismaram de criar encantamentos de luzes. Já passou por isso? Já experimentou esse encantamento?
Pois é, quando se vivencia significativamente momentos como esse, parece que todas as questões materiais perdem o sentido. E não é só viver de poesia, como alguns críticos podem manifestar-se. Claro que precisamos de referenciais materiais, que nos deem conforto e segurança. Mas não podemos, em hipótese alguma, esquecermos da imaterialidade das coisas. Nossas vivências, certamente, preencheram-nos de sensações e de experiências que alimentaram as referências imateriais do nosso desenvolvimento... a tendência é perdermos isso. Ou, o que é pior, dar a relevância desmedida às conquistas materiais, atribuindo-lhes um valor maior.
Pense sempre, então, na imaterialidade das variáveis que a sua vida lhe atribuiu. É dessas sensações que o seu corpo e o seu espírito vão se alimentar para torná-lo resistente e capaz para as conquistas materiais.



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