Lamentavelmente, o título desta publicação reflete a ideia de alguns estudantes de uma escola religiosa de elite, por aqui no Brasil, que pensaram em fazer uma festa com este tema. Para explicitar o tema, eles fantasiaram-se de profissões, ao ver deles, consideradas inferiores: garis, porteiros, trabalhadores de redes de lojas de fast-food e assim por diante. A festa aconteceu recentemente e movimentou a internet em um festival de críticas.
Muito lamentável a atitude dos estudantes! Já começa com o pensamento elitista de que algumas profissões consideradas - por eles mesmos! - desprestigiadas refletem a ideia de que aqueles trabalhadores não deram certo na vida. Desconhecem, por exemplo, que muitos daqueles profissionais, vivendo com honestidade e dignidade criaram famílias com valores preciosos.
Lamentável, ainda, a conveniência da Escola em permitir o que aconteceu.
Vale destacar que o ambiente escolar tem por função principal desenvolver uma série de programações que permitam o desenvolvimento do ser humano.
Vivemos tempos em que os verdadeiros valores ficam desvirtuados. A ponto de se criarem perspectivas em que algumas pessoas sintam-se superiores a outras, mensurando essa superioridade por referências absurdas (estrato social, cor da pele, religião, orientação sexual, profissões etc.). Cabe à Educação assumir o debate desse absurdo e transformá-lo em reflexões nos ambientes escolares. É preciso pensar que o desenvolvimento do ser humano passa pelo processo de transformação de alguns hábitos ditos culturais... É preciso, também, que nos incomodemos com notícias desse tipo, para que as transformações culturais virem transformações pedagógicas.
As escolas precisam aceitar a missão de resistência a esses vieses que deturpam a consciência humana. Se jovens elitizados acreditarem que podem desmerecer essa ou aquela variável, simplesmente, por seus indivíduos não pertencerem àquele degrau estabelecido por escalas econômicas, então está tudo errado. O valor do ser humano é estabelecido por outros parâmetros (caráter, honradez, honestidade, alteridade... e por aí vai).
Ainda bem que as reações, negativas ao que ocorreu, foram tantas e possibilitou alguns pensamentos contundentes a propósito da consciência social e da educação. Ao par de nosso comprometimento com a máxima do fazer pedagógico - promover o desenvolvimento humano -, deve estar sempre a nossa consciência de humanidade, que preconiza a valorização que merecemos e somos, simplesmente pela característica de que as nossas diferenças - sejam elas quais forem - devem estar a serviço de uma troca que possibilite as ações colaborativas e coletivas, de valor positivo. E não as visões de marginalidade e de preconceitos.
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