terça-feira, 20 de junho de 2017

Anotações - A anestesia aos sentidos

Vou confessar um comportamento meio sádico: eu me divirto um pouco com aquelas pessoas, de fone de ouvido embutido, que não escutam os avisos nas estações de trem, como por exemplo aquele que informa sobre o fato da composição seguinte não prestar serviços e, que portanto, devem as pessoas continuarem esperando na plataforma, sem poderem embarcar. Mas me divirto ainda mais quando acontece com pessoas que não estão com fone de ouvido, desligadas dos sentidos essenciais.
Tem ocorrido esse fenômeno, que bem parece um processo de anestesia aos sentidos. Que se nota muito neste exemplo dos avisos sonoros nas estações de trens (também do metrô), mas que ainda se estende para todos os movimentos de relações sociais a que nos submetemos.
É nesse contexto que as pessoas parecem estar anestesiadas, com os sentidos adormecidos frente aos estímulos do cotidiano. É um sinal sonoro que não se escuta; é o outro que não se enxerga; e por aí vai.
O meu comportamento meio sádico é mais crítico do que de satisfação, preciso ressaltar. Fico impressionado no rumo que demos para a nossa vida, quando sequer nos damos conta desse outro com que nos relacionamos no cotidiano de nossos caminhos.


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