segunda-feira, 24 de julho de 2017

As tecnologias digitais e os desafios do mundo real

Já há algum tempo que as tecnologias digitas imperam em nossas vidas. Movemo-nos por um mundo mais rápido e de encaminhamentos em que a precisão é buscada constantemente. É até um caminho interessante, há de se dizer: as fronteiras (em relação a tudo!) ficaram reduzidas, os contatos puderam ser mais rápidos, a busca de soluções (em relação a tudo!...) ficou mais esperançosa e por aí vai.
Hoje, é quase impossível não nos vermos sem o apoio dos aparelhinhos que nos conectam, o tempo todo, com essas referências digitais. E cada vez mais vamos criando necessidades com as quais sequer poderíamos sonhar.
É a necessidade de possuirmos o melhor aparelho, de estarmos antenados com o melhor sistema de suporte, de sabermos utilizar as ferramentas disponíveis e as que vierem a estar, de sabermos comunicarmo-nos nessas trilhas... e assim por diante.
O principal efeito colateral disso tudo - e vejo aí os principais problemas - é o fato de estarmos distanciando-nos do mundo real.
Vivemos em função do que as tecnologias digitais representam nos caminhos. Sabemos teclar bem ou deslizar os dedos nas telas touchs, mas não sabemos nada de relacionamentos entre os seres humanos, por exemplo.
Vivemos em função de quantos likes nossas publicações renderam no universo das mídias digitais. Aliás, a ideia de vivermos em uma era midiática merece um parêntese. De repente, tudo virou midiático. A referência digital criou esse estilo midiático, em que tudo precisa ser noticiado - sua viagem de férias, aquela reunião de amigos no bar, o carro novo, a comida que foi preparada, as desavenças das relações, o bebê que nasceu, a roupa que comprou... absolutamente tudo! E quando não há o que ser noticiado, inventam-se fatos sem a menor cerimônia, nem desfaçatez. O que não se pode é estar fora da mídia. E o vivente destes tempos já se porta como jornalista, sem necessidade de diploma ou de vínculo a um canal qualquer - reporta-se, de forma livre, o tempo ensolarado, o tempo chuvoso, o assalto na esquina, o metrô cheio, o protesto na avenida, a música na praça e tudo o mais. E todos se sentem importantes, partícipes desta revolução toda. E sem precisar conversar com ninguém...
E há aquelas situações em que o mais importante, para além da relevância de conteúdo, é a quantidade fria de inscrições e/ou de curtidas nas publicações digitais. Tempos malucos esses, em que nem dá para discutir essa questão de sabermos lidar com o conteúdo ser relevante ou não, se é a estatística que determina a importância ou não do que está publicado. E parece haver um código que explicita essa premissa: se determinado conteúdo é acessado por milhares de pessoas, então é um bom conteúdo; se, ao contrário, algumas parcas centenas viram aquilo, ele não é muito bom...
Acontece que para viver no mundo real são necessárias algumas competências que o mundo digital ainda não cuidou de desenvolver. A principal delas é a de reconhecer no outro uma parceria de desenvolvimento... no outro, não em um aparato tecnológico.
Outra dessas competências, e que precisa ser explorada nos espaços pedagógicos, é a questão da construção do conhecimento. As tecnologias digitais são responsáveis preciosas pelos mais variados acessos às mais diversas informações. Cabe a nós, sujeitos do mundo real, saber processar essas informações e transformá-las em conhecimento... E o conhecimento é o bem mais precioso!
É preciso, sobretudo, que não caiamos no simplismo de pensar essas referências como em um campo de conflitos. Não há uma disposição de confronto entre as tecnologias digitais e o mundo real. Um deve viver em simbiose com o outro. É quando sabemos relacionar os aspectos positivos de uma referência com os da outra, que estamos no caminho de um processo saudável de desenvolvimento pessoal.

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