segunda-feira, 9 de março de 2015

Demanda Pedagógica

A ideia de “Demanda Pedagógica” é um conceito interessante: tudo aquilo que desencadear a necessidade de uma ação nos espaços educacionais, seja ela diferenciada ou não, seja ela imediata ou não, representará uma demanda pedagógica. O movimento de busca de encaminhamentos para as mais diversas situações representa o tal conceito dessa demanda. Quer dizer, sua atitude cria uma referência de ações para entender as situações que enfrenta. A partir do movimento causado por essa demanda, estudam-se alternativas e/ou soluções para que haja o enfrentamento de um problema.
A remissão a uma ideia grandiosa de busca aproxima-se aqui com o conceito de “demanda pedagógica”. Decerto, você deve defrontar-se, em seu trabalho, com determinados sinais que deverão desencadear uma espécie de aventura épica à busca de respostas ou elementos que visem oferecer instrumentos de fortalecimento ao seu trabalho e de resolução a alguns problemas. A questão é que nem sempre esses sinais são percebidos.
Já escutei muito, nos lugares em que trabalhei: “... eu não ganho para isso”, denotando estranhamento a algum movimento de ação considerada injustificada simplesmente porque, segundo um critério considerado prático, não traria nenhum dividendo real a quem o realizasse. Quer dizer, segundo esse raciocínio, eu preciso ganhar alguma coisa (entenda-se ganho financeiro) para encaminhar uma ação que, além de julgar essencial naquele momento, estaria respaldada na variável profissional do meu trabalho.
Ora, você pode até defender o pensamento de que não se faz Educação com mero idealismo, mas há de concordar, espero, que, na ação educativa, o conceito de emergencial pede que o encaminhamento de soluções alternativas deva ser rápido, em se tratando de estar atrelado ao processo de desenvolvimento do ser humano. A minha ideia de demanda pedagógica está intimamente relacionada com a habilidade do educador de ter uma visão superior ao individualismo do aspecto técnico e burocrático do trabalho, para poder enxergar, na postura e atitudes dos alunos, a necessidade de uma intervenção que venha a propor ações alternativas, com o intento de dimensionar a tal intervenção como fator essencial no desenvolvimento daqueles alunos. Assim, todos ganham com isso.
É bem certo que o nosso sistema de ensino em quase nada contribui para possibilitar ao professor o encaminhamento de ações diferenciadas, mas acredito que o que se faz, nos espaços escolares, possa converter-se em um redimensionamento mais positivo do trabalho pedagógico. Até porque, a bem da verdade, é em nome dessa justificativa que pouco se tem feito pela busca de melhorias no trabalho pedagógico. As acomodações surgem e nos colocam a um bom distanciamento daquilo a que o nosso aluno está tentando nos dizer. Quando perdermos o ranço burocrático e direcionarmos nosso esforço para a tradução do que os alunos e o espaço estão tentando nos dizer – decerto, haverá muita coisa nas entrelinhas -, é que acredito estarmos fazendo Educação.
Partir para o espaço da busca, em que nos vemos desprovidos da segurança e bem estar a que nos remete a “zona de conforto” da comodidade, parece-me o primeiro grande passo para vivermos em constante vigilância daquilo que merecerá uma demanda.
E aí é ser observador... e ser destemido, sobretudo. Lembre-se, apenas, de que o objetivo principal do nosso trabalho é contribuir para a formação do ser humano. Esse que, nas comunicações mais sutis – ou não – do espaço pedagógico pede-nos ajuda para o delineamento do seu desenvolver.

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