segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Educar para o presente

Há algumas ideias e conceitos que se cristalizam na percepção dos profissionais, a ponto de pouco serem discutidas em relação aos avanços dos métodos e sistemas de trabalho. Em Educação,  há vários tópicos, norteadores das diversas práticas, que precisam ser repensados.
A ideia de que devemos preparar os alunos para o futuro é uma dessas que merece ser revista. O futuro é um espaço de tempo que ainda não está pronto, não se sabe ao certo como vai ser. Qualquer tentativa de antecipar-nos a este tempo, pode redundar em inconsistências que nos frustrem a todos.
A referência de preparar alguém para o futuro é modelo dos mais antigos de entendimento de desenvolvimento pessoal: prevê-se - ou por modismos, por concepções equivocadas, ou por relação parental - o encaminhamento de variáveis técnicas e de formação, para que o sujeito seja preparado para o desempenho dessa ou daquela especialidade. Nem sempre dá certo, já que não considera as habilidades individuais - sejam elas próprias ou adquiridas - para a formação do sujeito.
Outro fator que não se considera é o tempo presente, esse dinamismo intenso de energias e de vivências que acontece no contínuo da existência. Vivemos o presente, estamos no presente, nossas ações precisam acontecer nesse presente. A questão maior é que o presente reserva tantos desafios, que o problema deveria ser esse: educar para o presente.
Claro que a Educação pressupõe um conjunto de ações e de estratégias que preparem o indivíduo para sua formação - intelectual, social, emocional, profissional etc. E que a ideia de "preparar para" relaciona-se com o âmbito futuro, do que vai acontecer.
A questão, então, precisa ter sua leitura organizada. O indivíduo deve passar por um conjunto de ações que demandem uma resposta no tempo presente e que o prepare para um comportamento mais adequado no tempo futuro.
No tempo presente, estão as angústias, os desafios, as tomadas de decisões, as resoluções de conflitos, as conquistas e o que mais lhe exigir um compromisso de atitudes e ações, em um correr dinâmico de acontecimentos. A educação para o presente será o conceito que perfaz o indivíduo nesse comportamento, que lhe pede soluções e encaminhamentos que o conectem com seu tempo de amadurecimento e de preparo. Só neste tempo presente, ele está em integralidade com o ambiente e com seus aspectos de formação; só neste tempo presente é que pode existir o que se conhece e o que se vive.
Quando o sujeito entende a necessidade de seu preparo para este tempo presente, sua entrega de energia para as demandas que surgirem terá sido em consonância a suas etapas de desenvolvimento - nada é desperdiçado, nada faltará.
Assim, quando os futuros chegarem (sim, futuros, no plural), sejam eles quais forem, aquele sujeito estará preparado para a consciência do que deve fazer e do que deve representar.

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